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cadernos pagu: retrospectiva de 26 anos de produção científica, colaboração e citações

cadernos pagu: A Retrospective of 26 Years of Scientific Production, Collaboration and Citations

Resumo

Esta pesquisa apresenta uma análise retrospectiva do periódico cadernos pagu, caracterizando os artigos publicados entre 1993 e 2019 com base nos indicadores bibliométricos de produção, colaboração e citação. A análise do corpus da pesquisa, composto por 732 artigos e 18.687 referências citadas, permitiu visualizar a fundamentação teórico-metodológica do cadernos pagu, demonstrando, para além da análise de revista, o processo de construção da ciência. Os autores mais produtivos são filiados a universidades públicas nacionais. Identificou-se desigualdade das publicações em relação às regiões do país. Identificou-se predominância de autoria única com um singelo aumento de colaboração ao longo dos anos. A colaboração entre autores se caracteriza por vários pequenos grupos de autores diferentes. Os periódicos mais citados são majoritariamente nacionais, publicados por universidades federais públicas e associações científicas e fundações. Entre os periódicos mais citados, predominam os que publicam sobre feminismo e estudos de gênero. Conclui-se que as publicações da cadernos pagu estão de acordo com outras pesquisas de estudos de gênero, acompanham o desenvolvimento do feminismo e estudos de gênero no país e seguem as tendências de publicação das Ciências Sociais e Humanas.

Produção científica; Estudos de gênero; cadernos pagu

Abstract

This research presents a retrospective analysis of the journal cadernos pagu and characterizes the papers published in the journal between 1993 and 2019 based on bibliometric indicators of production, collaboration, and citation. The analysis of the research corpus, composed of 732 articles and 18,687 cited references, allowed us to visualize the theoretical-methodological foundation of cadernos pagu, demonstrating, in addition to the analysis of the journal, the process of constructing science. The most productive authors are from Brazilian public universities. An inequality of publications among different regions of the country was identified. There was a predominance of single authorship, with a small increase in collaborative texts over the years. The collaboration found among authors is characterized by several small groups of different authors. The most cited journals are mostly Brazilian and published by public federal universities and scientific associations and foundations. Among the most cited journals, there is a predominance of those that publish about feminism and gender studies. We conclude that the publications in cadernos pagu are in line with other research on gender studies, accompany the development of feminism and gender studies in Brazil, and follow the publication trends in the social sciences and humanities.

Scientific production; Gender studies; cadernos pagu

Introdução

O desenvolvimento científico e tecnológico tem impacto social em diversas áreas. Nas Ciências Sociais e Humanas, por exemplo, as pesquisas auxiliam na compreensão de como comportamentos sociais e culturais impactam o desenvolvimento histórico, cultural e social da humanidade. Há, ainda, o impacto financeiro da ciência, uma vez que, sejam realizadas de forma pública ou privada, as pesquisas precisam de insumos para se desenrolar e os pesquisadores precisam dar um retorno do que foi desenvolvido a partir do investimento recebido.

A publicação dos resultados de pesquisas é um dos retornos esperados, considerando que, para ser considerado conhecimento científico, a pesquisa deve ser pública (Ziman, 1979ZIMAN, John. Conhecimento público. Belo Horizonte, Itatiaia, 1979.). Os pesquisadores se fundamentam em estudos prévios, os citam e, ao divulgar os resultados de suas pesquisas, sustentam o fluxo da comunicação científica. Assim, as produções científicas publicadas apresentam vínculos entre os trabalhos em desenvolvimento e os trabalhos anteriores, podendo relacionar-se entre si de forma direta ou indireta, reconhecida e consciente ou não, e em acordo ou desacordo (Grácio, 2020GRÁCIO, Maria Cláudia Cabrini. Análises relacionais de citação para a identificação de domínios científicos: uma aplicação no campo dos Estudos Métricos da Informação no Brasil. Marília, Oficina Universitária; São Paulo, Cultura Acadêmica, 2020.; Rostaing, 1996ROSTAING, Hervé. La bibliométrie et ses techniques. Tolouse, Sciences de la Société, 1996.). Dessa forma, os estudos de produção científica permitem o mapeamento e a análise do desenvolvimento da ciência (Macias-Chapula, 1998MACIAS-CHAPULA, Cesar A. O papel da infometria e da cientometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da Informação, v. 27, n. 2, Brasília, 1998, pp.134-140.).

A cientometria e a bibliometria são técnicas de análise da ciência que, por meio de recursos estatísticos empregados sobre dados quantitativos, buscam identificar e interpretar as informações contidas nas publicações científicas (Santos, 2003SANTOS, Raimundo Nonato Macedo dos. Indicadores estratégicos em ciência e tecnologia: refletindo a sua prática como dispositivo de inclusão/exclusão. Transinformação, v. 15, n. esp., Campinas, set./dez. 2003, pp.129-140.). Assim, ao analisar os produtos gerados pelos cientistas, publicados como resultados de pesquisa é possível investigar características, evoluções e tendências da própria ciência (Leta, 2011LETA, Jacqueline. Indicadores de desempenho, ciência brasileira e a cobertura de bases informacionais. Revista USP, São Paulo, n. 89, mar./maio 2011, pp.62-77.). Os dados analisados podem indicar, quando em conjunto com indicadores de contexto, direções para políticas de desenvolvimento científico (Mueller, 2008MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Métricas para a ciência e tecnologia e o financiamento da pesquisa: algumas reflexões. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 13, n. 1, Florianópolis, 2008, pp.24-35.).

Os indicadores de produção ou atividade científica analisam o número e a distribuição de publicações, que podem ser livros, artigos, patentes, entre outros, de autoria de um grupo específico, como, por exemplo, país ou instituição (Glänzel, 2003GLÄNZEL, Wolfgang. Bibliometrics as a research field: a course on theory and apllication of bibliometrics indicators. [S. l.], [s. n.], 2003.; Maricato, 2011MARICATO, João de Melo. Procedimentos metodológicos em estudos bibliométricos e cientométricos: opções e reflexões no contexto dos processos de recuperação e organização da informação. In: COSTA, R. L. M. Estudos contemporâneos em comunicação e artes: melhores teses e dissertações da ECA/USP 2010. São Paulo, USP, 2011, s./p.; Sancho, 1990SANCHO, Rosa. Indicadores bibliometricos utilizados en la evaluación de la Ciência y la Tecnologia: revision bibliográfica. Revista Española de Documentación Científica, v. 13, n. 13-14, Madrid, 1990, pp.842-865.). Esses indicadores também podem ser aplicados a autores, levando em conta o número de publicações de um pesquisador (Sancho, 1990SANCHO, Rosa. Indicadores bibliometricos utilizados en la evaluación de la Ciência y la Tecnologia: revision bibliográfica. Revista Española de Documentación Científica, v. 13, n. 13-14, Madrid, 1990, pp.842-865.).

Os indicadores de colaboração analisam a coautoria em publicações para determinar o nível de cooperação científica entre indivíduos ou grupos específicos. Por meio dos indicadores de colaboração, pode-se perceber as redes de pesquisadores, grupos de pesquisas, instituições e países (Maricato, 2011MARICATO, João de Melo. Procedimentos metodológicos em estudos bibliométricos e cientométricos: opções e reflexões no contexto dos processos de recuperação e organização da informação. In: COSTA, R. L. M. Estudos contemporâneos em comunicação e artes: melhores teses e dissertações da ECA/USP 2010. São Paulo, USP, 2011, s./p.; Sancho, 1990SANCHO, Rosa. Indicadores bibliometricos utilizados en la evaluación de la Ciência y la Tecnologia: revision bibliográfica. Revista Española de Documentación Científica, v. 13, n. 13-14, Madrid, 1990, pp.842-865.). Há, ainda, os indicadores que buscam fazer relação entre autoria e publicação com análise sobre o uso de documentos, principalmente por meio dos estudos de citações (Maricato, 2011MARICATO, João de Melo. Procedimentos metodológicos em estudos bibliométricos e cientométricos: opções e reflexões no contexto dos processos de recuperação e organização da informação. In: COSTA, R. L. M. Estudos contemporâneos em comunicação e artes: melhores teses e dissertações da ECA/USP 2010. São Paulo, USP, 2011, s./p.). A citação é um dos meios de atribuição de crédito e reconhecimento no processo científico (Cronin, 1984CRONIN, Blaise. The citation process: the role and significance of citations in scientific communication. London, Taylor Graham, 1984.; Macias-Chapula, 1998MACIAS-CHAPULA, Cesar A. O papel da infometria e da cientometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da Informação, v. 27, n. 2, Brasília, 1998, pp.134-140.; Romancini, 2010ROMANCINI, Richard. O que é uma citação? A análise de citações na ciência. In Texto, v. 2, n. 23, Porto Alegre, jul./set. 2010, pp.20-35.).

Os artigos de periódico são o principal veículo de comunicação científica (Meadows, 1999MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Brasília, Briquet de Lemos, 1999.) e, assim, podem representar as tendências e características de determinada área do conhecimento. A produção científica publicada em periódicos tem por característica o fato de representar a comunidade produtora, dada a qualidade assegurada pela avaliação por pares (Foresti, 1990FORESTI, Nóris Almeida Bethonico. Contribuição das revistas brasileiras de Biblioteconomia e Ciência da Informação enquanto fonte de referência para a pesquisa. Ciência da Informação, v. 19, n. 1, Brasília, jan./jun. 1990, pp.53-71.). Dessa forma, entende-se que a análise de uma revista considerada importante para uma área de conhecimento reflete as atividades de pesquisa naquele campo (Anyi; Zainab; Anuar, 2009).

Uma área de estudo que teve seus periódicos científicos analisados é a de estudos de gênero (Matos, 2018MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018.; Vieira et al., 2016VIEIRA, Ana Sara et al. Faces de Eva: uma análise bibliométrica. Faces de Eva: estudos sobre a mulher, n. 36, Lisboa, dez. 2016, pp.33-61.). Com seu desenvolvimento a partir do feminismo, os estudos de gênero abrangem as discussões sobre as relações sociais e culturais que se constroem sobre a pretensa dicotomia sexual (feminino/masculino) e heteronormativa (Louro, 2016LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Petrópolis, Vozes, 2016.). No Brasil, dois periódicos científicos dedicados à temática de estudos de gênero se consagraram ao longo dos anos: cadernos pagu e Revista Estudos Feministas. Conforme Gefuso, Faustino e Scavone (2016), a cadernos pagu publica artigos de cunho mais teórico e científico, com destaque para os assuntos acerca da sexualidade e queer, enquanto a Revista Estudos Feministas veicula artigos sobre LGBT e assuntos ligados a políticas públicas e direitos civis.

Em outro estudo sobre as temáticas das revistas, Silva et al. (2016)SILVA, Bianca Dantas Gomes da et al. Mulheres negras nas revistas acadêmicas feministas. In: Congresso de Iniciação Científica da UNESP, 18, 2016, São Paulo. Anais... São Paulo, UNESP, 2016, s./p. observaram artigos sobre mulheres negras, mostrando que a Revista Estudos Feministas se volta mais aos assuntos ligados ao movimento social e político das mulheres negras, enquanto a cadernos pagu apresenta temáticas como sexualidade, classe, trabalho e identidade. Ambos os periódicos apresentam um importante papel político ao dar visibilidade acadêmica ao assunto. As revistas ainda foram avaliadas por seu viés feminista sobre a pornografia (Costa, 2015) e sob o enfoque relacionado a infância e criança (Preto; Lago, 2013PRETO, Zuleica; LAGO, Mara C. de S. Reflexões sobre infância e gênero a partir das publicações em revistas feministas brasileiras. Revista Ártemis, v. 15, n. 1, João Pessoa, jan./jul. 2013, pp.56-71.).

O periódico cadernos pagu surge em 1993, época na qual os estudos de gênero já ganhavam espaço no meio acadêmico. Sua criação, entretanto, veio com o objetivo de ampliar e de estimular a produção científica da área, e o periódico passou a ser referência nos estudos de gênero ainda na década de 1990 (Galli, 2013GALLI, Laura Spritzer. A teoria feminista na historiografia: um estudo sobre a produção das historiadoras na revista Cadernos Pagu (1993-2012). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História), Departamento de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.; Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, c2013). Vários autores realizaram pesquisas sobre o periódico – o que atesta sua relevância e importância para a área de estudos de gênero no país. Galli (2013)GALLI, Laura Spritzer. A teoria feminista na historiografia: um estudo sobre a produção das historiadoras na revista Cadernos Pagu (1993-2012). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História), Departamento de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. observou a produção historiográfica do feminismo acadêmico no Brasil entre 1993 e 2012, concluindo que muitos dos debates do início dos anos 1990 continuam bastante atuais em textos da revista, ainda que algumas perspectivas tenham sofrido mudanças. Soberón (2016)SOBERÓN, Ariana Fantoni. Cadernos Pagu: pensando gênero e ciência. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Centro de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2016. analisou a constituição do pensamento acadêmico brasileiro sobre gênero e ciência a partir de três dossiês publicados no cadernos pagu. A autora conclui que a revista constitui um pensamento de cunho histórico, com foco na trajetória das mulheres nas ciências, e indica que, pelo baixo número de publicações que interseccionam gênero e ciência, os artigos publicados nos dossiês do cadernos pagu são representativos de como o assunto é tratado no Brasil.

Em um levantamento sobre os 10 anos iniciais da cadernos pagu, de 1993 a 2003, Piscitelli, Beleli e Lopes (2003) relatam que, apesar da diversidade de temas dos artigos publicados nos 19 números, há uma concentração sobre os temas sexualidade e corporalidade (18%), teorias e práticas feministas (14%), raça (10%), trabalho (10%) e literatura (8%). Em relação aos autores, percebe-se uma concentração de publicações vinculadas a instituições de São Paulo e Rio de Janeiro. A produção internacional representa 15% das publicações da revista, com concentração de autores dos Estados Unidos da América, França, Inglaterra e Portugal, além de pequena participação da América Latina.

Apesar do grande volume de estudos anteriores sobre o cadernos pagu, todos se referem a um período ou temática específica, o que justifica uma pesquisa com abordagem bibliométrica mais ampla. Neste sentido, este trabalho possui como objetivo caracterizar os artigos, a colaboração científica e as citações no periódico cadernos pagu durante toda a existência da revista, no período de 1993-2019. A análise baseada em diversos indicadores bibliométricos permite visualizar a fundamentação teórico-metodológica do cadernos pagu, demonstrando, para além da análise de revista, o processo de construção dos estudos de gênero. Nas seções a seguir, são apresentados os procedimentos metodológicos, os resultados e as conclusões.

Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa fundamenta-se em uma análise bibliométrica dos 732 documentos publicados nas seções “Artigos”, “Dossiês” e “Debates” no periódico cadernos pagu, de 1993 até 2019, aqui denominados artigos.

A coleta dos metadados dos artigos e da lista de referências (citações) foi realizada manualmente ao longo do ano 2020, a partir do site do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, o site do Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU) e a base de dados SciELO, fazendo uma comparação entre as três fontes de dados e sempre levando em consideração as informações presentes nos PDFs dos documentos. Os dados foram organizados no software Excel. Foi realizada a limpeza de dados para a padronização de nomes de autores, periódicos e instituições de filiação nos dados de produção e citações, com a utilização do Catálogo de Autoridades da Fundação Biblioteca Nacional e a plataforma Currículo Lattes do CNPq. Destaca-se a preocupação com os autores transgênero que possuem documentos publicados com o nome de registro ao nascer e também com o nome pós-transição. Destarte, os autores trans que possuem publicações com ambos prenomes tiveram suas publicações reunidas. Destaca-se a impossibilidade de identificação de todos os autores trans e a importância desse tipo de cuidado para a maior fidedignidade dos dados em estudos bibliométricos.

Com o intuito de observar possíveis mudanças e a evolução da área, os dados coletados foram analisados segundo os indicadores bibliométricos de produção, colaboração e citação, em três períodos: 1993 a 2002, 2003 a 2012 e 2013 a 2019. Para análise das temáticas abordadas nos artigos publicados, foram consideradas as palavras-chave indicadas pelos autores. Não houve diferenciação por idioma, contabilizando-se palavras grafadas em idiomas diferentes de forma separada. Essa escolha deve-se à característica do periódico cadernos pagu de prezar pela publicação de artigos em diferentes idiomas. Considera-se que as palavras-chave refletem o entendimento do autor acerca do seu artigo, tendo em vista que os termos expressam a temática geral do documento em linguagem natural. A análise de resumos ou mesmo do texto completo não foi possível nesta etapa da pesquisa, tendo em vista a impossibidade de download automático dos dados.

Para a análise de coautoria de instituições e países, foi considerada a instituição de filiação do autor indicada nos artigos publicados no periódico. Em relação à autoria dos documentos citados, foi considerada a autoria conforme indicada nas referências dos artigos do corpus da pesquisa. As autocitações foram contabilizadas. Pela grande quantidade de citações, foi contabilizado apenas o primeiro autor indicado quando haviam dois ou mais autores. As informações sobre os autores foram coletadas no currículo Lattes, nas páginas de suas universidades de filiação e em documentos sobre os autores. A seguir, são apresentados e discutidos os principais resultados.

Apresentação e discussão dos resultados

Os resultados estão apresentados conforme o tipo de indicador: de produção, de colaboração e de citação. A análise é organizada por períodos, pois tem a intenção de permitir a visualização de mudanças na revista, o que reflete a fundamentação teórico-metodológica dos estudos de gênero e a estrutura teórica que sustenta a revista cadernos pagu.

Indicadores de produção

Percebe-se o desenvolvimento do perfil de publicação do periódico ao longo dos anos. No primeiro período, de 1993 a 2002, não há um padrão no número de fascículos publicados por ano. No primeiro fascículo, todos os artigos publicados foram assinados por integrantes do Núcleo Pagu (Piscitelli; Beleli; Lopes, 2003). A partir do ano de 2016, é possível perceber um padrão, com o periódico passando a publicar três fascículos por ano até o ano de 2019. Tais resultados possivelmente refletem os critérios estabelecidos pela SciELO para avaliação, indexação e permanência de periódicos em sua coleção, discutidos originalmente no Seminário sobre Critérios de Avaliação e Seleção de Periódicos Científicos, realizado em abril de 1999 na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Conforme preconizou a SciELO, as revistas deveriam evitar a endogamia, ou seja, a publicação de artigos de autoria de membros do corpo editorial e filiados à instituição publicadora. Ainda, os critérios recomendaram periodicidade trimestral e um mínimo de 35 artigos publicados por ano por revistas das Ciências Humanas (SciELO, 2014).

Quanto ao número total de artigos publicados por fascículo, identifica-se um aumento da quantidade de artigos por período. No primeiro período, foram publicados 177 artigos; já no segundo, esse número sobe pra 252, com 75 artigos a mais que o período anterior. O mesmo ocorre com o terceiro período, no qual o periódico publicou 303 artigos, 51 artigos a mais do que no período imediatamente anterior. Esse aumento da quantidade de documentos por período pode ser explicado pelos criterios estabelecidos pela SciELO (SciELO, 2014; 2017; 2020), mas também pelos financiamentos da FAPESP e FAEP e, principalmente, do CNPq, recebidos pelo periódico a partir do ano de 1996, o que, segundo Piscitelli, Beleli e Lopes (2003), foi de extrema importância para o avanço editorial do cadernos pagu.

Ao longo de todos os anos, a quantidade mínima de artigos publicados em um fascículo do cadernos pagu é seis, e a quantidade máxima é 24. Assim, é possível determinar uma média de 13,5 artigos por fascículo. Infere-se que a média de artigos por fascículo resulta do alto volume de documentos publicados no último período de análise em relação aos dois primeiros.

Em relação aos idiomas de publicação, encontrou-se artigos em português, espanhol e artigos bilingues. Português é o idioma predominante em todos períodos, totalizando 572 artigos (78,1%). O número de artigos em português sobe a ano, no entanto, ao analizar este número em relação ao número total de artigos, observou-se declínio do idioma ao longo do tempo. No primeiro período, os textos em português perfaziam 96,6% do total, descrescendo para 89,7% até chegar em 57,8% dos artigos no último período. A redução dos artigos em português pode ser decorrência da SciELO, que recomendava tradução, especialmente para o idioma inglês (SciELO, 2014; 2017; 2020). A prevalência do português pode ser explicada por esse ser o idioma do país de publicação, bem como pelo fato de a cadernos pagu ter por característica a preocupação com a tradução de textos estrangeiros inéditos que sejam importantes para a área de estudos de gênero (Piscitelli; Beleli; Lopes, 2003). O espanhol aparece em segundo lugar, com 82 (11,2%) artigos, e os textos bilíngues perfazem 10,7%.

Packer (2011)PACKER, Abel L. Os periódicos brasileiros e a comunicação da pesquisa nacional. Revista USP, n. 89, São Paulo, mar./maio 2011, pp.26-61. indica que a publicação em português é majoritária em relação ao inglês nas áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e em Literatura, Linguística e Letras. Leite, Mugnaini e Leta (2011)LETA, Jacqueline. Indicadores de desempenho, ciência brasileira e a cobertura de bases informacionais. Revista USP, São Paulo, n. 89, mar./maio 2011, pp.62-77. trazem dados sobre a internacionalização da produção brasileira por meio de levantamento feito a partir da Plataforma Lattes. Os pesquisadores afirmam que o perfil de publicação sofre influência do campo de conhecimento em que está inserido. Os autores assinalam que as áreas de Linguística e Artes, Ciências Sociais e Humanas apresentam perfil de publicação predominantemente nacional. Os estudos de gênero têm suas publicações majoritariamente ligadas às áreas de Ciências Sociais e Humanas, assim, percebe-se que as publicações no periódico cadernos pagu estão de acordo com o perfil de publicação da área, com a predominância de artigos publicados em português e com o crescimento de publicações em inglês visando à internacionalização de sua produção.

A Tabela 1 apresenta as palavras-chave dos artigos por período. Entre os 732 artigos do corpus da pesquisa, 50 não indicaram palavras-chave. Nos demais 667 artigos, encontraram-se 2.854 palavras-chave, havendo 1.574 termos diferentes. Identificou-se que 1279 foram utilizadas apenas uma vez.

Tabela 1
– Palavras-chave dos artigos do periódico cadernos pagu por períodos

“Gênero” é a palavra-chave mais utilizada para descrever os artigos publicados no periódico, ocorrendo 211 vezes. Salienta-se a presença do mesmo termo grafado no idioma espanhol entre as palavras mais frequentes: “género” é utilizado 25 vezes. Assim, dos 732 artigos, 236 utilizam o termo “gênero”. O segundo termo mais frequente é “sexualidade”, com 67 ocorrências, e o terceiro é “mulheres”, com 58, o que pode evidenciar a prevalência das questões sobre sexualidade bem como de “melheres” como categoria de análise na revista, o que está de acordo com o desenvolvimento dos estudos de gênero de forma geral.

As palavras-chave do primeiro grupo estão de acordo com o próprio desenvolvimento dos estudos de gênero, uma vez que esses estudos surgiram historicamente a partir do feminismo. No início do movimento feminista e de sua institucionalização na universidade, o uso do termo “gênero” muitas vezes era usado como sinônimo de mulher para sustentar essas pesquisas enquanto paradigma disciplinar (Scott, 1995SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Educação e Realidade, v. 20, n, 2, Porto Alegre, jul./dez. 1995, pp.71-99.). O mesmo aconteceu no Brasil, onde o termo “gênero” muitas vezes apenas substituiu o termo “mulher” (Costa; Sandenberg, 1994), uma vez que a adoção desse termo afastava o peso político do feminismo (Heilborn; Sorj, 1999HEILBORN, Maria Luiza; SORJ, Bila. Estudos de gênero no Brasil: 1975-1995. In: MICELI, Sérgio (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995), ANPOCS/CAPES. São Paulo, Editora Sumaré, 1999, pp.183-221.; Zirbel, 2007ZIRBEL, Ilze. Estudos feministas e estudos de gênero no Brasil: um debate. Dissertação (Mestrado em Sociologia política), Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.). Os resultados encontrados estão de acordo, ainda, com os encontrados por Hoppen e Vanz (2020)HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30., que caracterizaram as pesquisas da área na Web of Science até o ano de 2017. A presença da palavra “sexualidade” também foi encontrada pelas autoras, o que pode demonstrar que essa temática é parte dos estudos de gênero (Hoppen; Vanz, 2020HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30.).

Quanto ao termo “raça”, é possível traçar paralelos com os resultados de Matos (2018)MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018. na Revista Estudos Feministas, uma vez que a autora indica que “estudos de gênero, classe e raça”, estavam entre os termos mais frequentes de sua pesquisa. A presença do termo “raça” nesta pesquisa também pode ser explicada pelos fascículos da revista cadernos pagu voltados para a temática, como o fascículo 6-7 de 1996, Raça e Gênero, e o fascículo 35, do ano de 2010, Dossiê Raça e Sexualidade em diferentes contextos.

O termo “masculinidade” figura em 20 artigos da revista cadernos pagu, mas também apareceu nos resultados de Medeiros (2018)MEDEIROS, Thaís Dias. A produção científica sobre estudos de gênero no Repositório Digital da UFRGS: um estudo bibliométrico. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia), Departamento de Ciências da Informação, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018., Matos (2018)MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018. e Hoppen e Vanz (2020)HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30.. Apesar de “gênero” ter sido utilizado como sinônimo para “feminismo” e “mulher”, ao longo do desenvolvimento dos estudos de gênero, as temáticas de análise foram se expandindo, principalmente na chamada terceira fase do feminismo, quando os estudos da área recebem forte influência do pós-estruturalismo e passam a se dedicar também a questões de subjetividade e aspectos relacionais, identitários e pós-identitários do sujeito. A época ainda foi marcada pelo lançamento do livro Problemas de Gênero, de Judith Butler, em 1990, com o qual se passa a questionar as identidades ligadas às dicotomias mulher/homem, hetero/homossexualidade. Assim, considera-se que a presença do termo “masculinidade” também está de acordo com o próprio desenvolvimento dessa área de estudo.

Os termos “identidade”, “homossexualidade” e “subjetividade” também parecem estar associados ao fato de os estudos sobre a sexualidade terem se desenvolvido de forma paralela aos estudos de gênero, que teve seu desenvolvimento fortemente ligado às Ciências Sociais no país.

A palavra “antropologia” possivelmente está relacionada com o fato de o periódico ter surgido vinculado ao Núcleo Pagu, cujas pesquisas são relativas a essa área de estudo. Os resultados apresentados na Tabela 2 comprovam grande presença de pesquisadores do núcleo entre os autores mais produtivos e também a Unicamp como instituição mais produtiva, conforme filiação dos autores.

Tabela 2
– Autores mais produtivos do cadernos pagu entre 1993 e 2019

Em relação à autoria dos 732 artigos analisados, foram encontrados 704 autores. A média de publicações de artigos por autor é 1,2. A autora mais produtiva publicou 13 artigos no cadernos pagu. Dos 704 autores que publicaram no periódico, 101 (14,3%) voltaram a publicar, e 603 (85,7%) publicaram apenas um artigo. Observa-se, assim, que a distribuição de produtividade dos autores no periódico cadernos pagu está de acordo com o indicado na comunicação científica, sendo próxima aos números indicados pela Lei de Lotka. Segundo essa lei, cerca de 75% dos autores publicam apenas um documento, e 10% dos autores mais produtivos publicam aproximadamente metade da literatura científica (Alvarado, 2009ALVARADO, Rubén Urbizagástegui. Elitismo na literatura sobre a produtividade dos autores. Ciência da Informação, v. 38, n. 2, Brasília, maio/ago. 2009, pp.69-79.).

Esse resultado está de acordo com o que foi identificado por Matos (2018)MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018. e Diniz e Foltran (2004)DINIZ, Débora; FOLTRAN, Paula. Gênero e feminismo no Brasil: uma análise da Revista Estudos Feministas. Revista Estudos Feministas, v. 12, n. esp., Florianópolis, 2004, pp.245-253. em seus levatamentos na Revista Estudos Feministas; por Vieira et al. (2016)VIEIRA, Ana Sara et al. Faces de Eva: uma análise bibliométrica. Faces de Eva: estudos sobre a mulher, n. 36, Lisboa, dez. 2016, pp.33-61. no periódico Faces de Eva, de Portugal; e de Hoppen e Vanz (2020)HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30. em sua pesquisa na Web of Science. A publicação individual é, ainda, uma característica das Ciências Socias e Humanidades (Meadows, 1999MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Brasília, Briquet de Lemos, 1999.), área à qual os estudos de gênero são, histórica e majoritariamente, vinculados.

Os pesquisadores que mais publicaram no periódico cadernos pagu são filiados a instituições do estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, com apenas uma pesquisadora com filiação internacional, da Argentina. Nota-se, ainda, que todos os pesquisadores mais produtivos no periódico cadernos pagu indicaram como instituição de filiação universidades públicas.

Entre os autores mais produtivos, têm-se um destaque de pesquisadores da Unicamp, instituição publicadora do cadernos pagu. Os autores vinculados à cadernos pagu perfazem 8,7% dos documentos do corpus da pesquisa, sendo 11 dos 21 autores com maior frequência de publicação no periódico. O vínculo dos autores com a revista se dá a partir da participação no Conselho Editorial e no Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, órgão que publica a revista.

Ao analisar a filiação intitucional dos autores, foram encontradas 202 instituições de filiação (83 nacionais e 119 internacionais), conforme indicado pelos autores nos artigos publicados no periódico cadernos pagu entre 1993 e 2019. A Tabela 3 apresenta as lista de instituições brasileiras que mais apareceram na filiação dos autores.

Tabela 3
– Principais instituições brasileiras, número de artigos e unidade federativa do cadernos pagu entre 1993 e 2019

Em relação às 10 instituições com maior frequência de publicação, percebe-se o destaque das universidades das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Dessas, apenas uma é privada, confirmando a prevalência de publicações de universidades federais públicas. A produção científica no Brasil é majoritariamente ligada às universidades e institutos de pesquisa do setor público (Leta; Glänzel; Thijs, 2006; Oliveira; Amaral, 2012OLIVEIRA, João Ferreira de; AMARAL, Nelson Cardoso. A produção do conhecimento no Brasil e no mundo: financiamento e políticas de ciência, tecnologia e inovação em debate. In: LEITE, Denise; LIMA, Elizeth Gonzaga dos Santos Lima (org.). Conhecimento, avaliação e redes de colaboração: produção e produtividade na universidade. Porto Alegre, Sulina, 2012, pp.23-52.).

Levando em consideração o ranking da Clarivate Analytics Company (2019), que traz as universidades brasileiras com a maior produção na Web of Science (WoS) entre 2013 e 2018, identificam-se seis universidades em comum entre as 10 mais produtivas no cadernos pagu e na WoS: Universidade Estadual de Campinas, Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal de Minas Gerais. Dentre as 10 mais produtivas na cadernos pagu, duas – Universidade de Brasília e Universidade Federal de São Carlos – encontram-se entre as 15 universidades com mais produção na WoS. Dessa forma, é possível inferir que a produção no cadernos pagu segue a distribuição da produção científica brasileira, ou seja, fortemente ancorada em universidades da região Sul, Sudeste e Centro-oeste.

A unidade federativa brasileira com maior número de publicações no cadernos pagu é São Paulo, com 273 artigos (37,3%). Na segunda posição aparece o Rio de Janeiro, com 86 artigos (11,7%), seguido por Rio Grande do Sul, com 34 artigos (4,6%), Minas Gerais, com 31 artigos (4,2), Distrito Federal, com 27 artigos (3,7%), Santa Catarina, com 20 artigos (2,7%), Bahia, com 16 artigos (2,2%), Paraná, com 11 artigos (1,5%), e Goiás, com 10 artigos (1,4%). As demais unidades Federativas representam 1% ou menos cada: Pará (1,0%), Acre (0,1%), Tocantins (0,1%), Maranhão (0,1%), Ceará (0,7%), Rio Grande do Norte (0,4%), Paraíba (1,0%), Pernambuco (0,8%), Sergipe (0,5%), Mato Grosso (0,1%) e Mato Grosso do Sul (0,3%). Percebe-se representatividade, apesar da prevalência de alguns estados. Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Piauí, Alagoas e Espírito Santo não possuem publicações na cadernos pagu no período estudado.

Em relação às regiões do Brasil, o Sudeste tem destaque em número percentual de publicações (53,2%), seguido pela região Sul, que perfaz 8,8% de artigos. Esse fato pode estar ligado ao alto volume de artigos (273) do estado de São Paulo. No Brasil, percebe-se a concentração da produção científica na região Sudeste, com predominância das capitais e, ainda, com destaque do estado e da capital de São Paulo. De acordo com a literatura, a produção científica paulista possui peso no contexto nacional (Mugnaini; Jannuzzi; Quoniam, 2004; Sidone; Haddad; Mena-Chalco, 2016). Todas as regiões possuem artigos publicados no cadernos pagu: Centro-Oeste (5,5%), Nordeste (5,7%) e Norte (1,2%).

Sidone, Haddad e Mena-Chalco (2016) e Hoppen et al. (2017)HOPPEN, Natascha Helena Franz et al. Distribuição geográfica da produção e colaboração científica brasileira nas Ciências Biomédicas. Em Questão, v. 23, ed. esp. 5 EBBC, Porto Alegre, 2017, pp.50-73. afirmam que mesmo com o crescimento da produção científica brasileira como um todo, há disparidade quando se analisa esse crescimento por regiões e estados. Fato ocorrido devido à forma pela qual se deu a institucionalização do ensino superior no Brasil e, também, como afirmam os autores, pelas desigualdades econômicas e históricas ligadas ao desenvolvimento das regiões e estados brasileiros. Sidone, Haddad e Mena-Chalco (2016) apontam que a produção científica brasileira é concentrada especialmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Esses estados, para os autores, formam o núcleo de produção científica nacional, e são os mesmos que se destacam no cadernos pagu como os mais produtivos. Assim, identifica-se que a desigualdade das publicações da cadernos pagu quanto aos estados e regiões de filiação dos autores parece estar de acordo com o desenvolvimento da ciência no Brasil de forma geral.

O periódico cadernos pagu apresenta grande dispersão em relação às universidades internacionais. Conforme a Tabela 4, foram 119 universidades de filiação indicadas pelos autores. Esses dados podem ter ligação com a característica da cadernos pagu de publicar traduções de resultados de pesquisas internacionais e de textos internacionais inéditos no país.

Tabela 4
– Principais instituições internacionais, número de artigos e países do cadernos pagu entre 1993 e 2019

Das 119 instituições internacionais, 79 (10,8% sobre o total de artigos) não voltaram a publicar uma segunda vez no periódico cadernos pagu, enquanto as 10 instituições com maior frequência de publicações perfazem 93 artigos (12,7%). No estudo de Hoppen e Vanz (2020)HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30. acerca das publicações sobre estudos de gênero indexadas na WoS, três das 10 intituições internacionais com maior número de publicações no cadernos pagu estão presentes: Universidad de Buenos Aires, University of California e Columbia University. A Universidade Nova de Lisboa, por sua vez, aparece com destaque de publicações no periódico Faces de Eva, de Portugal (Vieira et al., 2016VIEIRA, Ana Sara et al. Faces de Eva: uma análise bibliométrica. Faces de Eva: estudos sobre a mulher, n. 36, Lisboa, dez. 2016, pp.33-61.).

Matos (2018)MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018. identificou 33,9% de autores estrangeiros que publicaram na Revista Estudos Feministas entre 2001 e 2016. Entre os países cujos pesquisadores publicaram no periódico com mais de 10 artigos estão Argentina, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Chile. O periódico Faces de Eva, por sua vez, tem predominância de autores europeus, principalmente de Portugal, França, Espanha e Itália. Da América, destacam-se o Brasil e os Estados Unidos (Vieira et al., 2016VIEIRA, Ana Sara et al. Faces de Eva: uma análise bibliométrica. Faces de Eva: estudos sobre a mulher, n. 36, Lisboa, dez. 2016, pp.33-61.). Hoppen e Vanz (2020)HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30. apontam os Estados Unidos como o país com maior quantidade de publicações sobre estudos de gênero na WoS. Também se destacam em número de publicações a Inglaterra, Alemanha, Espanha e o Brasil. No cadernos pagu, por sua vez, os países com mais de 10 artigos são Estados Unidos (59), Argentina (47), França (18), Portugal (18), Espanha (14) e Reino Unido (13). É possível traçar semelhanças entre os dados encontrados nesses estudos.

Scavone (2007)SCAVONE, Lucila. Estudos de gênero e feministas: um campo científico? In: Encontro anual da ANPOCS, 31, 2007, Caxambu. Anais [...] Caxambu: ANPOCS, 2007, pp.1-23. afirma que os estudos de gênero surgem, historicamente, a partir dos estudos sobre as mulheres, tendo sido impulsionados pela eclosão de uma nova fase do feminismo, especialmente na Europa pós-1968 e nos Estados Unidos. Para a autora, o primeiro encontro entre os dois tipos de feminismo – militante e acadêmico – aconteceu na França, em 1975, na Universidade de Paris. A linha conceitual a partir da qual o feminismo francês se desenvolveu gerou resistências para a utilização do gênero enquanto uma categoria junto aos estudos feministas, sendo utilizado, então, “relações sociais do sexo”, expressão de ascendência marxista (Heilborn; Sorj, 1999HEILBORN, Maria Luiza; SORJ, Bila. Estudos de gênero no Brasil: 1975-1995. In: MICELI, Sérgio (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995), ANPOCS/CAPES. São Paulo, Editora Sumaré, 1999, pp.183-221.; Scavone, 2007SCAVONE, Lucila. Estudos de gênero e feministas: um campo científico? In: Encontro anual da ANPOCS, 31, 2007, Caxambu. Anais [...] Caxambu: ANPOCS, 2007, pp.1-23.). Nos Estados Unidos, por sua vez, houve forte influência das teorias funcionalistas nas análises sobre as diferenças dos papéis masculinos e femininos. A presença do pensamento pós-estruturalista e de autores como Foucault, Derrida e Deleuze nas universidades norte-americanas intensificou as discussões sobre a categoria “gênero” atreladas às noções de sujeito e de diferença (Heilborn; Sorj, 1999HEILBORN, Maria Luiza; SORJ, Bila. Estudos de gênero no Brasil: 1975-1995. In: MICELI, Sérgio (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995), ANPOCS/CAPES. São Paulo, Editora Sumaré, 1999, pp.183-221.; Scavone, 2007SCAVONE, Lucila. Estudos de gênero e feministas: um campo científico? In: Encontro anual da ANPOCS, 31, 2007, Caxambu. Anais [...] Caxambu: ANPOCS, 2007, pp.1-23.).

Na Argentina, tem-se uma construção da militância feminista a partir de grupos de mulheres nas décadas de 1960 e 1970 e um processo de legitimação dos estudos sobre as mulheres no meio acadêmico que se dá durante a ditadura cívico-militar ocorrida no país entre 1976 e 1983. Já na década de 1990, há a adoção do gênero como categoria de análise nas universidades Argentinas (Blanco, 2018BLANCO, Rafael. Antes da consagração do “gênero” na universidade: trajetórias, gerações e linguagens em tensão pela expansão de uma área do conhecimento. Sexualidade, Saúde e Sociedade, n. 28, Rio de Janeiro, jan./abr. 2018, pp.07-29.; Zucco, 2013ZUCCO, Maise Caroline. Argentina e Brasil: viagens nas páginas dos periódicos (1980-1990). In: Seminário Internacional Fazendo Gênero, 10, 2013, Florianópolis. Anais eletrônicos [...] Florianópolis, UFSC, 2013 [http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1381838190_ARQUIVO_Texto.MaiseCarolineZucco.FG10.pdf].
http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.c...
). A Universidad de Buenos Aires (UBA) e o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) foram de grande importância para a institucionalização da área no país. Em similaridade com o Brasil, na Argentina também há a presença de periódicos voltados para os estudos feministas e de gênero entre o final dos anos 1980 e início dos 1990, como a Mora e a Feminaria. Salienta-se que ambas as revistas apresentam a característica de publicar tradução de artigos de autores europeus e norte-americanos (Blanco, 2018BLANCO, Rafael. Antes da consagração do “gênero” na universidade: trajetórias, gerações e linguagens em tensão pela expansão de uma área do conhecimento. Sexualidade, Saúde e Sociedade, n. 28, Rio de Janeiro, jan./abr. 2018, pp.07-29.; Zucco, 2013ZUCCO, Maise Caroline. Argentina e Brasil: viagens nas páginas dos periódicos (1980-1990). In: Seminário Internacional Fazendo Gênero, 10, 2013, Florianópolis. Anais eletrônicos [...] Florianópolis, UFSC, 2013 [http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1381838190_ARQUIVO_Texto.MaiseCarolineZucco.FG10.pdf].
http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.c...
).

Indicadores de colaboração

Dos 732 artigos publicados na cadernos pagu, identificou-se que 590 (80,7%) foram escritos por apenas um autor e 142 (19,3%) foram escritos em coautoria. Matos (2018)MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018., ao analisar a Revista Estudos Feministas de 2001 a 2016, também indicou tendência para a publicação individual. Hoppen e Vanz (2020)HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30., ao analisar a produção sobre estudos de gênero na WoS, encontraram predominância da autoria única, com concentração de reduzido número de autores naqueles artigos em coautoria. Assim, as publicações do cadernos pagu parecem seguir a tendência de coautoria das publicações de estudos de gênero. Destaca-se, ainda, que, conforme já visto, os estudos de gênero parecem seguir as características de publicação das áreas às quais são majoritariamente ligados, Ciências Sociais e Humanidades, também em relação à coautoria. Essas áreas apresentam predominância de autoria única (Meadows, 1999MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Brasília, Briquet de Lemos, 1999.).

Ao analisar os padrões de colaboração por períodos, percebe-se um aumento do número de artigos publicados em coautoria, tendo em vista que decresce o percentual de artigos publicados por um só autor: no primeiro período, artigos publicados por um só autor perfaziam 95,5% dos artigos, percentual que baixou para 79,8% e 72,6% no segundo e terceiro período, respectivamente. Por sua vez, o percentual de artigos publicados por dois autores subiu de 4,0% para 16,7% e 20,5% no segundo e terceiro períodos, respectivamente. Artigos publicados por três autores também apresentaram ascensão: 0,6% para 1,6% e 6,6%. Também figuram alguns (poucos) artigos com quatro e cinco coautores.

Ao longo dos anos, os padrões de colaboração entre autores vão se modificando. Vanz (2009)VANZ, Samile Andréa de Souza. As redes de colaboração científica no Brasil: (2005-2006). Tese (Doutorado em Comunicação e Informação), Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. identificou que a coautoria é uma característica de publicação no país. Mena-Chalco et al. (2014)MENA-CHALCO, Jesús Pascual et al. Brazilian bibliometric coauthorship networks. Journal of the Association for Information Science and Technology, v. 65, n. 7, Haboken, 2014, pp.1424-1445., ao analisar as redes de coautoria a partir de listas de publicações da Plataforma Lattes, indicam que o crescimento de todas as interações de coautoria ao longo do tempo é uma importante característica da comunidade científica brasileira. Os autores também identificaram que as áres de Humanidades e de Linguística, Letras e Artes – com forte presença nos estudos de gênero – possuem comportamentos oscilatórios em relação às práticas de coautoria, o que, para os autores, pode indicar uma dependência de outras áreas do conhecimento.

Na Figura 1, é possível identificar as colaborações realizadas entre autores que publicaram na cadernos pagu. O quadrado azul simboliza as autorias duplas, ou seja, colaboração entre dois autores. O triângulo vermelho, por sua vez, mostra as colaborações entre três autores. O losango rosa indica as colaborações entre quatro autores, e o círculo verde representa artigos publicados entre cinco autores.

Figura 1
– Colaboração entre autores do cadernos pagu entre 1993 e 2019

A Figura 1 mostra que as publicações no periódico cadernos pagu se caracterizam por diversos clusters menores, ou seja, diversas colaborações realizadas por grupos de autores diferentes. Identificam-se Fátima Cecchetto, Júlio Assis Simões e Isadora Lins França como os três autores com maior volume de ligações. Percebe-se, ainda, a prevalência de coautorias entre pesquisadores estrangeiros.

Nos 732 artigos do corpus da pesquisa, identificaram-se 12 países que realizaram publicações em coautoria. Percebe-se uma baixa porcentagem de colaboração entre países, com apenas 1,7% do total de artigos. A prevalência do tipo de colaboração dos artigos é bilateral, ou seja, entre dois países.

Em estudo sobre os padrões de coautoria em Ciências Sociais e Humanidades na China, Li e Li (2015)LI, Jiang; LI, Yueting. Patterns and evolution of coauthorship in China’s humanities and social sciences. Scientometrics, v. 102, n. 3, Dordrecth, 2015, pp.1997-2010. apontam para um aumento no número de coautorias no país na área, com um maior aumento da coautoria bilateral e um leve crescimento da coautoria multilateral. O estudo de Henriksen (2016)HENRIKSEN, Dorte. The rise in co-authorship in the social sciences (1980-2013). Scientometrics, v. 107, n. 2, Dordrecht, 2016, pp.455-476. sobre o aumento de coautorias nas Ciências Sociais (1980-2013) no Social Science Citation Index da Wos indica o aumento na quantidade dos artigos publicados em coautoria internacional e no número de autores por artigos nos últimos 34 anos. O autor afirma que, apesar da tendência do aumento da coautoria nas Ciências Sociais, esse direcionamento diminui em temáticas cujas pesquisas se baseiam em estudos qualitativos aprofundados; nessas publicações, o aumento médio do número de autores é 0,1-0,2%, e a maioria dos artigos é de autoria individual. Assim, a evolução do cadernos pagu parece estar de acordo com a evolução da área de Ciências Sociais e Humanidades.

O Brasil é o país com o maior número de artigos (8) em colaboração, seguido por Portugal (4), Estados Unidos (3) e África do Sul e Espanha (2 artigos cada). Os demais (França, Moçambique, Canadá, Holanda, Argentina, Reino Unido e Dinamarca) possuem um artigo cada em colaboração com outros países. Glanzel, Leta e Thijs (2006) apontam os Estados Unidos como um importante parceiro em pesquisas do Brasil fora da América Latina e indicam forte ligação também com Portugal. Percebe-se, assim, uma tendência similar na cadernos pagu. Hoppen e Vanz (2020)HOPPEN, Natascha Helena Franz; VANZ, Samile Andréa de Souza. What are gender studies: characterization of scientific output self-named gender studies in a multidisciplinary and international database. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 25, Florianópolis, 2020, pp.01-30. encontraram ligações do Brasil com Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Austrália e Itália. Na cadernos pagu, identificaram-se pontos semelhantes, como as colaborações do Brasil com Estados Unidos e Reino Unido, e pontos diferentes, como a ligação com a África do Sul, Canadá, Dinamarca e Portugal.

Indicadores de citação

Para caracterizar as citações dos artigos publicados no periódico cadernos pagu entre 1993 e 2019, foi analisada a lista de referências de cada artigo do corpus de pesquisa. Identificaram-se 18.687 citações. No período que abrange os primeiros dez anos de publicação do periódico cadernos pagu (1993-2002), a média de citações por artigo é 28, o número máximo de citações identificadas em um artigo é 156 e o número mínimo, zero (referente a artigos das seções “Debates” e Dossiês”). O desvio padrão identificado nesse período é de 23,7, o maior desvio entre os três períodos. Salienta-se que, nesse período, as citações estão em notas de rodapé e encontra-se a maior frequência de citações não identificadas por problemas de padronização, possivelmente devido à presença de artigos sem citações e pelo processo de desenvolvimento de políticas editoriais do periódico.

Na segunda década de análise (2003-2012), identificou-se a média de 28,1 citações por artigo, com o máximo de 102 citações e o mínimo de zero. O desvio padrão o é menor dos três períodos: 17,3. É nesse período que se percebem as principais mudanças editoriais do periódico em relação às citações, que a partir do fascículo 27 do ano de 2006 deixaram de ser apresentadas em notas de rodapé e passaram para uma lista de referências ao final do artigo. Tal estratégia vai ao encontro das recomendações de diversas bases de dados indexadoras, como a SciELO (SciELO, 2014; 2017; 2020), por facilitar a organização da informação e os processos técnicos como a marcação XML dos artigos. O terceiro período analisado, por sua vez, apresenta média de 35,9 citações por artigo, máximo de 110 e mínimo de quatro. O desvio padrão identificado foi de 19,3, indicando uma menor dispersão entre os valores.

Uma análise de periódicos citados demonstra a proximidade entre os periódicos – o que cita e o que é citado. As análises relacionais auxiliam nos estudos históricos e sociológicos da ciência, mostrando o quanto as revistas estão próximas e relacionadas. Nesse sentido, a Tabela 5 apresenta os periódicos mais citados pela cadernos pagu.

Tabela 5
– Periódicos mais citados no cadernos pagu por períodos

Identificou-se que os periódicos mais citados são majoritariamente nacionais. Dos periódicos nacionais, seis são publicados por universidades federais públicas – UFRGS, UFRJ, USP, UFSC, Unicamp – e seis por associações, sociedade científica e fundações – CLAM, FIOCRUZ, ANPOCS, FCC, ANPUH. Quanto às instituições internacionais, duas revistas são publicadas por universidades – Universidade de Chicago e Universidade de Maryland – e quatro por editoras comerciais – Palgrave Ltd., Routledge, Wiley e Sage. Percebe-se, assim, uma forte presença de periódicos filiados a universidades entre os mais citados. Santos (2010)SANTOS, Solange Maria dos. Perfil dos periódicos científicos de Ciências Sociais e de Humanidades: mapeamento das características extrínsecas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010., ao analisar as características dos periódicos indexados na SciELO nas áreas de Ciências Sociais e Humanidades, identificou que as universidades e as associações e sociedades científicas, juntas, predominam como entidades responsáveis pela publicação de periódico nessas áreas.

Os periódicos mais citados são vinculados as Artes e Humanidades, Ciências Sociais (Antropologia, Estudos de gênero), e Ciências Humanas. No entanto, figuram periódicos das Ciências da Saúde, como Cadernos de Saúde Pública e História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Observa-se que a revista cadernos pagu figura como a mais citada no segundo e terceiro períodos. Tal resultado indica a relevância da revista e a concentração de artigos importantes que recebem um grande número de citações com o passar dos anos.

Destaca-se a presença de periódicos voltados ao feminismo e aos estudos de gênero entre os mais citados. A Revista Estudos Feministas publica artigos, ensaios e resenhas sobre gênero, feminismos e sexualidades. A cadernos pagu publica artigos que estabeleçam discussões com as teorias de gênero e feministas. A Signs publica artigos interdisciplinares que abordem gênero, raça, cultura, classe e sexualidade e incentiva pesquisas que promovam os objetivos feministas, queer e antirracistas de transformação social. O periódico Feminist Studies, por sua vez, aceita publicações que teçam intersecções de gênero com identidade racial, orientação sexual, meios econômicos, localização geográfica e capacidade física. A Australian Feminist Studies busca ser um veículo de discussão para ideias e análises feministas de forma nacional e internacional por meio da publicação de artigos interdisciplinares que contribuam para a teoria feminista atual e emergente. O Feminist Review busca artigos que explorassem o gênero e suas diversas formas de relação. Já a Sexualidad, Salud y Sociedad – Revista Latinoamericana publica artigos que explorem as dimensões culturais e políticas das sexualidades e do gênero.

Quanto aos autores citados nos artigos publicados no cadernos pagu, foram identificadas 8.340 autorias diferentes, sendo a maior parte deles (73,0%) citados apenas uma vez. Em seguida, 24,4% receberam de duas a nove citações; 1,8% receberam de 10 a 19 citações e 0,9% recebeu 20 ou mais citações.

Tais dados estão de acordo com os resultados encontrados por Matos (2018)MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018., que, em sua pesquisa na Revista Estudos Feministas, identificou que 76,23% dos autores foram citados apenas uma vez e o restante duas ou mais vezes. Essa dispersão de autores citados e o pequeno volume de autores altamente citados podem estar ligados à interdisciplinariedade dos estudos de gênero e ao amplo campo temático que as pesquisas na área abrangem. O autor mais citado recebeu 255 citações. A média de citações por autor é 2,1, e o desvio padrão é de 6,8.

Ao comparar os três períodos de análise das citações na Tabela 6, identifica-se que o número de citações sem autoria é maior no primeiro período (562) em relação ao segundo (203) e ao terceiro (326) períodos. Uma possível explicação é a falta de um padrão editorial do periódico cadernos pagu em seus primeiros anos, bem como o fato de as citações dos primeiros fascículos do periódico serem em notas de rodapé, o que, sem dúvida, dificulta o cumprimento de padronização. Assim, muitas das citações desse período estavam incompletas e não puderam ser identificadas durante a coleta dos dados.

Tabela 6
– Autores mais citados no cadernos pagu por períodos

Ao observar os autores que aparecem entre os mais citados apenas no primeiro período, percebe-se a presença de autores ligados à História, Sociologia e Filosofia, com presença do pós-estruturalismo e da epistemologia feminista. A presença de Simone de Beauvoir pode estar ligada ao dossiê sobre a autora. O mesmo pode ser pensado sobre a forte presença de autoras ligadas à epistemologia feminista, uma vez que, nesse período, foram publicados Dossiês sobre gênero e ciência.

Assim, além da ligação a temáticas da primeira onda do feminismo, parece haver influência da política editorial do periódico e de suas escolhas de temas para os números e dossiês nos autores com maior frequência de citações nesse primeiro período. Esses resultados também podem estar relacionados ao desenvolvimento dos estudos de gênero no Brasil, que estavam ainda fortemente ligados às questões da categoria “mulher” enquanto sujeito de análise e à consolidação do tema enquanto área de estudo na ciência. Entre os autores com maior frequência de citações no segundo período, percebe-se uma maior presença de pesquisadores ligados aos estudos de sexualidade e identidade, com forte presença do pós-estruturalismo.

É possível perceber inúmeros autores brasileiros entre os mais citados do terceiro período. Além de pesquisadores especializados em Antropologia e Sociologia, há a presença daqueles especializados em Ciências Políticas. Entre as temáticas de pesquisa, há forte presença de pesquisas sobre envelhecimento, queer, masculinidades, direitos LGBT, políticas públicas, movimentos sociais e pesquisas com foco no Brasil e na América Latina.

Identifica-se nos autores mais citados nos três períodos a influência das perspectivas francesa e norte-america. A Antropologia e a Sociologia destacam-se, mais uma vez, como área do conhecimento com forte influência nos estudos de gênero no periódico cadernos pagu, bem como a vertente pós-estruturalista. A análise de citações permite enxergar quais autores fundamentam a área, revelando o lastro científico da revista cadernos pagu. O conjunto de autores citados reflete a identidade científica, especialmente em relação aos autores com maior frequência de reincidência, evidenciando o percurso intelectual, domínio científico, assim como os principais interesses e cerne científico da revista (Gracio, 2016GRÁCIO, Maria Cláudia Cabrini. Acoplamento bibliográfico e análise de cocitação: revisão teórico-conceitual. Encontros Bibli: Revista eletrônica De Biblioteconomia e Ciência da informação, v. 21, n. 47, Florianópolis, 2016, pp.82-99.).

Entre os autores mais citados na cadernos pagu, estão alguns dos mais citados na Revista Estudos Feministas (Matos, 2018MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018.): Foucault, Butler, Bourdieu, Scott, Louro, Strathern, Haraway, Heilborn, Fonseca, Meyer, Bozon, Derrida, Piscitelli, Giddens, Laqueur, Harding, Perrot, Connel, Hall, Alvarez, Beauvoir e Deleuze.

Considerações finais

A partir do estudo, foi possível caracterizar os artigos publicados no periódico cadernos pagu e identificar aspectos relevantes da produção científica sobre estudos de gênero. A implementação gradual de um Comitê editorial, pareceristas ad hoc e o estabelecimento de políticas editoriais e normas de publicação, junto com a conquista de apoios financeiros, alterou o perfil de publicação do periódico, gerando um padrão editorial e de publicação ao longo dos anos. Apesar da predominância dos artigos publicados em português, os esforços para a internacionalização do periódico com a política de aceitar submissões em espanhol e inglês e de traduzir para o inglês artigos submetidos em português contribuíram para um aumento significativo do número de artigos bilíngues no periódico.

As palavras-chave utilizadas pelos autores para descrever seus artigos indicam a concentração do uso de alguns termos (gênero, sexualidade, mulheres, feminismo, corpo, raça e masculinidade) e a dispersão das demais palavras-chave, o que pode ser causado pela diversidade temática e disciplinar dos estudos de gênero. Já a análise de temáticas por período de publicação indica que a escolha de palavras-chave para cada década de publicação do periódico parece seguir o desenvolvimento do feminismo e estudos de gênero.

Identificaram-se 704 autores para os 732 artigos do corpus da pesquisa, com uma baixa concentração de autores mais produtivos e dispersão dos demais. A distribuição de produtividades dos autores está de acordo com a Lei de Lotka. Os autores mais produtivos são filiados a universidades públicas federais, majoritariamente nacionais. O mesmo resultado foi encontrado ao analisar as instituições mais frequentes no periódico. Desses dados, emerge a discussão sobre a importância das universidades públicas federais para a pesquisa científica nacional, bem como a importância dos investimentos em C&T nessas instituições.

A região que mais publicou na cadernos pagu foi a Sudeste (53,2%), e a que menos publicou foi a Norte (1,2%), disparidade que está de acordo com o desenvolvimento da ciência no Brasil. O resultado expressivo de instituições internacionais de publicação pode ser explicado pela política da cadernos pagu de publicar a tradução de artigos relevantes aos estudos de gênero.

O perfil de colaboração do cadernos pagu parece seguir a tendência das publicações de estudos de gênero, com artigos escritos majoritariamente em autoria única. A colaboração entre países é baixa, seguindo a tendência da área de Ciências Sociais e Humanidades, às quais os estudos de gênero são majoritariamente ligados. O Brasil é o país com o maior número de colaboração com outros países. Foram identificadas 18.687 citações nesta pesquisa. Entre os periódicos com maior frequência de citações, destacam-se os nacionais publicados por universidades federais públicas e por associações, sociedades científicas e fundações. Destaca-se a presença de diversos periódicos voltados ao feminismo e aos estudos de gênero entre os mais citados.

Identificou-se uma dispersão de autores citados e um baixo número de autores com maior impacto na área. Entre os autores com maior frequência de citações entre 1993 e 2002, percebe-se a ligação com as áreas de História, Sociologia e Filosofia, com presença do estruturalismo e da epistemologia feminista. Os mais frequentes entre 2003 e 2012 têm pesquisas ligadas aos estudos de sexualidade e identidade, com forte presença do pós-estruturalismo. Já entre 2013 e 2019, há grande presença de pesquisadores brasileiros, e as pesquisas estão ligadas à Antropologia, Sociologia e Ciências Políticas, com temáticas como envelhecimento, queer, masculinidades, direito LGBT, políticas públicas, movimentos sociais e pesquisas com foco no Brasil e na América Latina.

Os resultados deste estudo estão em concordância com outras pesquisas bibliométricas sobre estudos de gênero. Estão, ainda, de acordo com as práticas de publicação das áreas majoritariamente ligadas aos estudos de gênero – Ciências Sociais e Humanidades –, conforme constatado em estudos nacionais e internacionais. O desenvolvimento histórico do feminismo e dos estudos de gênero pode ser observado nos resultados encontrados quando analisados por décadas.

Dada a importância do periódico cadernos pagu para os estudos de gênero, como indicado por diversas pesquisas, espera-se que os resultados encontrados neste estudo ajudem a compreender o desenvolvimento dos estudos de gênero no Brasil e do próprio periódico cadernos pagu. Sugerem-se novos estudos para ampliar os resultados desta pesquisa, como aprofundar os temas abordados nos artigos publicados com o uso do Tesauro para Estudos de Gênero e sobre mulheres, como utilizado por Matos (2018)MATOS, Gislaine Imaculada de. Estudos de gênero e feminismos: uma análise bibliométrica da Revista Estudos Feministas. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho, Marília, 2018. em seu estudo sobre a Revista Estudos Feministas; o levantamento de palavras de títulos e resumos dos artigos; o levantamento dos livros mais citados no periódico; e a influência de grupos e núcleos de estudos para o desenvolvimento da área e das publicações sobre estudos de gênero no país.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    Maio 2023

Histórico

  • Recebido
    21 Jun 2022
  • Aceito
    11 Out 2022
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