Resumo
Este artigo visa ressaltar formas implícitas ou explícitas de manifestação de uma tendência a seguir um padrão de normalidade nas práticas de assistência ao autismo infantil em diferentes instituições e abordagens, destacando suas implicações no que se refere às possibilidades que se abrem, ou fecham, à criança diagnosticada como “autista”. Baseia-se em dados de uma pesquisa etnográfica desenvolvida em duas instituições paulistanas de assistência pública a crianças “autistas” – uma baseada em abordagem comportamental, a outra em abordagem psicanalítica –, cujo eixo de análise foram as construções conceituais sobre o autismo e as práticas de atendimento que lhes são correspondentes.Referências
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