Banner Portal
Mentalidades e estruturas sociais no Brasil colonial: uma resenha coletiva
PDF

Palavras-chave

Historiografia. Brasil – História econômica. História das mentalidades. História colonial

Como Citar

SCHWARTZ, Stuart B. Mentalidades e estruturas sociais no Brasil colonial: uma resenha coletiva. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 8, n. 2, p. 129–153, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643139. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Este artigo de resenha pretende discutir parte da recente produção historiográfica, que busca redefinir e redirecionar o estudo do passado colonial brasileiro. Até recentemente, a moderna historiografia brasileira tratava preferencialmente de assuntos relativos a economia política, pacto colonial, questões concernentes à escravidão e anomalias decorrentes de uma sociedade multiracial. Historiadores de linhas radicalmente diferentes chegaram a um consenso quanto à idéia do Brasil como uma colônia mercantilista cuja economia se estruturava no latifúndio escravista orientado para exportação, liderada por uma aristocracia de fazendeiros que determinava de várias formas sua vida social, mesmo nas regiões não dedicadas a produtos de exportação. Se este consenso dominou o pensamento histórico brasileiro por meio século, ele passa hoje por uma séria revisão. O ataque tem partido tanto de historiadores que ainda vêem os tradicionais temas marxistas de estrutura econômica e suas relações com a organização da sociedade como os mais apropriados objetos de análise, como também de uma nova geração de estudiosos mais interessados nas atitudes e idéias que se formaram em meio a estas estruturas e relações que no fenômeno propriamente dito.

Abstract

This review essay will survey some of the recent historical production seeking to redefine or redirect the study of the Brazilian colonial past. Until recently, modern historiography on Brazil reflected heavy concentration on political economy, the colonial arrangement, the issues related to slavery, and the anomalies of a multiracial society. A consensus view emerged among historians of radically different political and methodological persuasions which envisioned Brazil as a mercantilist colony with an economy structured by its export orientation and slave-based latifundia, headed by a planter aristocracy which determined its social life in many ways, even in nonplantation regions. This consensus dominated historical reflection about Brazil for half a century but is now under serious scrutiny. The attack is being mounted by historians who still view the traditional Marxist themes of economic structure and its relation to social organization as the appropriate subject of analysis but also by a new generation of historians interested more in the attitudes and ideas that have shaped or resulted from those structures and relations than in the these phenomena per se.

Key words: Historiography. Brazil – Economic history. Colonial history

PDF

Referências

ARAÚJO, Emanuel. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. p. 362.

BAKHTIN, Kikhail. Rabelais and his world. Cambridge: MIT Press, 1968.

BARICKMAN, Bert. The slave economy of nineteenth-century Bahia: export agriculture and local markets in the Recôncavo, 1780-1860. University of Illinois, 1991. (Ph.D. Diss.).

________. A bit of land they call roça: slave provision grounds on sugar plantations and cane farms in the Bahian Recôncavo, 1780-1860. Hispanic American Historical Review, v. 74, n. 4, p. 649-88, Nov.1994.

BARROSO, Gustavo. A synagoga paulista. Rio de Janeiro: ABC, 1937a.

________. Judaísmo, maçonaria e comunismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1937b.

BERNAND, Carmen, GRUZINSKI, Serge. De l’idolatrie: une arqueologie des sciences religieuses. Paris: Editions du Seuil, 1988.

BETHENCOURT, Francisco. O imaginário da magia: feiticeiras, saludadores e nigromantes no século XVI. Lisboa: Projeto Universidade Aberta, 1987. BOTERO, João. Da razão de estado/Ed. por Luis Reis Torgal. Trad. do italiano por Raffaella Longobardi Ralha. Coimbra: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1992.

BRENNER, Robert. Merchants and revolution: commercial change, politic conflict, and a London’s overseas traders, 1550-1563. Princeton: Princeton University Press, 1993.

BROWN, Larissa. Internal commerce in a Colonial economy: Rio de Janeiro and its Hinterland, 1790-1822. University of Virginia, 1986. (Ph.D. Diss.).

CAIN, P. J., HOPKINS, A.G. British imperialism: innovation and expansion, 1688-1914. London: Longman, 1993.

CANNING, Katheleen. Feminist history after the linguistic turn: historicizing discourse and experience. Signs, v. 19, n. 2, Winter 1994.

CARDOSO, Ciro F. Agricultura, escravidão e capitalismo. Petrópolis: Vozes, 1979.

CARDOSO, Fernando Henrique. Livros que inventaram o Brasil. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 37, p. 21-35, nov. 1993.

COATES, Timothy J. Exiles and orphans: forced and State-sponsored colonization in the Portuguese Empire, 1550-1720. University of Minnesota, 1993. (Ph. D. Diss.).

COELHO, Antonio Borges. Inquisição de Evora. Lisboa: Caminho, 1987. 2v.

COSTA, I. Del Nero. Arraia-miúda: um estudo sobre os não-proprietários de escravos no Brasil. São Paulo: MSGP, 1992. p. 159.

DAVIS, David B. The slave trade and the jews. New York Review of Books, p. 14-16, Dec. 22, 1994.

DELUMEAU, Jean. Le peur en Occident. Paris: Fayard, 1978. p. 398-449.

DREYFUS, Hubert L., RABINOW, Paul. Michel Foucault: beyond structuralism and hermeneutics. 2. ed. Chicago: University of Chicago Press, 1983. p. 128-33.

DUDEN, Barbara. The woman beneath the Skin: a doctor’s patients in eighteenth-century Germany. Cambridge: Harvard University Press, 1991.

ELIAS, Norbert. Power and civility: the civilizing process/Trad. por Edmund Jephcott. New York: Pantheon, 1982.

FAORO, Raimundo (1958). Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 2. ed. São Paulo: Globo, 1975. 2v.

FARINHA, Maria do Carmo Jasmins Dias. Os arquivos da Inquisição. Lisboa: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, 1990.

FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do Tráfico Atlântico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.

FLORY, Era, SMITH, David. Bahian merchants and planters in the seventeenth and eighteenth centuries. Hispanic American Historical Review, v. 58, n. 4, p. 571-94, Nov. 1978.

FOSTER, George. Culture and conquest: America’s Spanish heritage. New York: Wenner-Cren Fondation, 1960.

FOUCAULT, Michel. Discipline and punish/Trad. por Alan Sheridan. New York: Pantheon, 1977.

FRAGOSO, J. L. R. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na Praça Mercantil do Rio de Janeiro, 1790-1830. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1992. p. 324.

________, FLORENTINO, M. O arcaísmo como projeto: Mercado Atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro, c. 1790-1840. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993.

FRANCO, Jean. Plotting women: Gender and representation in Mexico. New York: Columbia University Press, 1989.

________. Writers in spite of themselves: the mystical nuns of seventeenth-century Mexico. In: ________. Plotting women: Gender and representation in Mexico. New York: Columbia University Press, 1989. p. 3-22.

GÉLIS, Jacques. History of childbirth: fertility, pregnancy, and birth in early modern Europe. Boston, Northeastern University Press, 1991.

FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala. Rio de Janeiro: Maia e Schmidt, 1933.

GINZBURG, Carlo. Clues, myths, and the historical method/Trad. por John e Anne Tedeschi. Baltimore: Johns Hopkings University Press, 1989.

________. Ecstasies: deciphering the witches’ Sabbath/Trad. por Raymond Rosenthal.

New York: Pantheon, 1991.

GOLDSTONE, Jack A. Revolution and rebellion in the early modern world. Berkeley: University of California Press, 1991.

GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1978.

GRUZINSKI, Serge, ALBERRO, Solange. Introducción a la historia de las mentalidades. Cidade do México: Departamento de Investigationes Históricas, 1979.

(INAH Cuadernos de Trabajo, n. 24).

HESPANHA, Antonio Manuel. As vésperas do Leviathan: instituições e poder político, Portugal sec. XVII. Lisboa: Pedro Ferreira Artes Gráficas, 1986. 2 v., p. 742.

________. Vísperas del Leviatán: instituiciones y poder politico (Portugal, siglo XVII). Madrid: Taurus Humanidades, 1989.

________. De iustitia a disciplina, La gracia del derecho: economía de la cultura en la edad moderna. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1993.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: José Olympio, 1936.

IMIRIZALDU, Jesús de. Monjas y beatas embaucadoras. Madrid: Editora Nacional, 1977.

JOSEPH, Gilbert M., NUGENT, Daniel (Ed.). Everyday forms of State formation: revolution and the negotiation of rule in modern Mexico. Duham: Duke University Press, 1994.

KAGAN, Richard. Lucrecia’s dreams: politics and prophecy in sixteenth-century Spain. Berkeley: University of California Press, 1990.

KICZA, John E. The great families of Mexico: elite maintenance and business practices in late Colonial Mexico City. Hispanic American Historical Review, v. 62, n. 3, p. 429- 57, Aug. 1982.

LAPA, José Roberto do Amaral. O antigo sistema colonial. São Paulo: Brasiliense, 1982.

LE GOFF, Jacques. The birth of purgatory/Trad. por Arthur Goldhammer. Chicago: University of Chicago Press, 1981.

LEVI, Giovanni. Inheriting power: the story of an exorcist/Trad. por Lydia G. Cochrane. Chicago: University of Chicago Press, 1988.

LUGAR, Catherine. The merchant community of Salvador, Bahia 1780-1830. Stony Brook: State University of New York, 1980. (Ph. D. Diss.).

MACCORMACK, Sabine. Religion in the Andes: vision and imagination in early Colonial Peru. Princeton: Princeton University Press,1991.

MARTINS, Roberto Borges. A economia escravista de Minas Gerais no século XIX. Belo Horizonte: Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, n. 10, 1980.

MARTINS FILHO, Amilcar, MARTINS, Roberto Borges. Slavery in a non-export economy: ninteenth-century Minas Gerais revisited. Hispanic American Historican Review, v. 63, n. 3, p. 537-69, Aug. 1983.

MAXWELL, Kenneth. The Atlantic in the eighteenth century: a southern perspective on the need to return to the ‘big picture’. Transactions of the Royal Historical Society, 6th. ser., n. 3, p. 209-36, 1993.

MELLO E SOUZA, Laura de. O diabo na Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

________. Inferno Atlântico: demonologia e colonização, séculos XVI-XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 263.

MONTER, William. Frontiers of heresy: the Spanish inquisition from the Basque Land to Sicily. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. p. 255-76.

MOTT, Luiz. Justitia et misericordia: a inquisição portuguesa e a repressão ao nefando pecado da sodomia. In: INQUISIÇÃO: ensaios sobre a mentalidade, heresia e arte/Ed.

por Anita Novinsky e Maria Luiza Tucci Carneiro. São Paulo: EDUSP, 1992. p. 703- 38.

________. Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand, 1993. p. 749.

MUCHEMBLED, Robert. Popular culture and elite culture in France, 1400-1750/Trad. por Lydia G. Cochrane. Baton Rouge: Louisiana State University Press, 1985. p. 312- 20.

NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do antigo regime (1777-1808). São Paulo: HUCITEC, 1979.

NOVINSKI, A. Inquisição, rol dos culpados: fontes para a história do Brasil, século XVIII. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992. p. 195.

OUTRAM, Dorinda. The body and the French Revolution: sex, class, and political culture. New Haven: Yale University Press, 1989.

POMATA, Gianna. La promessa de Guarigione: Malati e curatori in antico regime. Bologna, XVI-XVIII secolo. Roma: Laterza, 1994.

PRADO, Paulo (1928). Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1962.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Martins, 1942.

PRIORE, M. del. Ao sul do corpo: condição feminina, maternidades e mentalidades no Brasil colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. p. 358.

QUEVEDO, Francisco. The Devil in the new world. New Haven: Yale University Press, 1994.

RAMOS, Gabriela (Ed.). La venida del reino: religión, evangelización y cultura en América. Cuzco: Centro de Estudos Regionales Andinos ‘Bartolomé de las Casas’, 1994.

RUSSEL-WOOD, A. J. R. Fidalgos and philanthropists: the Santa Casa da Misericórdia da Bahia, 1550-1750. Berkeley/Los Angeles: University of California Press, 1968.

SALVADOR, J. G. Os cristãos-novos em Minas Gerais durante o ciclo do ouro (1695- 1755): relações com a Inglaterra. São Bernardo do Campo, SP: Pioneira, 1992. p. 197.

SÁNCHES LORA, Luis. Mujeres, conventos y formas de la religiosidad barroca.

Madrid: Fundación Universitaria Española, 1988.

SIMONSEN, Roberto. História econômica do Brasil. 4. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1962.

SCHWARTZ, Stuart B. Peasants and slavery: feeding Brazil in the late Colonial period. In: ________. Slaves, peasants, and rebels: reconsidering Brazilian slavery. Urbana: University of Illinois Press, 1992. p. 65-102.

SCOTT, John W. On language, gender, and working-class history. International Labor and Working-Class History, v. 31, Spring 1987.

SOCOLOW, Susan. The merchants of Buenos Aires, 1778-1810. Cambridge: Cambridge University Press, 1978.

STONE, Lawrence. Crisis of the aristocracy, 1558-1641. Oxford: Oxford University Press, 1965.

STONE, Jeanne C. Fawtier. An open elite? England, 1540-1880. Oxford: Oxford University Press, 1984.

VERGER, Pierre. Flux e reflux de la traite des negres entre le golfe de Benin et Bahia de Todos os Santos. Paris: Mouton, 1968.

VOVELLE, M. Ideologies and mentalities: a necessary clarification. In: IDEOLOGIES and mentalities. Chicago: University of Chicago Press, 1990. p. 1-13.

WECKMANN, L. La herencia medieval del Brasil. Cidade do México: Fondo de Cultura Econômica, 1993. 2v., p. 397.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.