Resumo
Este artigo descreve e analisa aspectos morfofonológicos e morfossintáticos dos nomes deverbais formados pelos nominalizadores –ção e –mento no Português Brasileiro, a partir de uma abordagem experimental. Para isso, desenvolvemos três experimentos com logatomas com intuito de averiguar a hipótese de que os falantes têm internalizados dois fatores que condicionam a seleção preferencial dos sufixos –ção e –mento: o fator morfofonológico, i.e., as classes temáticas verbais; e o fator sintático, i.e., a estrutura argumental do verbo base. Os resultados dos experimentos atestam que existe uma correlação significativa entre os fatores investigados e a escolha do sufixo nominalizador, assim como averiguamos no léxico (cf. Freitas 2014). Dessa maneira, tendo em vista um modelo sintático de formação de palavras como o da Morfologia Distribuída (Halle; Marantz 1993; 1994; Embick 2010; entre outros), argumentamos que o tipo de estrutura argumental dos verbos determina o comportamento morfofonológico e morfossintático dos nomes deverbais formados pelos sufixos –ção e –mento.
Referências
ALBRIGHT, A. A quantitative study of Spanish paradigm gaps. In G. Garding and M. Tsu-jimura (Eds.), WCCFL 22 Proceedings, Somerville, MA, pp. 1–14. Cascadilla Press. 2003.
ALBRIGHT, A. Lexical and morphological conditioning of paradigm gaps. In: Modeling ungrammaticality, ed. Curt Rice and Sylvia Blaho, 117–164. London: Equinox Publishing. 2009.
ALEXIADOU, A.; RATHERT, M (eds). The syntax of nominalizations across languages and frameworks. De Gruyter Mouton. 2010.
BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianópolis: Editora da UFSC, 2005.
BASÍLIO, M. Formação e Uso da Nominalização Deverbal Sufixal no Português Falado. In: CASTILHO, Ataliba; BASÍLIO, Margarida. (org.) Gramática do Português Falado. Vol. IV: Estudos Descritivos. Campinas: Editora da Unicamp / São Paulo: FAPESP, 1996a.
BORER, H. "Exo-skeletal vs. endo-skeletal explanations". In Moore, J. and M. Polinsky (eds). The Nature of Explanation in Linguistic Theory. Chicago: CSLI and University of Chicago Press. 2003.
BORER, H. In name only: Structuring sense vol 1. Oxford: Oxford University Press. 2005a.
CÂMARA JUNIOR, J. Estrutura da língua portuguesa. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1970.
EMBICK, D. Localism versus Globalism in Morphology and Phonology. Cambridge, MA: MIT Press. 2010.
FREITAS, M. L. Two nominalizing suffixes in Brazilian Portuguese: locality constraints on morphophonological realization. In: Cadernos de Estudos Linguísticos v. 56.1; Campinas, 2014.
FREITAS, M. L. Estudo experimental sobre os nominalizadores –ção e –mento: localidade, ciclicidade e produtividade. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Campinas, SP. 2015.
GRIMSHAW, J. Argument Structure. Linguistic Inquiry Monograph Eighteen. Cambridge, MA: MIT Press. 1992.
HALE, K.; KEYSER, S. J. Prolegomenon to a theory of argument structure. Cambridge, MA: MIT Press. 2002.
HALLE, M.; MARANTZ, A. “Distributed Morphology and the Pieces of Inflection,” in Kenneth Hale and Samuel Jay Keyser, eds., The View from Building 20: Essays in Linguistics in Honor of Sylvain Bromberger, MIT Press, Cambridge, MA, 111–176. 1993.
HALLE, M.; MARANTZ, A. Some key features of distributed morphology. MIT Working Papers in Linguistics 21: Papers on phonology and morphology. p. 275–288. Cambridge, MA: MIT Press. 1994.
HARLEY, H. "Bare Phrase Structure, Acategorial roots, one-replacement and unaccusativity," Harvard Working Papers on Linguistics Vol. 9, ed. by Slava Gorbachov and Andrew Nevins. 2005.
HARLEY, H. "On the identity of roots". Theoretical Linguistics. Vol. 40. N.3-4. 2014.
NEVINS, A. Productivity and Portuguese Morphology: How Experiments Enable Hypothesis-Testing. In: Going Romance 2013 Proceedings. 2014.
NEVINS, A.; RODRIGUES, C. Naturalness biases, ‘morphomes’, and the Romance First Person Singular. Paper presented at IGG, Sevilla. 2012.
NEVINS, A.; RODRIGUES, C. “The L-syntax of athematic past participles: evidence from wug experiments.” Revista da ABRALIN. 2014.
OLIVEIRA, S. M. Os sufixos nominalizadores –ção e –mento. Estudos Linguísticos XXXVI(1). 2007.
OLTRA-MASSUET, I. On the notion of theme vowel: A New Approach to Catalan Verbal Morphology. Master thesis. MIT, Cambridge, MA. 1999.
ROCHA, Luiz Carlos de Assis. A nominalização no português do Brasil. Revista de Estudos da Linguagem 8: 1, p. 5-52, 1999.
SANTOS, C. M. Os sufixos -ção e -mento na construção de nomes de ação e de processo: Contribuições à prática lexicográfica. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: UFRS, 2006.
TANG, K.; ANDREW, N. Quantifying the Diachronic Productivity of Irregular Verbal Patterns in Romance. UCL Working Papers in Linguistics 25. 2013.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Cadernos de Estudos Linguísticos