TY - JOUR AU - Scarpa, Ester Mirian AU - Snichelotto, Cláudia Andrea Rost Snichelotto AU - Fernandes-Svartman, Flaviane Romani PY - 2017/12/04 Y2 - 2024/03/29 TI - Deslizamento funcional de marcadores discursivos e entoação em narrativas infantis JF - Cadernos de Estudos Linguísticos JA - Cad. Est. Ling. VL - 59 IS - 3 SE - Artigos DO - 10.20396/cel.v59i3.8650985 UR - https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8650985 SP - 499-517 AB - Este trabalho objetiva estudar a coesão entoacional e o deslocamento funcional do marcador discursivo “então” na fala da criança. Baseia-se em duas hipóteses conexas: (i) as primeiras manifestações de coesão textual nas protonarrativas infantis são de cunho prosódico, notadamente numa fase em que os sujeitos não produzem nem narrativas propriamente ditas, nem marcas formais consideradas na literatura como coesivas; e (ii) no processo de aquisição da linguagem, certos marcadores discursivos têm função diferente daquela usada pelo adulto e deslocam-se funcionalmente. Trata-se do estudo de caso da fala de uma criança, R., cujos dados recobrem a faixa etária de 1;64 a 2;6. Fora selecionados trechos da fala da criança em excertos interpretados como narrativa e a entoação foi analisada através do software PRAAT e com base nos pressupostos teóricos da Fonologia Entoacional (PIERREHUMBERT , 1980; BECKMAN; PIERREHUMBERT, 1986; LADD,1996). Os resultados indicam que marcas prosódicas imprimem coesão em sequências de fragmentos enunciativos, significáveis pelo adulto como marcas de narratividade. Tais marcas revelam a emergência de “paratons” (sequência de frases entoacionais coesivas, dando a impressão gestáltica de um todo coeso). Não há uma “gramática narrativa” propriamente, nem conteúdo lexical reconhecível como tal. As marcas prosódicas, que incidem sobre o marcador “então” e sobre uma sequência de fragmentos de enunciados constituídos por frouxos vínculos sintáticos em instâncias narrativas, imprimem efeito de inteireza textual aos fragmentos. Esses resultados condizem com a hipótese de que a prosódia tem um papel textual aquisicional, e que os marcadores  discursivos se deslocam funcionalmente nesse processo. ER -