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A estratégia narrativa dos vasos comunicantes e as latências temporais na teoria literária de Mario Vargas Llosa
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Palavras-chave

Mario Vargas Llosa. Paradigma estético. Vasos comunicantes

Como Citar

SANTANA, Jorge Alves. A estratégia narrativa dos vasos comunicantes e as latências temporais na teoria literária de Mario Vargas Llosa. Remate de Males, Campinas, SP, v. 36, n. 1, p. 239–258, 2016. DOI: 10.20396/remate.v36i1.8646460. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8646460. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

Mario Vargas Llosa, escritor peruano e Prêmio Nobel, pertence ao singular e instigante campo literário que alia produção ficcional a teorizações sobre essa produção, em seu dialógico paradigma estético. No entrelugar cultural, produzido, sobretudo, através dos encontros entre as literaturas latino-americanas e as europeias, o escritor ativista reflete sobre e executa agenciamentos literários pertinentes, por exemplo, às disposições temporais que estruturam enunciados literários em conjunto com suas dimensões enunciativas; tanto no polo da emissão, como no das recepções de tais fenômenos culturais. Nesse contexto, observaremos particularmente os usos, e alguns aspectos do corolário de tal uso, da estratégia narrativa dos vasos comunicantes em dois de seus momentos teóricos que são La orgia perpetua (1981) e Cartas a um joven novelista (1997). Exemplificaremos tal procedimento estrutural e intersistêmico com a própria práxis literária deste autor, nas narrativas Conversación en La Catedral (1986), La tia julia y el escribidor (1977) e  El pez en el agua (1993). Ao lado da estratégia narrativa dos vasos comunicantes, uma das bases do paradigma estético de Llosa, pensaremos também no modo em que a temporalidade do presente, perspectivada pela hipótese da “latência”, no sentido dado por Hans Ulrich Gumbrecht (2012; 2010),  é capaz de reconfigurar o clássico tempo cronológico do enunciado literário, lançando o presente da narrativa, com toda sua implicação estético-política,  para futuros possíveis e promissores no campo accional das subjetivações em curso no universo diegético. Apesar do aparente ceticismo político-cultural, emanado da recorrente e alentada postura crítica expressa por tais narrativas ficcionais e pelos construtos teórico-analíticos que lhe embasam, observaremos por fim, que há certo otimismo em relação a uma das funções da literatura, que é a de representar e expressar sentidos, valores e crenças que podem propulsionar razões práticas e transformadoras dos universos existenciais factuais.

https://doi.org/10.20396/remate.v36i1.8646460
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Referências

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