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A educação vai ao mercado financeiro
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Palavras-chave

Educação
Privatização
Financeirização
Capital fictício
Somos Educação

Como Citar

GALZERANO, Luciana Sardenha. A educação vai ao mercado financeiro: somos educação em debate. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 21, n. 00, p. e021041, 2021. DOI: 10.20396/rho.v21i00.8660130. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8660130. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir três tendências que caracterizam a lógica contemporânea da privatização da educação: centralidade do capital fictício, movimentos de concentração e centralização de capitais e disputas pelos fundos públicos. O referencial teórico adotado é o materialismo histórico e dialético. Buscamos interseccionar a produção acadêmica que tem discutido as diversas formas de privatização do setor educacional, em seus distintos contextos, e a bibliografia marxista que estuda o capitalismo contemporâneo e suas crises recentes. Para a análise, apresentamos um estudo sobre a atuação da Somos Educação no período de 2010 a 2018, demonstrando que essa companhia constitui um caso emblemático para flagrar a lógica recente da privatização e a expansão da financeirização para a educação básica. Trata-se de uma pesquisa documental cujas informações foram coletadas em documentos divulgados pela companhia e seus controladores – Grupo Abril, Tarpon e Kroton/Cogna –, pela BM&FBovespa e pela mídia de abrangência nacional e internacional. Verificamos que a financeirização das atividades de grupos como a Somos potencializa seus ganhos, amplia sua presença na educação pública e o controle que opera sobre as escolas.

https://doi.org/10.20396/rho.v21i00.8660130
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