O que é, pois, uma tese? sobre uma experiência de pesquisa em educação

Resumo

A pergunta que intitula o presente ensaio – o que é, pois, uma tese? – poderia ensejar as mais distintas respostas e encaminhamentos, desde diferentes perspectivas e campos do conhecimento. Todavia, antes de vislumbrarem possíveis respostas, as reflexões aqui propostas interessam-se pelos efeitos mobilizadores que a pergunta a respeito de uma tese pode suscitar, assim como aquela formulada por Agostinho sobre o tempo: se ninguém me pergunta, eu o sei; mas se me perguntam, e quero explicar, não sei mais nada. Sob os afetos e efeitos desse questionamento, as proposições deste ensaio versam sobre alguns dos aspectos e momentos essenciais das experiências de fazer uma tese, bem como daquela mais ampla e multifacetada de tornar-se pesquisador/a. Ainda que, enquanto experiências, elas não sejam passíveis de serem transpostas ou replicadas de forma mecânica, é sempre possível partilhá-las, narrá-las a outro sujeito que nelas, por ventura, pode vir a se reconhecer. Reconhecimento, esse, do qual é possível se desdobrar, como afirma Paul Ricœur, o benefício do aprender a narrar-se de outro modo. Assim, à luz de escritos da filosofia e da psicanálise, serão examinadas no recorte dessas experiências as ideias de tempo, escrita, objeto de pesquisa, inserção em um campo de debate e, por fim, a condição de autoria.