Banner Portal
Entre as “máfias” e a “ajuda”: a construção de conhecimento sobre tráfico de pessoas
Remoto

Palavras-chave

Tráfico de Pessoas. Crime. Direitos Humanos. Gênero. Prostituição

Como Citar

PISCITELLI, Adriana. Entre as “máfias” e a “ajuda”: a construção de conhecimento sobre tráfico de pessoas. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 31, p. 29–63, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8644871. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Neste artigo comento algumas dificuldades relativas à produção do conhecimento sobre tráfico de pessoas. Tomo como referência experiências de pesquisa realizadas no Brasil e na Espanha que mostram a importância de mapear e situar os pressupostos dos diferentes grupos de interesse envolvidos, incluindo as pessoas que se espera proteger e atender. Analiso problemas metodológicos, discutindo os efeitos da vigência de diferentes definições de tráfico de pessoas na produção de dados e documentos. Finalmente, levo em conta a contribuição das distinções entre crime e violação dos direitos humanos para refletir sobre um dos aspectos presentes no material: a distância entre a percepção de pessoas tecnicamente consideradas vítimas de tráfico e definições legais desse crime

Abstract

In this article, I comment on some difficulties related to the building up of knowledge on human trafficking. I base myself on research experience carried out in Brazil and in Spain which shows the importance of mapping and locating the notions of the different interest groups involved, including those people whom it is expected to protect and help. I analyze methodological problems, discussing the effects of the validity of the different definitions of human trafficking in the production of data and documents. In conclusion, I take into consideration the distinctions between crime and the violation of human rights so as to reflect on one of the aspects present in the material: the distance between the perception of those technically considered to be victims of trafficking and the legal definitions of this crime.

Key Words: Human Trafficking, Crime, Human Rights, Gender, Prostitution

Remoto

Referências

ADAMS, Niki (English Collective of Prostitutes). Anti-trafficking legislation: protection or deportation? Feminist Review, 73, 2003, pp.135-139.

AGUSTÍN, Laura María. Sex at the Margins, migration, labour markets and the rescue industry. New York, Zed Books, 2007.

ALMEIDA, Luciana Campello Ribeira de e NEDERSTIGT, Frans. Documento sobre critérios e fatores de identificação de supostas vítimas de tráfico de pessoas. Brasília, Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes, Secretaria Nacional de Justiça, Ministério da Justiça, s/d.

ANDERSON, Bridget & O’CONNEL DAVIDSON, Julia. Trafficking, a demand–led problem? A multy-country pilot study. Part 1 “Review of evidence and debates”, 2004 (http://www.jagori.org/research_dst.htm).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DEFESA DA MULHER, DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE (ASBRAD); SECRETARIA NACIONAL DE JUSTIÇA/MINISTÉRIO DA JUSTIÇA; ESCRITÓRIO DAS NAÇÕES UNIDAS CONTRA DROGAS E CRIME.

Metodologia de recepção e atendimento a mulheres e “trans” possíveis vítimas de tráfico de pessoas no universo de deportadas e inadmitidas recebidas pelo Posto de Atendimento Humanizado aos(às) Migrantes, Brasília, 2008.

AUSSERER, Caroline. Controle em nome da proteção: Análise crítica dos discursos sobre o tráfico internacional de pessoas. Dissertação de mestrado, Instituto de Relações Internacionais, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, junho de 2007.

BARRY, Kathleen. Prostitution of sexuality: a cause for new international human rights. Journal of Loss and Trauma, 2:1, 1997, pp.27-48.

CANTARERO, Joan. Los amos de la prostitución en España. Barcelona, Ediciones BSA, 2007.

CASTILHO, Ela Wiecko de. A legislação penal brasileira sobre tráfico de pessoas e imigração ilegal/irregular frente aos Protocolos Adicionais à convenção de Palermo. Texto apresentado no I Seminário Luso Brasileiro sobre tráfico de pessoas e imigração ilegal, Cascais, 2006.

CHAME - Centro Humanitário de Apoio à Mulher. O que é que a Bahia tem. O outro lado do turismo em Salvador. Salvador, s/e, 1998.

CHAPKIS, Wendy. Live Sex Acts, Women performing erotic labour.

Londres, Cassell, 1997.

COLETIVO MULHER VIDA. Sexo Turismo, o que a gente não faz para realizar um sonho?. Olinda, 1996 (Coordenação: Cecy Prestrello e Sandra Dias).

CORNELL, Drucilla. Introduction. In: Feminism and Pornography. New York, Oxford University Press, 2000, pp.1-19.

CORRÊA, Mariza. Mulher e Família: um debate sobre a literatura recente.

BIB, o que se deve ler em ciências sociais no Brasil, n°s 15/19, São Paulo, Cortez, ANPOCS, 1986-1990, 1984.

CORTES GENERALES - Comisión Mixta de los derechos de la Mujer y de la Igualdad de Oportunidades. Informe de la ponencia sobre la prostitución en nuestro país (154/9) aprobada en sesión de la ponencia del 13 de marzo de 2007.

DEBERT, Guita e GREGORY, Maria Filomena. Violência e Gênero. Novas propostas, velhos dilemas (prelo).

DOEZEMA, Jo. Now you see her, now you don’t: Sex Workers at the UN Trafficking Protocol Negotiation. Social Legal Studies, 14, 2005, pp.61-88.

_________. A crecer! La infantilización de la mujeres em los debates sobre “tráfico de mujeres”. In: OSBORNE, Raquel. (ed.) Trajador@s del sexo. Derechos, migraciones y tráfico en el siglo XXI. Barcelona, Edicions Bellaterra, 2004.

_________. Forced to Choose. Beyond the Voluntary v. Forced Prostitution Dichotomy. In: KEMPADOO, Kamala. Global Sex Workers, Rights, Resistance and Redefinition. New York/London, Routledge, 1998, pp.34-50.

FRIESENDORF, Cornelius. Pathologies of Security Governance: Efforts Against Human Trafficking in Europe. Security Dialogue 38, 2007, pp.379- 402.

GLOBAL ALLIANCE AGAINST TRAFFIC IN WOMEN/GATTW. Collateral Damage. The Impact of Anti-Trafficking Measures on Human Rights Around the World. Bangkok, 2007 (http://www.gaatw.org).

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, SECRETARIA DA JUSTIÇA E DA DEFESA DA CIDADANIA, ESCRITÓRIO DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS. Dossiê - Tráfico de Pessoas: Casos Emblemáticos. Mimeo, s/d.

GRUPO DAVIDA. Prostitutas, “traficadas” e pânicos morais: uma análise da produção de fatos em pesquisas sobre o “tráfico de seres humanos”.

Cadernos Pagu (25) – Mercado do Sexo –, Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/Unicamp, 2005, pp.153-185.

JASMIN. Prostitution is Work. Social Text, n° 37, 1993, pp.33-37.

KEMPADOO, Kamala. From Moral Panic to Global Justice: Changing Perspectives on Trafficking. In: KEMPADOO, K., SANGHERA, Jyoti and PATTANAIK, Bandana. Trafficking and prostitution reconsidered, new perspectives on migration, sex work, and human rights. Boulder, Paradigm, 2005a, pp.vii-sxxiv.

_________. Mudando o debate sobre o tráfico de mulheres. Cadernos Pagu (25) – Mercado do Sexo –, Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/Unicamp, 2005b, pp.55-79.

MCCLINTOCK, Anne. Sex Workers and Sex Work, Introduction. Social Text, 37, 1993, pp.1-10.

MESTRE, Ruth. Las caras de la prostitución en el estado español. In: OSBORNE, Raquel. (ed.) Trabajador@as del sexo. Derechos migraciones y tráfico em el siglo XXI. Barcelona, Ediciones Bellaterra, 2004.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Política Nacional de Enfrentamento ao tráfico de pessoas. Brasília, 2007.

MORAES, Maria Lygia Quartim. Marxismo e Feminismo no Brasil.

Primeira versão, n° 66, 1996.

MUNRO, Vanessa. Of rights and Rhetoric: Discourses of Degradation and Exploitation in the Context of Sex Trafficking. Journal of Law and Society, vol. 35, nº 2, June 2008, pp.240-264.

_________. Stopping Traffic? A comparative Study of Responses to the Trafficking in Women for Prostitution. British Journal of Criminology 46, 2006, pp.318-333.

MURRAY, Alison. Don’t believe the Hype In: KEMPADOO, Kamala e DOEZEMA, Jo. Global Sex Workers, Rights, Resistance and Redefinition. New York, Routledge, 1998, pp.51-65.

NACIONES UNIDAS. Manual para la lucha contra la trata de personas. New York, 2007.

OLIVEIRA, Marina Pereira Pires de. Análise da estratégia de agendamento do tema tráfico de pessoas na política pública brasileira, projeto de doutorado, Brasília, mimeo, 2008.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Uma aliança global contra o trabalho forçado. Relatório Global do Seguimento da Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. Brasília, 2005.

PISCITELLI, Adriana. Sujeição ou subversão? migrantes brasileiras na indústria do sexo na Espanha. Revista História e Perspectivas, nº 35, Universidade Federal de Uberlândia, Agosto-Dezembro de 2006 [2007] (http://www.historiaperspectivas.inhis.ufu.br/).

_________. Corporalidades em confronto: gênero e nacionalidade no marco da indústria transnacional do sexo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 22, n° 64, junho de 2007a , pp.17-33.

_________. Antropologia, direitos humanos e o debate sobre tráfico de pessoas com fins de exploração sexual. Anais da 25ª Reunião da Associação Brasileira de Antropologia, Goiânia, CD, 2006.

POLICIA JUDICIAL, GUARDA CIVIL. Informe criminológico, trata de seres humanos (con fines de explotación sexual). Madrid, 2005.

RAPPORT, Nigel e OVERING, Joanna. Social and cultural anthropology.

The key concepts. Londres, Routledge, 2000.

SANGHERA, Jyoti. Unpacking the Trafficking Discourse. In: Kempadoo, Kamala, Sanghera, J. and Pattanaik, Bandana. Trafficking and prostitution reconsidered, new perspectives on migration, sex work, and human rights. Boulder, Paradigm, 2005, pp.3-25.

SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Revista Estudos Feministas, vol. 12, nº 2, maio/agosto de 2004, p.35-50.

SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES.

Workshop prostituição feminina, consolidado dos principais pontos debatidos. Brasília, mimeo, 2008.

SECRETARIA NACIONAL DE JUSTIÇA. Pesquisas em Tráfico de Pessoas, parte 3. Tráfico internacional de pessoas e tráfico de migrantes entre deportados (as) e não admitidos (as) que regressam ao Brasil via o aeroporto internacional de Guarulhos. Brasília, Secretaria Nacional de Justiça/OIT, 2007, (coord. técnica: Adriana Piscitelli).

_________. Pesquisas em tráfico de pessoas, parte 2. Relatório indícios de tráfico de pessoas no universo de deportadas e não admitidas que regressam ao Brasil via aeroporto de Guarulhos. Brasília, Secretaria Nacional de Justiça, 2006 (coord. técnica: Adriana Piscitelli).

SKACKAUSKAS, Andréia. Sexualidade, migração e relações de trabalho – Uma análise do tráfico de mulheres sob a perspectiva das trabalhadoras sexuais, projeto apresentado ao doutorado em Ciências Sociais, Unicamp, mimeo, 2007 SODIREITOS/GAATW REDLAC. Pesquisa tri-nacional sobre tráfico de mulheres do Brasil e da República Dominacana para o Suriname, uma intervenção em rede, Belém, 2008 (Redação do Relatório Brasil: Lúcia Isabel da Conceição Silva e Marcel Theodoor Hazeau).

TAVARES, Aline Godois de Castro. Relatório sobre o Colóquio Nacional: Os Profissionais do Sexo Contribuindo para o Enfrentamento da Exploração Infanto Juvenil, Goiânia, 13 a 15 de abril de 2005.

WEITZER, Ronald. The Social Construction of Sex Trafficking: Ideology and Institutionalization of a Moral Cruzade. Politics Society, vol. 35, nº 3, 2007, pp.447-475.

Downloads

Não há dados estatísticos.