Banner Portal
A auto-organização como mecanismo para a resolução da variação linguística
PDF

Palavras-chave

Variação linguística. Sistemas adaptativos complexos. Resolução da variação.

Como Citar

OLIVEIRA, Marco Antônio de. A auto-organização como mecanismo para a resolução da variação linguística. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 58, n. 3, p. 383–399, 2016. DOI: 10.20396/cel.v58i3.8647224. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8647224. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

Este texto examina as maneiras pelas quais a variação linguística tende a ser resolvida. Para tanto adoto, de início, a perspectiva da linguagem como um sistema adaptativo complexo. Nessa perspectiva a linguagem é considerada também como um sistema não linear e dissipativo, que interage com o ambiente em que ocorre. A auto-organização é entendida aqui, de acordo com Camazine et. al. (2001), como a emergência de uma ordem mais alta que se estabelece a partir da interação entre elementos mais baixos do sistema e que tem como mecanismo central a retroalimentação. A alegação principal desse texto é a de que um sistema linguístico que tenha sido perturbado por algum tipo de retroalimentação positiva acabará recuperando, ao longo do tempo, sua estabilidade através de uma retroalimentação negativa, sob a ação de atratores periódicos e não periódicos. Alguns casos de variação linguística no português brasileiro são retomados aqui para dar suporte à minha alegação principal. Ao final, apresento a sugestão de que o efeito dos atratores não periódicos tem precedência sobre a atuação de atratores periódicos, o que apoia a ideia de que qualquer análise da variação linguística deve considerar os aspectos etológicos e ecológicos da questão.

https://doi.org/10.20396/cel.v58i3.8647224
PDF

Referências

ABAURRE, M. B. M. (org.): A construção fonológica da palavra. São Paulo: Editora Contexto, 2013.

ABAURRE, M. B. M. & PAGOTTO, E. G.: Consoantes em ataque silábico: palatalização de /t, d/. In, ABAURRE, 2013, p. 195-236.

ARNOLD, V. I.: Teoria da catástrofe. Campinas: Editora da Unicamp, 1989.

BATTISTI, E.; DORNELLES FILHO, A. A.; LUCAS, J. I. P. & BOVO, N. M. P.: Palatalização das oclusivas alveolares e a rede social dos informantes. In, Revista virtual de estudos da linguagem – REVEL vol. 5, n. 9, agosto, 2007.

BATTISTI, E.: Variação. In, BISOL, L. & SCHWINDT, L. C. (orgs.). Teoria da Otimidade: Fonologia. Campinas: Pontes Editores, 2010, p. 271-290.

BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral II. Campinas-SP, Pontes, 1989.

BLONDEAU, H.; SANKOFF, G. & CHARITY, A:. Parcours individuals et changements linguistiques en cours dans la communauté francophone montréalaise. In, Revue Québécoise de Linguistique 31, 2003, p. 13-38.

BLOOMFIELD, L.: Language. New York: Holt, 1933.

De BOER, B.: Self-organisation in language. In, C. Hemelrijk (ed.) Proceedings of the international workshop on Self-organization and Evolution of Social behavior. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 123–139.

BRANDÃO, S. F.: Variação e mudança no âmbito do vocalismo. In, MARTINS, M. A. & ABRAÇADO, J. (orgs.), 2015, p. 11-38.

CALLOU, D.: Variação e mudança no âmbito do consonantismo. In, MARTINS, M. A. & ABRAÇADO, J. (orgs.), 2015, p. 39-64.

CAMAZINE, S.; DENEUBOURG, J-L.; FANKS, N. R.; SNEYD, J.; THERAULAZ, G. & BONABEAU, E. Self-organization in biological systems. Princeton: Princeton University Press, 2001.

CAPRA, F. Complexity and life. In, CAPRA, F.; JUARRERO, A.; SOTOLONGO, P. & van UDEN, J. (Eds), Reframing complexity – Perspectives from the North and South. Mansfield: ISCE Publishing, 2007, p. 3-25.

CARMO, M. C.: As vogais médias pretônicas na variedade do interior paulista. Tese (Doutorado em Linguística)- IBILCE, UNESP, São José do Rio Preto, 2013, 294 páginas.

DIAS, M. R.: Estudo comparativo da variação das vogais médias pretônicas em falares mineiros. Tese (Doutorado em Linguística), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014, 372 páginas.

FRANCHI, C.: Linguagem – atividade constitutiva. Cadernos de Estudos Linguísticos 22, UNICAMP, p. 9-40, 1992.

FRANK, Roslyn: The Language-organism-species analogy: A complex adaptive systems approach to shifting perspectives on "language". In, Frank, R. M.; Dirven, R.; Zienke, T. & Bernárdez, E. (eds.), Body, Language and Mind – Volume 2: Sociocultural Situatedness. Berlin – New York, Mouton de Gruyter, p. 215-262, 2007.

GIBSON, J. J.: The ecological approach to visual perception. New York: Psychology Press, 1986.

HAUSER, M. D.; CHOMSKY N.; FITCH, W. T.. The faculty of language: what is it, who has it, and how did it evolve? In Larson, R. K., V. Deprez & H. Yamakido (eds.): The evolution of language – Biolinguistic perspectives. Cambridge: Cambridge University Press, p. 14-42, 2010.

JACOB, F. A lógica da vida. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.

JAKOBSON, R.: Principles of historical linguistics. In, Baldi, Philip & R. N. Werth (eds.), Readings in historical phonology – Chapters in the theory of sound change, The Pennsylvania State University Press, p. 103-120, 1978/1931.

LABOV, W. Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1972.

LABOV, W. Principles of Linguistic Change, Vol. 2 – Social Factors. Oxford: Blackwell, 2001.

LABOV, W. Principles of Linguistic Change, Vol. 3 – Cognitive and Cultural Factors. Oxford: Wiley-Blackwell, 2010.

LABOV, W.; YAEGER, M. & STEINER, R.: A quantitative study of sound change in progress. Philadelphia: US Regional Survey, 1972.

MARCHETTI, G.: Consciousness, Attention and Meaning, New York: Nova Science Publishers Inc., 2010.

MARTINS, M. A. & ABRAÇADO, J. (orgs.). Mapeamento sociolinguístico do português brasileiro. São Paulo: Editora Contexto, 2015.

MOTA, J. A. & CARDOSO, S. M.: Variação fônica nas capitais brasileiras. In, MARTINS, M. A. & ABRAÇADO, J. (orgs.), 2015, p. 65-78.

MONTEIRO, L. H. A.: Sistemas Dinâmicos. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2006.

OLIVEIRA, M. A.: Variação fonológica: o indivíduo e a comunidade de fala. In, Cortina, Arnaldo. & Nasser, Sílvia M. G. C.R (orgs.), Sujeito e Linguagem, São Paulo: Cultura Acadêmica, p. 97-115, 2009.

OLIVEIRA, M. A.: A variação fonológica na perspectiva da linguagem como um sistema adaptativo complexo. In, MAGALHÃES, José (org) Linguística in Focus 10: Fonologia. Uberlândia, EDUFU, p. 11-35, 2014.

OLIVEIRA, M. A.: Por uma abordagem etológica e ecológica da variação linguística. In, Parreira; M. C; Cavalari, S. M. S.; Abreu-Tardelli, L.; Nadin, O. L. & Costa, D. S. (orgs.), Pesquisas em Linguística no século XXI: perspectivas e desafios teóricos-metodológicos, São Paulo: Cultura Acadêmica, p. 45-70, 2015.

POPE, J.: The social history of a sound changeon the island of Martha's Vineyard, Massachusetts: forty years after Labov. Dissertação de mestrado. Edinburgh: University of Edinburgh, 2002.

QUANDT, V.: O comportamento da lateral anterior na fala do norte-noroeste fluminense. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

WEINREICH, U., W. LABOV & M. HERZOG. Empirical foundations for a theory of language change. In, LEHMANN, W. P. & Y. MALKIEL (eds), Directions for historical linguistics. Austin: University of Texas Press, 85-195, 1968.

O periódico Cadernos de Estudos Linguísticos utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.