q`bjbjqPqP?::x%H H H \ D"D"D"8|"d"L\ M;8#8#.f#f#f#f#f#f#:::::::$c=h?:H ,(f#f#,(,(:H H f#f#;999,( H f#H f#:9,(:99H H 9f#,# i>D"5F9:L;0M;9@9@9@H 9f#$9P%%8f#f#f#::9^f#f#f#M;,(,(,(,(\ \ \ d\ \ \ \ \ \ H H H H H H  A geografia e os esportes: uma pequena agenda e amplos horizontes Gilmar Mascarenhas de Jesus Universidade do Estado do Rio de Janeiro Resumo Os esportes vm adquirindo magnitude crescente na atualidade, despertando a ateno de diversos ramos da produo cientfica. A geografia, movida por suas transformaes recentes, comea a se debruar sobre este rico e vasto campo de investigao, disposta a oferecer uma contribuio e um olhar peculiares. No Brasil, ainda incipiente a investida de gegrafos sobre os esportes, de forma que o presente artigo pretende apresentar um pequeno conjunto de temas como sugesto de trabalhos futuros. Por outro lado, no sentido de argumentar a favor da viabilidade de uma geografia dos esportes, pretende-se tambm discutir os nexos entre a anlise geogrfica e o domnio esportivo, tomando este como fato emprico e como problematizao terico-conceitual. Palavras-Chave: Geografia; Esportes; Transdisciplinaridade. Introduo bastante compreensvel a reao de estranhamento provocada em quem se depara pela primeira vez com o inusitado casamento entre os esportes e a geografia. Para os gegrafos e demais profissionais que no lidam diretamente com a prtica esportiva, os esportes evocam sobretudo questes relacionadas performance dos atletas, preparao fsica e treinamento, regras, tticas e as atuais discusses ticas e jurdicas sobre doping. De fato, nada disso tem relao direta com a dinmica espacial ou outras questes centrais em geografia. Por outro lado, muitos dos estudiosos do fenmeno esportivo tendem a ver a geografia como a velha disciplina escolar voltada memorizao entediante dos acidentes fsicos e humanos na paisagem, alm de outras preocupaes pouco estimulantes como interminveis listas de topnimos, ndices pluviomtricos, indicadores demogrficos, extensas pautas de exportaes, etc. A geografia vem sofrendo uma grande transformao nas ltimas dcadas, cuja profundidade e teor no cabem nos limites deste artigo. No Brasil, vale registrar a rica contribuio de Milton Santos (cuja amplitude tambm no cabe aqui), que vem colaborando no revigoramento e renovao terico-conceitual desta disciplina. Em sntese, Santos vem h dcadas investindo na teorizao do espao geogrfico a partir dos sistemas tcnicos e da dialtica da totalidade em suas diferentes escalas espao-temporais, insistindo na natureza ativa do espao frente dinmica da sociedade: o espao como condicionante para a ao humana, impondo barreiras ou oferecendo atrativos, e no como mero palco passivo do acontecer social. Seguindo orientao terica distinta porm investindo nesta mesma linha de valorizao do papel ativo do espao na vida social, outro famoso gegrafo afirma que em nenhuma outra era a dimenso espacial foi to relevante em nossas vidas como na ps-modernidade. Pensamos tambm em Denis Cosgrove, que nos alerta para uma nova geografia que ultrapassa os limites de um funcionalismo utilitrio de foras demogrfico-econmicas para operar com outras lgicas e motivaes humanas, que produzem paisagens repletas de significados. Nesta esteira de amplos horizontes aberta por pensadores de uma nova geografia que procuramos introduzir os esportes na reflexo e anlise geogrficas. Acreditamos que existem nexos claros entre esta nova geografia e determinados campos/linhas de investigao dos esportes. Os estudiosos que tratam o fenmeno esportivo numa perspectiva mais ampla (em particular os que se ocupam da esportivizao da sociedade ou constituio do esporte moderno) vm conduzindo suas reflexes a partir de diversas matrizes terico-metodolgicas, mas sem dvida h que se destacar nestas o peso de dois pensadores: Norbert Elias e Pierre Bourdieu. Conceitos centrais como configurao (Elias) e produo da demanda esportiva (Bourdieu) requerem necessariamente um esforo de contextualizao das prticas corporais, e supomos que este contexto envolve tambm as bases espaciais (localizao, organizao e dinmica do territrio, etc), sob as quais determinada sociedade existe e se move. E assim, o presente texto trata de levantar questes em torno da natureza geogrfica da prtica esportiva, isto , apresentar aspectos que evidenciam a possibilidade da abordagem geogrfica dos esportes. Pretendemos simultaneamente apontar algumas possibilidades de tratamento geogrfico do fenmeno esportivo, esboando uma pequena agenda de trabalho, muito longe porm de esgotar o amplo conjunto de problematizaes viveis. Devemos salientar que, devido a uma trajetria pessoal de dedicao geografia urbana, grande parte dos nexos e das propostas de investigao se dirigem ao espao urbano. E tambm que o futebol acabou sendo ligeiramente privilegiado no conjunto das modalidades esportivas, no apenas por seu amplo significado na cultura brasileira mas tambm por se tratar de tema de tese em desenvolvimento. E queremos, ainda, mencionar o fato de termos apresentado uma proposta (j aprovada pelo Departamento de Geografia da UERJ) de criao de uma cadeira eletiva denominada geografia dos esportes, que sintetiza toda uma perspectiva de tratamento do tema em pauta, e que auxiliar na visualizao do contedo geral deste novo campo de investigaes em geografia. As Bases Geogrficas dos Esportes Modernos Os esportes, enquanto fenmeno social, se realizam a partir de determinadas condies histricas e geogrficas, ainda que este ltimo conjunto de condies nem sempre seja reconhecido. Huizinga faz uma nica aluso significativa base espacial ao tratar do advento dos esportes modernos na Inglaterra: (...) a geografia do pas e a natureza do terreno, predominantemente plano e oferecendo em toda a parte os melhores campos de jogo nos prados comunitrios, os commons, tambm tiveram a maior importncia. Foi assim que a Inglaterra se tornou o bero e o centro da moderna vida esportiva. Consultando trabalhos recentes realizados no Brasil, podemos verificar em alguns deles o reconhecimento da importncia do que aqui chamamos de base geogrfica no entendimento do fenmeno esportivo. Ricardo Lucena, por exemplo, vislumbrou no processo de transformaes espaciais da cidade de Vitria os contedos de modernizao que resultaram em ambiente propcio ao advento da prtica esportiva. Marilita Rodrigues segue caminho semelhante para identificar na geografia segregacionista e disciplinadora da Belo Horizonte moderna os lugares e momentos da vida esportiva local. Operando na escala regional, Fernando Mezzadri explica o desenvolvimento esportivo paranaense levando em conta a evoluo do territrio: de zona de passagem expanso cafeeira e posterior urbanizao. As vinculaes do esporte com a base territorial vm de tempos remotos. Norbert Elias sugeriu que os esportes modernos so muitas vezes herdeiros de antigas tradies ldicas (consagradas na literatura como folkgames), que sofreram uma progressiva esportivizao no mbito do processo civilizador. Queremos acreditar que, neste sentido, muitas modalidades esportivas tendem a resgatar e a redefinir certas relaes que h sculos o homem estabelece com a natureza, no apenas ldicas, mas tambm de trabalho. Algumas atividades humanas que no passado tiveram significado de luta pela sobrevivncia (busca de alimentos, fuga do perigo, etc.) parecem ter sido reinventadas com conotao ldica e competitiva, tornando-se modalidades esportivas. o caso, supostamente, do alpinismo, da natao, das regatas, do surfe, do hipismo, da esgrima, do arco & flecha, da prpria corrida, das vrias formas de luta corporal, entre tantas outras modalidades esportivas baseadas no empenho individual em superar desafios impostos pelas foras da natureza, tais como a gravidade, a presso do ar, a dinmica das guas, o domnio de animais, etc. O conhecimento e manejo dos elementos da natureza compem, em cada regio, um amplo acervo cultural, e parece-nos razovel pensar que possivelmente os diferentes gneros de vida e as diferentes paisagens naturais forneceram certas bases para diversas modalidades esportivas do mundo atual. Esta evidente relao com o quadro natural sugere um amplo caminho de investigaes geogrficas. Uma delas estudar a dimenso ecolgica de cada modalidade esportiva, desde sua origem aos impactos ambientais atuais. O gegrafo enquanto agente de planejamento territorial pode, a partir de um diagnstico socioambiental, ajudar a estabelecer as reas mais apropriadas para a prtica de cada esporte, minimizando assim impactos negativos ao meio ambiente. A expanso recente dos chamados esportes radicais, por exem-plo, demanda sobremaneira tal estudo, posto que muitas vezes tais atividades procuram a aventura em reas de natureza praticamente intocada (montanhas, alto curso de rios e mesmo desertos), tendendo a causar impactos significativos, sobretudo quando promovem eventos cuja divulgao visa atrair maior fluxo de visitantes, j no mbito do turismo esportivo. Augustin chama a ateno para o carter de incerteza/indefinio territorial destes novos esportes de aventura, vistos como atividades de difcil controle/planejamento e conseqentemente de maior potencial de danos natureza e sociedade. Por outro lado, Rita Fernandes nos lembra que se trata de espetculos esportivos destinados quase exclusivamente ao pblico telespectador, o que minimiza o afluxo de espectadores diretos e conseqentemente (supomos) reduz os impactos ambientais nos locais escolhidos por estas modalidades para a realizao de eventos. No que tange configurao territorial, isto , ao arranjo sistmico-funcional dos objetos geogrficos no territrio, os esportes merecem a observao cuidadosa dos gegrafos, posto que sua prtica implica transformaes significativas na forma e na dinmica territoriais. Basicamente, o esporte deve ser encarado como uma atividade econmica, particularmente quando realizado em carter oficial, de competio, e oferecido sociedade (pblico espectador) como um artigo de consumo. Enquanto atividade econmica voltada para o entretenimento comercializado, o esporte precisa ser oferecido em lugares apropriados. So estdios, ginsios, pistas diversas, enfim, um amplo conjunto de equipamentos fixos na paisagem e geralmente de grande porte fsico, o que resulta em maior capacidade de permanncia. So tambm objetos de grande visibilidade na paisagem urbana, comparecendo assiduamente no repertrio imagtico da sociedade, como por exemplo nos mapas mentais, aqueles que procuram sintetizar a percepo humana em uma cartografia subjetiva, calcada em sentimentos do homem comum diante dos lugares. Tais objetos, alm de se apresentarem freqentemente como paisagem durvel (decorrente do grande investimento necessrio para edificao) e ampla visibilidade (decorrente do porte fsico), podem ainda constituir importante centralidade fsica e simblica no interior do espao urbano. Os grandes estdios, por exemplo, so planejados de forma a facilitar o grande afluxo de espectadores em dias de importantes eventos, quando o longo silncio das estruturas de concreto armado cede lugar ao delrio da multido. Desta maneira, tendem a se inserir em reas bem servidas de meios e vias de transporte, ou ainda, segundo tendncia mais recente, localizar-se fora da rea mais densamente urbanizada, de modo que o prprio equipamento crie a demanda de investimentos de melhoria da acessibilidade. Neste caso, no diferem de outros grandes objetos geogrficos detentores de poder de reorganizar a base territorial circundante, como os modernos shopping centers. Os grandes estdios de futebol cumprem papel relevante na reproduo social urbana no Brasil, onde o calendrio futebolstico demarca os tempos e os horizontes da vida cotidiana. Em suma, os esportes produzem uma paisagem prpria, e esta estabelece um dilogo constante com a sociedade e com o entorno. Afetam o espao geogrfico e so tambm por ele afetados. Esta a tnica do central do breve conjunto de sugestes temticas que apresentamos a seguir. Horizontes de Investigao Os equipamentos esportivos afetam diretamente a dinmica urbana, cada um segundo uma lgica locacional e uma forma espacial que deriva da prpria modalidade esportiva que o criou. Por constituir esporte de elite, e por consumir extensas reas que mantm-se verdes e silenciosas, o golf por exemplo produz campos que notavelmente valorizam os terrenos vizinhos. John Bale estima que no Reino Unido (onde tais campos de monocultura ocupam preciosos 80 mil hectares de terra) a presena de campos de golf valorizam em mdia as propriedades mais prximas em cerca de 10%. O gegrafo norte-americano Bob Adams acredita que em muitos casos campos de golf so criados mais por finalidades de valorizao fundiria que propriamente para a prtica esportiva. No Rio de Janeiro, valeria a pena investigar o caso do Gavea Golf Club, situado no bairro de So Conrado: os interesses envolvidos no projeto, seu impacto no uso e valorizao do entorno, e outros aspectos. Tambm os hipdromos tornaram-se equipamentos vistos como externalidade positiva no mercado imobilirio. At meados do sculo XVIII, entretanto, as corridas de cavalo na Europa se realizavam geralmente em rsticas pistas providas apenas de cercas para aglomerar em p os poucos curiosos e apostadores, em reas mais afastadas do centro urbano. O crescimento das cidades e a expanso da indstria do espetculo esportivo (venda de ingressos) propiciaram melhorias materiais significativas nesta paisagem, como a construo de arquibancadas e pavilhes sociais, que produziram o moderno hipdromo. E por fim. a famosa reforma do Baro de Haussmann em Paris emprestou glamour ao turfe, ao edificar no Bois de Boulogne o belssimo e imponente hipdromo de Antenil. Desde ento, quase todas as grandes cidades que desejaram viver plenamente a belle poque dedicaram um lugar especial (junto aos bairros de elite) construo de um majestoso hipdromo. No Rio de Janeiro, a trajetria espacial deste equipamento no fugiu regra, espelhando alis muito bem as profundas transformaes urbanas decorrentes do advento da modernidade. Em 1850 j existe no Rio de Janeiro uma pista situada entre Benfica e a Quinta da Boa Vista, onde se realizam espetculos turfistas com movimento de apostas, promovidos por ricos comer-ciantes, eles mesmos proprietrios dos cavalos. A atividade rapidamente evolui, e no ano de 1868 se edifica por iniciativa privada um verdadeiro hipdromo (pista dotada de arquibancadas), o outrora famoso Prado Fluminense, prximo estao ferroviria de So Francisco Xavier. Mas j se iniciava neste momento o processo de valorizao da orla (via difuso do banho de mar) que comea a alterar no mapa da cidade a distribuio das classes sociais e das benesses do poder pblico. No final do sculo XIX, o outrora aristocrtico arrabalde de So Cristvo j perdera para Botafogo a condio de opo residencial para privilegiados, que por sua vez o perder em breve para Copacabana. E assim, no incio do sculo XX, est bem delineada no Rio de Janeiro uma segregao residencial que estabelece toda a zona sul como rea nobre, tornando o majestoso Prado Fluminense um ornamento geograficamente deslocado. E assim se edifica o imponente hipdromo do Joquey Club na Gvea (inaugurado em 1926), corrigindo uma distoro locacional que a evoluo urbana havia imposto ao turfe. Este sem dvida um processo a ser melhor estudado, sobretudo investigando os vnculos do novo hipdromo com o capital imobilirio. Retomando o futebol, mas mantendo o foco sobre o mercado de terras urbanas, podemos detectar outros processos que vinculam os esportes com interesses de agentes ligados especulao imobiliria. Verificou-se por exemplo, na cidade de Montevidu do incio do sculo, o uso do futebol popular (aquele praticado informalmente, em reas livres) como instrumento de valorizao de terrenos em processo de ocupao. Sierra exibe um cartaz de propaganda de um novo loteamento em 1912 no qual se exalta a disponi-bilidade de espacios y canchas para liberar el incontenible deseo de jugar ftbol. No Brasil, tambm verificamos casos similares. Eclea Bosi, em seu clssico Lembrana de Velhos, recolheu depoimentos de antigos moradores da cidade de So Paulo que falam de espaos cedidos por donos de loteamentos para a criao de campos e clubes destinados prtica do futebol. Tal procedimento visaria atrair novos moradores: quando tinha um clube, vinha o progresso. A acelerao das vendas de lotes populares valorizava a rea e, no raramente, uma vez adensado demograficamente o loteamento, o antigo terreno destinado ao futebol era vendido a uma indstria interessada na abundante oferta local de mo-de-obra barata. Trata-se de mais uma estratgia imobiliria de utilizao pouco escrupulosa de grupos sociais marginalizados para fins de maximizao do lucro. O campo das identidades territoriais tambm pode ser visitado a partir do conjunto de vivncias propiciado pelo esporte, campo que suscita sentimentos identitrios em escalas diversas. Sobre o futebol e a escala nacional, Eric Hobsbawm j afirmou que a nao, essa imaginria comunidade de milhes, esse exerccio de abstrao difcil para as camadas populares, parece bem mais real na forma de um time com onze pessoas e com um nome. No Brasil, quando ouvimos o hino nacional, a imagem sbita e mais recorrente que nos advm a da seleo nacional de futebol postada solenemente no campo, minutos antes de mais um importante confronto internacional. Poderamos recorrer a vrios outros exemplos, desde o reiterado uso abusivo do futebol por regimes ditatoriais at o recente processo verificado no Leste Europeu onde, segundo Boniface, cientes de que o futebol ajuda a forjar uma nao (algo fundamental em regies traumatizadas por conflitos tnicos e separatismos), a primeira manifestao dos novos estados independentes foi buscar adeso FIFA, antes mesmo de procurar a ONU. Para no nos estendermos nesta infindvel lista de nexos e de possibilidades de tratamento geogrfico dos esportes, encerraremos com uma aluso aos grandes eventos esportivos internacionais: os Jogos Olmpicos e as Copas do Mundo. Deles poderamos extrair diversas questes de interesse para a geografia. O gegrafo Jean-Pierre Augustin, por exemplo, trata da dimenso geopoltica dos Jogos Olmpicos, e do quanto estes representam uma vitrine das potncias econmicas, alimentando a lgica das profundas desigualdades no plano internacional. Pensamos novamente na urbanizao: estes grandes eventos tendem cada vez mais a mobilizar poderosos investimentos nas cidades que os sediam. O caso de Barcelona (sede dos Jogos Olmpicos de 1992) exemplar pelo impacto produzido na forma urbana, e vem suscitando diversos estudos, direcionados no apenas cidade de Barcelona. No Rio de Janeiro, recentemente, a candidatura da cidade a sediar os Jogos Olmpicos de 2004 gerou ampla mobilizao popular e inmeros projetos urbansticos destinados a preparar a cidade para tal possibilidade. Valeria uma abordagem geogrfica da cidade sob esta perspectiva, em vrias pesquisas que poderiam abranger a configurao fsico-territorial existente, os diversos projetos, o amplo debate suscitado (no apenas entre tcnicos e polticos), a releitura da cidade e os provveis impactos da realizao dos Jogos Olmpicos, entre outros aspectos. Consideraes Finais Entendemos que geografia e esportes formam, primeira vista, um casamento inusitado, mas com grandes perspectivas futuras. Muitas vezes, trata-se apenas de superar um preconceito para notar que a geografia j produz vias de anlise bastante adequadas ao tratamento do fato esportivo. Milton Santos, por exemplo, ao tratar das novas condies da fluidez (capacidade ampliada de deslocamento espacial, superando distncias e barreiras), afirma que estas se baseiam em formas, normas e informaes universais. Os esportes modernos cumprem plenamente estes requisitos, exibindo equipamentos (formas), regras (normas) e informaes universais. Por outro lado, Correa, ao propor um elenco de temas para investigao em geografia cultural, cita o carter simblico de prdios, monumentos (...); a cultura popular (variao espacial); os contatos e conflitos culturais resultantes do processo migratrio. Seguindo suas sugestes podemos, respectivamente, trabalhar com o crater simblico dos estdios, com o futebol (como lazer popular) e sua variao regional, e ainda com os esportes que se difundiram atravs de migraes (o futebol e os ingleses, por exemplo). A geografia dos esportes est apenas sendo esboada no Brasil, enquanto j conta em certos pases (Frana, EUA, Inglaterra) com notvel desenvolvimento. Vale citar por exemplo a graduao em Geography and Sports Science (The University of Birmingham, UK), voltada para a gesto e planejamento de espaos de recreao e esportes na cidade. A dimenso espacial da atividade esportiva vem sendo reconhecida e mesmo sendo explorada por outras disciplinas no Brasil e no exterior. Como exemplo, podemos citar alguns dos eixos temticos da III Conference of the Football Studies Group (Austrlia, julho de 1999): global and local fans; spectating and space in the stadium; nostalgia, memory and topophilia. No Brasil, vimos que diversos trabalhos realizados por profissionais de outras reas (isto , por no-gegrafos) tomam em considerao a base territorial e sua dinmica evolutiva no estudo do fenmeno esportivo. Luiz Carlos Ribeiro, por exemplo, observa os impactos da migrao estrangeira, do adensamento populacional e da industrializao no espao urbano de Curitiba como fatores que atuaram na configurao dos clubes profissionais de futebol. As condies geogrficas esto ainda mais explicitamente colocadas no artigo de Edmundo Ribeiro, que procura explicar a desigual distribuio espacial dos equipamentos esportivos na cidade de Maputo a partir da herana colonial materializada no espao urbano. Sem talvez saber, o autor estava mergulhando numa discusso fundamental para os gegrafos: a do papel das formas pretritas (cristalizadas na paisagem) no acontecer atual. Milton Santos criou o conceito de rugosidade para lidar com estas formas de trabalho morto no ambiente construdo e que atuam como fatores inerciais (e a concluso de Ribeiro foi justamente a de que a herana colonial de uma cidade fortemente segregada a engessou expresso nossa de tal forma que 23 anos aps a independncia nacional a situao se mantm quase intacta). E assim, Santos acredita que para o tempo atual, os restos do passado constituem aquela espcie de escravido das circunstncias anteriores. Em outras palavras, a adaptao modernidade no se submete a leis absolutas: a velha materialidade que dissolve o novo tempo e so os tempos do lugar que dissolvem o tempo do mundo. Os esportes constituem sabidamente uma dimenso complexa e multifacetada da realidade social, e seu enfrentamento requer o aporte terico-metodolgico das mais diversas disciplinas acadmicas. Somente o esforo inter e transdisciplinar poder dar conta de um fenmeno social to permevel a variantes polticas, culturais, sociais e econmicas. A geografia, enquanto disciplina devotada ao estudo dos lugares e das relaes entre a sociedade e sua base territorial, pode contribuir de alguma forma neste amplo desafio, bem como pode enriquecer suas anlises sobre a dinmica espacial incorporando nelas o fenmeno esportivo e as contribuies dos estudiosos deste campo. Ao mesmo tempo, so bem-vindas todas as iniciativas de outros campos do saber em incorporar em suas anlises os elementos e fatores da base espacial. No apenas por sabermos (desde Nobert Elias) que os estudos setoriais do fenmeno esportivo no permitem visualizar sua complexidade, mas tambm porque o estudo da produo da demanda esportiva de determinada sociedade requer uma perspectiva contextual que envolve o espao geogrfico, suas formas e sua dinmica. Alguns estudiosos dos esportes como fenmeno social felizmente j perceberam isso. Abstract Nowadays, sports are becoming increasingly important, raising attention in several fields of academic production.Geography, pushed by its recent transformation, started to study this rich and vast field of research., trying to offer special view and contribution. In Brazil, few geographers have dealt with the subject, in such way that this article intends to suggest a small set of themes for future works. On the other hand, looking for to defend the viability of Sports Geography, we also wish to discuss the links between geographical analisys and the realm of sports, taking the latter as an empirical fact and as theoretical and conceptual problematisation. Key-Words: Geography; Sports; Transdiciplinarity. Referncias Bibliogrficas ABREU, M. A. Evoluo Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987. AUGUSTIN, J. P. Les territoires incertains du sport. Cahiers de Gographie, 114 (41), dez. 1997. ______. 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Gilmar Mascarenhas de Jesus doutorando pela Universidade de So Paulo Professor do Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro E-mail: adrigil@marlim.com.br  O filsofo Henri Lefebvre foi o primeiro a constestar radicalmente o desprezo por parte do materialismo histrico e dialtico pela categoria espao em favor do tempo, e procurou sistematicamente (em vastssima obra) elaborar toda uma teorizao de base marxista destacando a dimenso espacial da sociedade. Tambm Michel Foucault (Microfsica do Poder, p. 158) enfatizou a espacialidade das formas de poder e considerou esta obsesso espacial fundamental em suas descobertas. Por fim, Soja (Geografias Pos-modernas, p. 22) afirma que a teoria social crtica tendeu sempre a privilegiar o tempo pois neste residia supostamente o potencial revolucionrio e emancipador da ao humana: uma geografia j pronta prepara o cenrio, enquanto uma ao intencional da histria dita a ao e define o roteiro.  SOJA, E. Thirdspaces.  COSGROVE, D. A Geografia est em toda a parte, pp. 96-7.  Cf. CLMENT, J.P. Contributions of the sociology of Pierre Bourdieu to the sociology of sport; GEBARA, A. Norbert Elias e Bourdieu: novas abordagens, novos temas.  No momento, estamos elaborando uma tese de doutoramento em Geografia Humana na USP, sob orientao de Odette Seabra, sobre aspectos da espacialidade do futebol na urbanizao brasileira, concentrando o foco emprico no Rio Grande do Sul.  O adjetivo novo vale aqui para diversos pases, com exceo garantida para, pelo menos, Estados Unidos, Inglaterra e Frana.  HUIZINGA, J. Homo Ludens, p. 219.  LUCENA, R. Sobre a cidade ou prximo a ela.  RODRIGUES, M. A cidade e o esporte: uma relao na histria de Belo Horizonte.  Em Os esportes e os espaos pblicos na Belle poque carioca, tratando do caso do Rio de Janeiro, tambm investimos nesta promissora linha de reflexo sobre as relaes entre a modernizao urbana e o advento dos esportes modernos no Brasil.  MEZZADRI, F. A formao da sociedade paranaense e sua relao com o esporte.  Quanto ao conceito de gneros de vida, cumpre esclarecer que trata-se de uma importante noo clssica em geografia, que recobre o conjunto particular de relaes que o homem estabelece com o meio em determinada regio. Sobre as paisagens naturais, interessante consultar pelo menos o caso do golfe, cuja origem escocesa guarda estreita relao com a paisagem natural da regio centro-leste daquele pas: topografia suavemente ondulada, cobertura vegetal de gramneas de tipo macio, solos bem drenados e concavidades naturais (ver BALE, J. Space, Place and Body Culture, p. 154). Ou ainda a antigidade da prtica de esquiar em regies de clima frio acentuado: na Sucia, h vestgios de objetos utilizados pelo homem para deslizar sobre a neve que datam de aproximadamente 320 anos antes da era crist (SRLIN, S. Nature, skiing and swedish nationalism, p. 147).  Rafting, vo livre, wakeboarding, mergulho, alpinismo, mountain bike, longa e sobretudo indefinida a lista de modalidades que so socialmente encaradas como esportes radicais terminologia imprecisa e tema pouco estudado. Cf. FERNANDES, R. de C. Esportes radicais: referncias para um estudo acadmico, p. 96.  AUGUSTIN, J.P. Les territoires incertains du sport.  FERNANDES, R. de C. op. cit.  Milton Santos usa largamente o conceito de objeto geogrfico como elemento da materialidade historicamente construda ou apropriada (quando natureza) pelo trabalho humano. De forma que No princpio tudo eram coisas, enquanto hoje tudo tende a ser objeto, j que as prprias coisas, ddivas da natureza, quando utilizadas pelos homens a partir de um conjunto de intenes sociais, passam, tambm, a ser objetos SANTOS, M. A natureza do espao: tcnica e tempo, razo e emoo, p. 53.  O processo de mercantilizao/espetacularizao do fato esportivo, algo que tende com potncia crescente a afetar a prpria natureza e organizao dos esportes na atualidade, discutido por GRATON, C. The economics of modern sport, PRONI, M. W. Marketing e organizao esportiva, e AUGUSTIN, J.P. Dun stade lautre: le rugby franais entre culture local et spectacle mondial.  BALE, J. Sports geography.  Um belo exemplo o estdio Mrio Filho, o Maracan, inaugurado no Rio de Janeiro em 1950, cuja deciso locacional privilegiou a acessibilidade (a ferrovia e o corredor virio que a margeia), alm de situar-se, poca, em ponto relativamente equidistante entre as zonas norte e sul da cidade. O futebol pode, assim, ser visto como atividade que gera pontos de grande conectividade na malha territorial. No Brasil, um estudo sobre a difuso do futebol a partir de redes de infra-estrutura do territrio foi realizado por Gilmar M. de Jesus (Ftbol y modernidad urbana e Construindo a ptria de chuteiras), salientado a seletividade do territrio em relao incorporao do sedutor produto ingls.  JESUS, G. M. Construindo a ptria de chuteiras.  BALE, J. op. cit., p. 156.  Apud BALE, J. op. cit., p. 157.  Sobre a evoluo dos equipamentos dedicados ao turfe na Europa, ver o belo lbum de Marc Gaillard (Les Hippodromes).  Cf. ABREU, M. de A. Evoluo urbana do Rio de Janeiro; e RIBEIRO, M. A. Histria da construo do hipdromo brasileiro.  SIERRA, Y. Domingos obreros en los albores del siglo XX, p. 208.  Apud SEABRA, op. cit., p. 107.  HOBSBAWM, E. Mundos do trabalho, p. 171. Albrecht Sountag (Le Football, image de la nation, p. 31) confirma esta impresso de que o futebol um dos mais poderosos vetores de identidade nacional na atualidade. Para Ignacio Ramonet (Football et Passions Nationales, p. 55), a Copa do Mundo uma autntica guerra ritualizada, que reafirma o futebol como o melhor revelador das virtudes de uma nao.  JESUS, G. M. A bola nas redes: futebol, territrio e conectividade no Brasil.  BONIFACE, P. Gopolitique du football, p. 17.  AUGUSTIN, J.P. Sport, geographie et amnagement, pp. 31-36.  Em Barcelona, o Centro de Estudos Olmpicos e do Esporte vem publicando amplo material que trata tanto de estudos empricos (ver MUOZ, F. Historic evolution and urban planning typology of Olympic Villages) como (e sobretudo) da busca de uma metodologia de planejamento urbano a partir destes grandes eventos esportivos.  SANTOS, M. op. cit. p. 219.  CORREA, R. L. A dimenso cultural do espao.  Cf. BALE, J. op. cit. e NEGREIROS, P. L. C. O estdio do Pacaembu.  H um slido grupo de pesquisadores do Derpartamento de Geografia da Oklahoma State University (Stillwater, EUA), sob a liderana de John Rooney, que desde os anos 70 se dedica ao tema, publicando teses, livros, um belo atlas e um peridico especializado em geografia dos esportes. Nos encontros anuais da Association of American Geographers, os esportes comparecem assiduamente h vrios anos. Na Inglaterra, destaca-se desde 1976 o gegrafo John Bale (Keele University), autor de dezenas de artigos e livros, sem dvida o responsvel pelo maior volume de publicaes na rea. Na Frana, Besanon e Bordeaux (onde se destaca o gegrafo Jean-Pierre Augustin) so importantes centros de pesquisa no ramo.  RIBEIRO, L. C. Metodologia para uma histria da formao do futebol profissional.  RIBEIRO, E. R. A segregao social e as actividades desportivas...  SANTOS, M. op. cit., p. 113.  Idem, p. 180.     PAGE  ARTIGO PAGE  PAGE 36 CONEXES, Revista da Faculdade de Educao Fsica da UNICAMP, Campinas, v. 1, n. 2,1999 ISSN 1983 9030 BC_ VW12[\QǼՆuuuiuiiՆhEQhce6CJaJ!jhEQhce0JCJUaJhEQhceCJaJhO@hce5>*CJaJhceCJaJhce5CJaJhO@hce5CJaJhO@hceCJaJhEQhce5CJOJQJhce hO@hcehyhceCJOJQJ hce5hO@hce5:CJaJ)BC_ ^9$dh1$`a$gdce$d$1$`a$gdce d$1$gdce $1$a$gdce $`a$gdce $1$a$gdce $d$1$a$gdce $d$1$a$gdceрT<=R"'-1b7c7$d81$^a$gdce $ 1$^$ gdce$d81$^`a$gdce$d$1$`a$gdce $1$a$gdce$d$1$`a$gdce$dh1$`a$gdce dh`gdceQR:;<=  !!!!!#*#J#Y#z#{#''))Z+[+d,e,--//11041455K6L6n6o6b7c7³hEQhce6CJaJhceCJOJQJ)jhEQhce0JCJOJQJUaJhEQhceCJOJQJaJhEQhceCJOJQJaJhyhce5CJOJQJhcehEQhceCJaJ!jhEQhce0JCJUaJ3c7~77@;>"EzJNQTRTgThTX[afffffii $d$1$a$gdcegdce1$gdce $1$`a$gdce$dh1$`a$gdce$d$1$`a$gdce $1$a$gdcec7~7799o:p::>;>>>>>DDpGqGHHtKuK.L/LM MNN P P"R#RRT`TaTgThTgVhVWWSXTXYYYY[;[Y[n[o[q[r[[[[[[[[\\M]Z]]]?a@aaapeqehcehce5CJOJQJhEQhce6CJaJ!jhEQhce0JCJUaJhEQhceCJaJ hce5hEQhce5CJOJQJGqefffeioi}iiiiiiiiiiiiijjjDjYj[jjjkkддФ|qiq^SJhce5mH sH hw,jhcemH sH hyhcemH sH hcemH sH hEQhcemH sH  hce6 hyhce hce5hce5CJOJQJhEQhce5mH sH hEQhce>*CJaJmH sH hceCJaJmH sH hEQhce5CJaJmH sH hEQhceCJaJmH sH #hEQhce5CJOJQJmH sH hcehEQhceCJaJiiiiiiijpjkRkkkNllam%nn,oeo1ppdh1$^`gdce$ dh1$a$gdce $dh1$a$gdce $1$a$gdce$d$1$`a$gdcek0kYkZkkkkkkkkl lll(l)l*lXlZl[l]lllll/m1mBmCmmmmnnonwnnnnnnoo,o7o9o:oþhcemH sH hw,jhcemH sH hyCJ hce5CJhyhceCJ hce6CJ hceCJhce hce6 hyhcehw,jhce5mH sH hw,jhce6mH sH hcemH sH hw,jhcemH sH hyhcemH sH /:oIoeoooo^pxpyppppp qqqyrrrrrIsssEtQt_thtu#u$uuuavvvvw wwxxx~xxxxxxȼߟԏԼh'hcemH sH hcemH sH h'hce6 hce5h'hcemH sH hcemH sH hce6hw,jhce5mH sH hw,jhce6mH sH hw,jhcemH sH  h'hcehcehw,jhcemH sH hyhcemH sH 0ppbqrIsttuavvw~xyyzM{|{|}}w~~d $d$1$a$gdce $dh1$a$gdcexxxuyvy~yyy\zfzz"{#{{{*|>|{|||||||| }4}}}}}~G~w~~~~~~~~~~ ?Am㿷笠㕊~sѿh'hcemH sH hw,jhce6mH sH hw,jhcemH sH h8hcemH sH hw,jhce6mH sH h'hcemH sH hcemH sH hw,jhcemH sH  h'hce hce6h'hce6 hce5hcehw,jhce5mH sH h'hce6mH sH -mo123]_ЀрҀ"6Ăۂ"BNObϴrdrdhw,jhQn6CJmH sH hw,jhQnCJmH sH  hQn6CJ hQnCJjhQn0JCJUh} hceCJ h5CJh5h55CJaJh5hce5CJaJ hceh5h5hce hcehcehw,jhce6mH sH h'hcemH sH hw,jhcemH sH hcemH sH ' 2^ЀрNdLgdce1$gdce$d$1$`a$gdce $d$1$a$gdcedes~Ɔ E IKLk~ŋӋ !?@&'?RϓГhw,jhQn6CJmH sH  hQn6CJ hQnCJ hQnCJjhQn0JCJUhw,jhQnCJmH sH IdK ?&ϓh%Fז'Wؘ%dLgdceГVehi}~%&FGUg0Oזؖ&'(6NWXh"dؘ٘#%&Shjk,-Ƹ竝竝hw,jhQn>*CJmH sH hw,jhQn6CJmH sH hw,jhQnCJmH sH hw,jhQn6CJmH sH hw,jhQnCJmH sH hQn5CJ hQn6CJ hQnCJjhQn0JCJUhyhQnCJmH sH 8%j,Ɯ h]hgdI$ #dh&dP]#a$gdIh]hgd|E &`#$gd`HdLgdce-=~œƜǜ  !'(*+,ǻǦn&hhQn56CJ OJQJ^JaJ %h80JCJ OJQJaJ mHnHu h8h80JCJ OJQJaJ )jh8h80JCJ OJQJUaJ h!hQn5CJaJhQn hQn0JjhQn0JUjh7Uh7jhQn0JCJU hQn6CJ hQnCJ' ,gdUbh]hgda. &`#$gd7h]hgda. &`#$gd8 h}h7hQnhhQnOJQJ=0&Pw1hP:p8/ =!"#n$%== 8@8 ceNormal_HmHsHtHD@D ceTtulo 1$$@&a$ CJ0OJQJ>@> ceTtulo 2$@& CJ(OJQJD@D ceTtulo 3$$@&a$ CJOJQJ>A@> Fonte parg. padroXi@X  Tabela normal :V 44 la ,k@, Sem lista BB@B ceCorpo de texto$a$CJLP@L ceCorpo de texto 2$d$1$a$r&@r ce+Ref. de nota de rodap,Referncia de rodapH*bC@"b ceRecuo de corpo de texto$d$1$`a$t@2t ce'Texto de nota de rodap,Texto de rodap $1$a$nR@Bn ceRecuo de corpo de texto 2$d8^a$ CJOJQJRORR ce uspbiblio"$7dx^7`a$CJ:@b: |E Cabealho  8!8)@q8 |ENmero de pgina4 @4 |ERodap  8!1 [ Q:!Z#d$%')0,K.1o2:6<p?@.DEF H"JgNOSPQTU?YY  !"#$%&'*B}"6+z  O n U TuV%T[$'BC_^9 T<=R%)b/c/~//@36"=zBFQLRLgLhLPSY^^^^faaaaaaaabpbcRcccNddae%ff,geg1hhhbijIkllmanno~pqqrMst{tuuwvvdwxxxx x x x x xxxxxxxxxx2x^xxxx{|N||}d~~~K ?&ϋh%F׎'Wؐ%j,Ɣ  ,000000000000000000000000000000000000000000000000000(000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@0@00$@0I0@0I0@0I0@0I0@0I0 I0 @0I0 0 d@0I0 I0 @0@0I0D%ff,geg1hMst{tuuxxxx K0a7bK0a6K0a4@K0\0K0f7gK0f6K0f4@K0\0K0  ̣K0 K0 fK0LyI0I0@0 0 *Qc7qek:oxmГ-OSUVXY[\^`bdc7ip%PRTWZ]_acQ &*14!!!3O4Od5O6OH7O8O9O":O;O$O?Od@OdAO$BOCODOEOlݖFO __b2c2cccRgggpu*vvvAwAww-}     __b:c:ccc]g h hpu9vvvOwOww@} B*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttagscountry-region8*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttagsCity9*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttagsplaceV*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags PersonNamehttp://www.microsoft.com em Geografia Humanaem geografia. 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