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Educação da população negra brasileira na formação da identidade nacional
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Palavras-chave

Educação escolar. População negra. Marginalizações. Identidade nacional

Como Citar

FELIPE, Delton Aparecido; TERUYA, Teresa Kazuko. Educação da população negra brasileira na formação da identidade nacional. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 15, n. 64, p. 111–133, 2015. DOI: 10.20396/rho.v15i64.8641931. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8641931. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir a relação entre a educação da população negra e a formação da identidade nacional brasileira. Utiliza-se para isso, o eixo explicativo dos Estudos Culturais, somado as teorizações foucaultianas, argumenta-se que para organizar o Brasil frente às transformações que estavam ocorrendo no mundo no final de século XIX e início do século XX, a educação escolar foi vista como uma dos caminhos que levaria o país rumo ao desenvolvimento econômico e com isso equiparar-se às nações europeias. No entanto, na formação do Estado moderno brasileiro, houve uma série de dispositivos de marginalização da população negra como as políticas de branqueamento, mito democracia racial e os discursos sobre a miscigenação. Apesar dessas marginalizações, houve também uma série de denúncias, em especial, dos movimentos negros desses processos de exclusão e é nesse contexto de resistência uma identidade nacional eurocêntrica que a educação escolar passou a ser vista pelos negros e pelas negras como um espaço essencial para a inclusão de suas caraterísticas culturais e politicas na identidade nacional. Conclui-se que apesar de algumas reivindicações dessa população ser incorporada no projeto de brasilidade, é necessário perguntar como essas marginalizações, que foram historicamente construídas, localizam a negritude no tecido social atualmente.

https://doi.org/10.20396/rho.v15i64.8641931
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