Banner Portal
Metamorfose ambulante: a desidentificação carnavalesca de Ney Matogrosso na militadura brasileira
PDF

Palavras-chave

Colonialidade. Ditadura militar brasileira. Filosofia crítica musical. Epistemologia sensível. Ney Matogrosso.

Como Citar

NOGUEIRA, Fernanda. Metamorfose ambulante: a desidentificação carnavalesca de Ney Matogrosso na militadura brasileira. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 18, n. 4, p. 769–788, 2016. DOI: 10.20396/etd.v18i4.8646425. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8646425. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

Este ensaio é um relato crítico sobre a carreira de Ney Matogrosso na década de 1970. Tratamos aqui de ler o repertório estético e político do artista como parte da produção filosófica e crítica brasileira que confronta a ditadura militar e a ordem sexual binária imposta aos corpos, ambas heranças vivas de esferas de controle e dominação implementadas desde a colonização. O texto faz também um chamado a romper com a historiografia tradicional, baseada no acúmulo de informação típico da era do capitalismo cognitivo, em prol de uma epistemologia sensível, que seja capaz de reler repertórios locais populares excluídos do âmbito acadêmico com o intuito de encontrar ali um teoria de gênero situada. A primeira parte desse relato oferece um panorama das motivações que levaram a desenvolver esta pesquisa; logo procura conectar características intervencionistas do trabalho de Ney Matogrosso, a ruptura de expectativas elaborada por ele, e a confrontação de esquemas perceptivos em uma sociedade marcada pela colonialidade e pela ditadura; oferece ainda leituras de época sobre a questão de gênero em seu trabalho e de outros artistas, e termina com trechos de relatos em primeira pessoa de diferentes momentos , onde Ney Matogrosso menciona claramente temas como gênero, sexualidade e sua forma de ativismo artístico, marcado por estratégias camaleônicas, metamórficas, inclassificáveis. As reflexões apresentadas no texto têm como pano de fundo a história da ditadura militar no Brasil, a história dos movimentos homossexuais e feminista, teorias pós-marxistas e pós-estruturais, e políticas existenciais periféricas.
https://doi.org/10.20396/etd.v18i4.8646425
PDF

Referências

ANTICH, Xavier et al. De animales y monstruos. Barcelona: MACBA, 2011.

BAHIA, Sergio Gaia. Ney Matogrosso: ator da canção. Rio de Janeiro: Multifoco, 2009.

BLONDEAU, Olivier; WHITEFORD, Nick Dyer; VERCELLONE, Carlo et al. Capitalismo cognitivo, propiedad intelectual y creación colectiva. Madri, Traficantes de Sueños, 2004. 152 p. Disponível em: http://goo.gl/ryaGFA. Acesso em: 15 ago. 2016.

CHEVRIER, Jean-François. “Poéticas del documento” (entrevista), boletim Agenda. Barcelona: MACBA, 2008. Disponível em: http://goo.gl/KhC26c. Acesso em: 15 ago. 2016.

FEDERICI, Silvia. Revolution at point zero. Housework, reproduction, and feminist struggle. Nova York: PM Press, 2012. 201 f. Disponível em: http://goo.gl/eJI9US. Acesso em: 15 ago. 2016.

FONTELES, Bené. Ney Matogrosso: ousar ser. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado: SESC, 2002, p. 39.

GREEN, James N. A luta pela igualdade: desejos, homosexualidade e a esquerda na América Latina. Cadernos AEL - Homossexualidade: Sociedade, Movimento e Lutas, Campinas, SP n. 18-19, 2003, p. 17-39. Disponível em: http://goo.gl/QRsRb2. Acesso em: 15 ago. 2016. ISSN 1413-6597.

GUATTARI, Félix. Plan sobre el planeta. Capitalismo mundial integrado y revoluciones moleculares. Madri: Traficantes de Sueños, 2004. 131 p. Disponível em: http://goo.gl/FxihhD Acesso em: 15 ago. 2016.

MATOGROSSO, Ney. Inclassificáveis. Produzido por João Mário Linhares. Fotos de capa e contracapa: Ary Brant. Projeto Gráfico: Monica Martins. Manaus: EMI, 2008. 1 DVD (1h 51 min.), son., color. Disponível em: http://goo.gl/Dc9ma8. Acesso em: 15 ago. 2016.

MIGNOLO, Walter (Org.). Género y descolonialidad. Buenos Aires: Del Signo, 2008, p. 07-12. Disponível em: http://goo.gl/SPqUUD. Acesso em: 15 ago. 2016.

NOGUEIRA, Fernanda et al. Máscaras. Em: RED CONCEPTUALISMOS DEL SUR. Perder la forma humana. Una imagen sísmica de los años ochenta en América Latin set. a. Madri: MNCARS, 2012, p. 186-188. Disponível em: http://goo.gl/TRmRMj. Acesso em: 15 ago. 2016.

OITICICA, Hélio. “Experimentar o Experimental”. Mimeo, 1972, 6 p. Itaú Cultural - Programa Hélio Oiticica. Disponível em: http://54.232.114.233/extranet/enciclopedia/ho/index.cfm?fuseaction=documentos&cod=362&tipo=2. Acesso em: 15 ago. 2016.

PASCUETO, Cinthia; JUNIA, Raquel; MELO, Tamara et al. “Entrevista sem frescura. Ney Matogrosso abre os armários que nunca abriu em público: política, sexo, amor entre homens, drogas, velhas brigas, tratamento com a mídia – o artista que figura entre os maiores e mais queridos show-men do país não se recusou a falar de nada para nós”, Caros Amigos, São Paulo, SP, ano XII, n. 135. jun. 2008. ISSN 1414-221X.

PRECIADO, Beatriz. Testo Yonki: sexo, drogas y biopolítica en la era farmacopornográfica. Madri: Espasa Calpe, 2008. 328 p. Disponível em: http://goo.gl/4kdeGX. Acesso em: 15 ago. 2016.

RED CONCEPTUALISMOS DEL SUR. Perder a forma humana. Uma imagem sísmica dos anos 80 na América Latina. Tradução de Fernanda Nogueira. Concinnitas, Rio de Janeiro, RJ, v. 02, n. 21, p. 220-232. dez. 2012. Disponível em http://goo.gl/8JE9HL. Acesso em: 15 ago. 2016. ISSN 1981-9897.

ROLNIK, Suely. Geopolítica da Cafetinagem, EIPCP, nov. 2006. Disponível em: http://eipcp.net/transversal/1106/rolnik/pt. Acesso em: 30 jul. 2010.

[S.a.]. Ney Matogrosso: depois do show, beliscões, VEJA, São Paulo, SP, n. 425, 27 out. 1976, p. 109. ISSN 0100-7122.

[S.a.]. Playboy entrevista Ney Matogrosso. Uma conversa franca sobre hétero, homo, bi e trissexualismo com o cantor mais desejado do Brasil pelas pessoas de um sexo ou de outro ou de ambos, Playboy, Rio de Janeiro, n. 70, mai. 1981, p. 27-30. ISSN 0032-1478.

TREVISAN, João Silvério. “VIOLÊNCIA - São Paulo: a guerra santa do Dr. Richetti”, Lampião da Esquina, Rio de Janeiro, ano 3, n. 26, jul. 1980, p. 18.

URICH, Silvia; ECHEPARE, Roberto. Ney Matogrosso: “No quiero política partidaria, quiero política existencial”, El Porteño, Buenos Aires, Argentina, v. 05, n. 51, p. 71-73. mar. 1986.

VAZ, Denise Pires. Ney Matogrosso: um cara meio estranho. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

VINDEL GAMONAL, Jaime. Arte y política: genealogía crítica de las estrategias conceptuales en el arte argentino entre 1965 y 2001. 2010. 555 f. Tese (Doutorado em História da Arte) – Faculdade de Filosofía e Letras, Universidade de León, León, Espanha, 2010. Disponível em: http://goo.gl/SvAe6x. Acesso em: 15 ago. 2016.

ZANATTA, Elaine Marques. Documento e identidade: o Movimento Homossexual no Brasil na década de 80, Cadernos AEL, Campinas, n. 5/6, p. 193-220. 1996-1997. Disponível em: http://goo.gl/r3WZTZ. Acesso em: 15 ago. 2016.

A ETD - Educação Temática Digital utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.