Resumo
O artigo se desenvolve em torno de dois pontos principais. O primeiro consiste no esclarecimento de que a Teoria da Variação e Mudança tem, associado ao componente social, um componente gramatical, que não pode prescindir de uma teoria linguística, o que tem sido tomado como óbvio em diversos estudos da área, uma vez que raramente é explicitado. O segundo mostra que a adoção do quadro teórico de Princípios e Parâmetros, junto com uma refinada descrição da sintaxe das línguas que a Teoria gerativa oferece, foi a alternativa encontrada nos inícios dos anos 1980 para analisar à luz do modelo da Teoria da Variação processos de mudança paramétrica em curso no PB, num momento em que a mudança não entrava na agenda de Princípios e Parâmetros. Feitas as necessárias justificativas sobre tal associação, são apresentados resultados de estudos variacionistas sobre a mudança que envolve a representação do sujeito pronominal no PB. Esses resultados mostram que essa associação permite levantar hipóteses de trabalho e encontrar respostas para as questões empíricas do modelo da Teoria da Variação e Mudança, além de trazer contribuições para a evolução dos estudos teóricos desenvolvidos no âmbito da Teoria de Princípios e Parâmetros.
Referências
AVELAR, J. O. (2006). Gramática, competição e padrões de variação: casos com ter/haver e de/em no português brasileiro. Revista de Estudos da Linguagem, 4, p. 99-144.
BARBOSA, P.; M. E. L. DUARTE; M. A. KATO. (2005). Null Subjects in European and Brazilian Portuguese. Journal of Portuguese Linguistics, 4: p. 11-52.
BIBERAUER, T. et al. (2010). (Eds.). Parametric Variation: null subjects in Minimalist theory. Cambridge: C.U.P.
BERLINCK, R. de A. (1996). The Portuguese dative. In: W. BELLE; W. LANGENDONCK (Eds.) The dative: Descriptive studies, vol. 1. Amsterdam/ Phidadelphia: John Benjamins Publishing Company, p. 119-149.
BORGES NETO, J. (2004). A incomensurabilidade e a “compatibilização” de teorias. In: J. BORGES NETO. Ensaios de Filosofia da Linguística. São Paulo: Parábola Ed.
BRAGA, M. L. (1978). Concordância de número do Sintagma Nominal no Triângulo Mineiro, PUC-RJ.
CHOMSKY, N. (1981). Lectures on Government and Binding. Dordrecht, Foris.
COTE, S. A. (1996). Grammatical and discourse properties of null arguments in English. Tese (Doutorado), University of Pennsylvania.
CYRINO, S. (1993). Observações sobre a mudança diacrônica no português do Brasil: objeto nulo e clíticos. In I. Roberts; M. A. Kato (Orgs.), p. 163-184.
CYRINO, S. (1997). O objeto nulo no português do Brasil - um estudo sintático-diacrônico. Londrina: Editora da UEL.
CYRINO, S.; DUARTE, M. E. L.; KATO, M. A. (2000). Visible subjects and invisible clitics in Brazilian Portuguese. In: M. A. KATO; E. V. NEGRÃO. (Eds.), p. 55-73
DUARTE, M. E. L. (1993). Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajetória do sujeito no português do Brasil. In: I. ROBERTS; M. A. KATO. (Orgs), p. 107-128.
DUARTE, M. E. L. (1995). A perda do princípio “Evite Pronome” no português brasileiro. Tese (Doutorado), UNICAMP.
DUARTE, M. E. L. (2000a). Variação sintática e mudança paramétrica. Gragoatá, v. 9, p. 75-84.
DUARTE, M. E. L. (2000b). The loss of the ‘Avoid Pronoun’ Principle in Brazilian Portuguese. In: M. A. KATO; E. V. NEGRÃO (Eds.), p. 17-36.
DUARTE, M. E. L. (2003). A evolução na representação do sujeito pronominal em dois tempos. In: M.C. Paiva e M. E. L. DUARTE (Orgs.), p. 115-128.
DUARTE, M. E. L. (2007). Sobre outros frutos de “um projeto herético”: o sujeito expletivo e as construções de alçamento. In: A. de Castilho; Torres Morais, M. A; R. Lopes; S. Cyrino (Orgs) Descrição história e aquisição na história do português brasileiro. Campinas: Pontes, p. 35-48.
DUARTE, M. E. L. (2012). O sujeito em peças de teatro (1833-1992): Estudos diacrônicos. São Paulo, Parábola Ed.
DUARTE, M. E. L. (2013). O papel da sociolinguística na descrição da gramática da escrita contemporânea. In: M. A. Martins; M. A. Tavares (Orgs.). Contribuições da Sociolinguística e da Linguística Histórica para o ensino de língua portuguesa. Natal: Ed. da UFRN, p. 117-143.
DUARTE, M. E. L.; MOURÃO, G.; SANTOS, H. (2012). Os sujeitos de terceira pessoa: revisitando Duarte 1993. In: M. E. L. DUARTE, p. 21-44.
DUARTE, M. E. L.; G. MOURÃO e L. GUIMARÃES. (2012). A retomada dos sujeitos proposicionais: categoria vazia ou demonstrativo? In: M. E. L. DUARTE, p. 69-82.
DUARTE, M. E. L.; FREIRE, G. C. (2014). Como a escrita padrão recupera formas em extinção e recupera formas inovadoras. In: M. C. PAIVA e C. A. GOMES (Orgs.), p. 115-135.
DUARTE, M. E. L.; KATO, M. A. (2014). Variation in Syntax: null expletives and raised constituents in Brazilian Portuguese. Comunicação, NWAV43, Chicago.
DUARTE, M. E. L.; RAMOS, J. (2015). Variação nas funções acusativa, dativa e reflexiva. In: M. A. Marins e J. Abraçado (Orgs.). Mapeamento Sociolinguístico do Português Brasileiro: teoria, descrição e análise. São Paulo: Contexto.
EMMERICH, C. (1984). A língua de contato no Alto Xingu. Museu Nacional, Tese (Doutorado), UFRJ.
FREIRE, G. C. (2000). Os clíticos de terceira pessoa e as estratégias para sua substituição na fala culta brasileira e lusitana. Dissertação (Mestrado), UFRJ.
FIGUEIREDO SILVA, M. C. (2000). Main and embedded sull subjects in Brazilian Portuguese. In: M. A. KATO; E. V. NEGRÃO, E. V. (Orgs.), p. 127-145.
GOMES, C. A. (2003). Variação e mudança na expressão do dativo no português brasileiro. In: M. C. PAIVA; M. E. DUARTE (Orgs.), p. 81-96.
HAEGEMAN, L. (1990). Understood subjects in English diaries, Multilingua, 9, p. 157-159.
HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. (1979). Cohesion in English, London: Longman.
HENRIQUES, F. (2012). Construções com verbos de alçamento que selecionam um complemento oracional. In: M. E. L. DUARTE, p. 101-120.
HENRY, A. (2002). Variation and Syntactic Theory. In: J. K. Chambers et al. (Orgs.). The Handbook of Language Variation and Change. Oxford, Blackwell, p. 266-282.
KATO, M. A. (1999). Os frutos de um projeto herético: parâmetros na variação intra-linguistica. In: D. da HORA; E. CHRISTIANO (Orgs.) Estudos Lingüísticos: realidade brasileira. João Pessoa: Idéia, p. 95-106.
KATO, M. A. (2005). A gramática do letrado: questões para a teoria gramatical. In: M. A. MARQUES; E. KOLLER; J. TEIXEIRA; S. A. LEMOS (Orgs). Ciências da Linguagem: trinta anos de investigação e ensino. Braga: CEHUM (U. do Minho), p. 131-145.
KATO, M. A.; TARALLO, F. Anything YOU can do in Brazilian Portuguese. In O. Jaeggli; C. Silva-Corvalan (Eds.) Studies in Romance Linguistics. Dordrecht: Foris.
KATO, M. A.; NEGRÃO, E. V. (Eds.). (2000). Brazilian Portuguese and the Null Subject Parameter. Frankfurt/Madrid: Vervuert/Iberoamericana.
KATO, M. A.; TARALLO, F. (2003). The loss of VS Syntax in Brazilian Portuguese. In: I. SCHLIEBEN-LANGE, I. V. KOCH, K. JUNGBLUTH (Hrsg.) Dialog zwischen den Schulen. Münster: Nodus Publikationen, p. 101-129.
KROCH, A. (1989). Reflexes of grammar in patterns of language change. Language Variation and Change, 1, p. 199-244.
KROCH, A. (1994). Morphosyntactic variation. In: K. BEALS. Proceedings of the thirtieth annual meeting of the Chicago Linguistics Society. v. 2, p. 180-201.
KROCH, A. (2001). Syntactic Change. In BALTIN and COLLINS (Eds). The Handbook of contemporary Syntactic Theory. Mass: Blackwell, p. 699-729.
LABOV, W. (2006 [1966]). The social stratification of (r) in New York City department stores, UK: Cmbridge University Press, p. 40-57.
LAVANDERA, B. (1971-1982, 1978). Where does the sociolinguistic variable stop? Language in Society, 7, 2.
LEMLE, M.; NARO, A. (1977). Competências básicas do português. Rio de Janeiro: Mobral/MEC.
LI, Ch. e THOMPSON, S. (1976). Subject and topic: a new typology of language. In C. N. Li. (Org). Subject and Topic. New York: Academic Press Inc.
LIGHTFOOT, D. (1991). How to set parameters. Cambridge, MA: MIT Press.
LIRA, S. de A. (1982). Nominal, Pronominal and Zero Subject in Brazilian Portuguese. Tese (Doutorado), University of Pennsylvania.
LOPES, R. E. V. (2003). The production of subject and object in Brazilian Portuguese by a Young child. Probus, v. 15. N. 1, p. 121-144.
MARINS, J. (2009). O Parâmetro do Sujeito Nulo: uma análise contrastiva entre o português e o italiano. Dissertação (mestrado), UFRJ.
MARINS, J. (2012). As sentenças existenciais no PB: ecos da mudança na marcação paramétrica. In: M. E. L. DUARTE, p. 83-100.
MARINS, J. (2013). As repercussões da remarcação do parâmetros do Sujeito Nulo: um estudo diacrônico das sentenças existenciais com ter e haver no PB e no PE. Tese (Doutorado), UFRJ.
MODESTO, M. (2000). Null Subjects without “rich” agreement. In: M. A. KATO; E. V. NEGRÃO, E. V. (Orgs.), p. 147-174.
MODESTO, M. (2008). Topic prominence and null subjects. In: T. Biberauer (ed.). The limits of syntactic variation. Amsterdam: John Benjamins, p. 375-406.
MOLLICA, C. (1977). Estudo da cópia nas construções relativas em português. Dissertação (Mestrado), PUC-RJ.
MOREIRA DA SILVA, S. (1983). Études sur la Symétrie et l’Asymétrie SUJET/OBJET dans le Portugais du Brésil. Université de Paris VIII, Tese (Doutorado).
MOURA NEVES, M. H. de. (1999). Estudos Funcionalistas no Brasil. Revista DELTA, v. 15, 71-104.
OMENA, N. (1978). Pronome pessoal de terceira pessoa: suas formas variantes em função acusativa. Dissertação (Mestrado), PUC-RJ.
PAGOTTO, E. G. (1998). Norma e condescendência; ciência e pureza. Língua e Instrumentos Linguísticos, 1 (2). p. 49-68.
PAGOTTO, E. G. (2013). A norma da constituição e a constituição da norma no século XIX. Revista LETRA, Rio de Janeiro, UFRJ, v.1, p. 31-50.
PAGOTTO, E. G. (2006). Sociolinguística. In: C. C. PFEIFFER e J. H. NUNES (Orgs.). Introdução às Ciências da Linguagem - Linguagem, História e Conhecimento. Campinas. Pontes, p. 49-72.
PAIVA, M. C. e DUARTE, M. E. L. (Orgs.). (2003). Mudança Lingüística em Tempo Real. Rio de Janeiro: Contra Capa/Faperj.
PAIVA, M. C e GOMES, C. A. (Orgs.). (2014). Dinâmica da Variação e Mudança na Escrita. Rio de Janeiro: ContraCapa.
PAREDES SILVA, V. L. (1985). É isso aí: verbo ser e demonstrativos em função coesiva no português. PUCRJ e UFRJ. Comunicação apresentada durante o Encontro Nacional de Linguística, PUC-
RJ.
PAREDES SILVA, V. L. (1988). Cartas cariocas: A variação do sujeito na escrita informal. Tese (Doutorado), UFRJ.
PAREDES SILVA, V. L.; OLIVEIRA, A. (2014). “É isso aí”: a variação na referência estendida em diferentes gêneros de escrita. In: M. C. PAIVA e C. A. GOMES (Orgs.), p. 45-68.
RIZZI, L. (1982). Issues in Italian Syntax. Dordrecht: Foris.
RIZZI, L. (1988). The new comparative syntax: principles and parameters of universal grammar. Ms.
RIZZI, L. (1997) A parametric approach to comparative syntax: properties of the pronominal system. In: L. HAEGEMAN (Org.). The new comparative syntax, London: Longman, p. 268-285.
ROBERTS, I. (1993). Verbs and Diachronic Syntax. Dordrecht: Kluwer.
ROBERTS, I. (2012). Macroparameters and minimalism: a program for comparative research. In: C. GALVES, CYRINO, S.; LOPES, R.; SÂNDALO, F.; AVELAR, J. Parameter Theory and Linguistic Change. Oxford: Oxford University Press, p. 320-335.
ROBERTS, I. & KATO, M. A. (1993). Português Brasileiro: uma viagem diacrônica. Campinas: Pontes.
SANTOS, D.; SOARES DA SILVA, H. (2012). A ordem V-DP/DP-V com verbos inacusativos. In: M. E. L. DUARTE, p. 121-142.
SCHERRE, M. (1978). A regra de concordância de número no Sintagma Nominal em português, Dissertação (Mestrado), PUC-RJ.
SOARES DA SILVA, H. (2011). Evidências da mudança paramétrica em dados da Língua-E: o sujeito pronominal no português e no espanhol. Tese ((Doutorado), UFRJ.
TARA LLO, F. (1983). Relativization Strategies in Brazilian Portuguese. Tese (Doutorado), University of Pennsylvania.
TARA LLO, F. (1987). Por uma Sociolinguística Românica “Paramétrica”: Fonologia e Sintaxe. Ensaios de Linguística, UFMG, v. 13, p. 51-84.
TARA LLO, F. (Org.). (1989). Fotografias Sociolinguísticas. Campinas: Pontes/Ed. da Unicamp.
TARA LLO, F. (1993). Diagnosticando uma gramática brasileira: o português d’aquém e d’além mar ao final do século XIX. In: I. ROBERTS, I. e M. A. KATO (Orgs). p. 69-105.
TARA LLO, F. e KATO, M. A. (2007). Harmonia trans-sistêmica: variação inter e intralingüística. In: Preedição 5. Campinas, Unicamp. p. 315-353, 1989. [Artigo reeditado em Diadorim, Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ, vol. 2, p. 13-42.].
TORIBIO, J. (1996). Dialectal Variation in the licensing of null referential expletive subjects. In: Parodi; C., Quicoli, C.; Saltarelli, M.; Zubizarreta, M. L. (Eds.) Aspects of Romance Linguistics. Washington, DC: Georgetown University Press, p. 409-432.
WEINREICH, U.; LABOV, W. & HERZOG, M. (1986). Empirical Foundations for a Theory of Language Change In: W. Lehman and Y. Malkiel (Orgs.). Directions for historical linguistics. ustin: University of Texas Press, p. 97-195. [Artigo traduzido por M Bagno. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.].
O periódico Cadernos de Estudos Linguísticos utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.