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Mulheres não são imigrantes passivas e nem vêm a reboque
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Palavras-chave

Amazônia
Feminização da imigração
Portuguesas
Trabalho
Arranjos domésticos

Como Citar

CANCELA, Cristina Donza. Mulheres não são imigrantes passivas e nem vêm a reboque: feminização da imigração, trabalho e arranjos domésticos de portuguesas em uma capital da Amazônia (Belém, c.1850 - c.1930). Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 70, p. e247004, 2024. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8677463. Acesso em: 2 nov. 2024.

Resumo

Neste artigo, discuto a feminização da imigração portuguesa para uma capital amazônica, Belém, entre 1850 e 1930, na perspectiva dos estudos feministas que levam em conta as categorias de classe social, gênero, sexualidade e raça. Meu objetivo é analisar a experiência das mulheres imigrantes a partir do fluxo de deslocamento, do trabalho e dos arranjos domésticos, questionando a noção de passividade e de acompanhante que lhes é atribuída, bem como a subordinação de seu trabalho. Concluo pontuando que a hierarquia de gênero e sexualidade reforça estereótipos que subalternizam a imigração feminina na História e na Historiografia. Por sua vez, a racialização positivada do corpo da mulher branca europeia foi acionada como contraponto às brasileiras. Metodologicamente, realizo o jogo de escalas da micro-história, associando à análise quantitativa o estudo de redes sociais.

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