Resumo
O cenário mundial tem confirmado as previsões climáticas que previam a intensificação de desafios que assolam a humanidade e a biodiversidade, em simultâneo, como eventos climáticos extremos e segurança alimentar. Ao longo do tempo, a humanidade aprendeu a desenvolver e utilizar tecnologias que permitiram superar dificuldades e ameaças ao crescimento e permanência da população. No entanto, os desafios agora são múltiplos e assim requerem soluções, de mesmo modo, com múltiplos benefícios. Esse é o produto de Soluções baseadas na Natureza (SbN), benefícios obtidos em uma porção de natureza saudável, os chamados serviços ecossistêmicos. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi de identificar o contexto que demandou o surgimento do conceito SbN, o trajeto até chegar no Brasil e por fim, uma aplicação do conceito na esfera municipal. Foi feita a revisão bibliográfica em bases internacionais e nacional, com abordagem qualitativa e caráter exploratório. O estudo contou também com fontes diversificadas, que não são submetidas ao método científico, por exemplo, documentos oficiais de organizações não-governamentais, relatórios de empresas e instituições, entre outros, que contribuem para a disseminação e implementação do conceito. Como resultado, o conceito é fundamentado em discussões teóricas e com grandes oportunidades de avanço, sobretudo na ciência natural. Embora novo, SbN tem princípios já consolidados historicamente, como por exemplo conservação de floresta e ecossistemas, presentes no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) brasileiro. Esse respaldo permitiu que o município de Campinas – SP estabelecesse SbN como o eixo integrativo na revisão integrada das políticas ambientais do município, especificamente o Plano Municipal do Verde, o Plano de Recursos Hídricos e o Plano de Educação Ambiental, sendo, por estes motivos, utilizado como estudo de caso. Assim, no cenário de enfrentamento de múltiplos desafios, SbN se apresenta como ferramenta viabilizadora de múltiplos benefícios para a humanidade e biodiversidade, em simultâneo.
Referências
Almenar, J. B., Elliot, T., Rugani, B., Philippe, B., Gutierrez, T. N., Sonnemann, G., & Geneletti, D. (2021). Nexus between nature-based solutions, ecosystem services and urban challenges. Land use policy, 100, 104898. https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2020.104898
Blenkinsop, P. (23 de Agosto 2022). Europe facing its worst drought in 500 years – study. Reuters News Agency. https://www.reuters.com/world/europe/nearly-two-thirds-europe-facing-drought-or-drought-risk-2022-08-23/
Brasil (2000). Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília: DOU.
Brasil (2021). Lei nº14.119 de 13 de janeiro de 2021. Institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais e altera as Leis nºs 8.212 de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973, para adequá-las à nova política. Brasília: DOU.
Brasil. Ministério do Meio Ambiente (2023). Governo Federal lança Novo PAC e Plano de Transição Ecológica. Brasília: DOU.
Brears, R. C. (2020). Nature-Based Solutions to 21st Century Challenges (1st ed.). Routledge. https://doi.org/10.4324/9780429294600
C4F – Cities4Forest. (2022). Estratégia municipal multiescalar para adoção de Soluções Baseadas na Natureza (SbN) para a cidade de Campinas. https://portal-api.campinas.sp.gov.br/sites/default/files/anexos_avulsos/Estrat%C3%A9gia%20multiescalar%20para%20SBN%20para%20Campinas_Dez_22_FINAL.pdf.
Costanza, R., D’Arge, R., De Groot, R., Farber, S., Grasso, M., Hannon, B., Limburg, K., Naeem, S., O’Neill, R. V., Paruelo, J., Raskin, R. G., Sutton, P., & Van den Belt, M. (1997). The value of the world’s eco-system services and natural capital. Nature, 387, 253-260.
Costanza, R., De Groot, R., Braat, L., Kubiszewski, I., Fioramonti, L., Sutton, P., Farber, S., & Grasso, M. (2017). Twenty years of eco-system services: How far have we come and how far do we still need to go? Ecosystem Services, 28, 1-16.
Cohen-Shacham, E., Walters, G., Janzen, C., & Maginnis, S. (2016). Nature-based Solutions to address global societal challenges. IUCN. DOI: https://doi.org/10.2305/IUCN.CH.2016.13.en
European Commission, Directorate-General for Research and Innovation, (2015). Towards an EU research and innovation policy agenda for nature-based solutions & re-naturing cities. DOI: https://data.europa.eu/doi/10.2777/479582
European Commission, Directorate-General for Research and Innovation, Herzog, C., Freitas, T., & Wiedman, G. (2022). Nature-based solutions and the challenges of water. Publications Office of the European Union. DOI: https://data.europa.eu/doi/10.2777/95912
Eggermont, H., Balian, E., Azevedo, J. M. N., Beumer, V., Brodin, T., Claudet, J., Fady, B., Grube, M., Keune, H., Lamarque, P., Reuter, K., Smith, M., Van Ham, C., Weisser, W. W., & Le Roux, X. (2015). Nature-based solutions: new influence for environmental management and research in Europe. GAIA - Ecological Perspectives for Science and Society, 24, 4, 243-248. DOI: https://doi.org/10.14512/gaia.24.4.9
Faivre, N., Fritz, M., Freitas, T., Boissezon, B., & Vandewoestijne, S. (2017). Nature-based Solutions in the EU: Innovating with nature to address social, economic and environmental challenges. Environmental Research, 159, 509-518. DOI: https://doi.org/10.1016/j.envres.2017.08.032
Fraga, R. G. (2020). Soluções baseadas na Natureza: elementos para a tradução do conceito às políticas públicas brasileiras. DOI: http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/40877
Gil, A. C. (2007). Como elaborar projetos de pesquisa. Atlas. DOI: https://ria.ufrn.br/jspui/handle/123456789/1236
Hanson, H. I., Wickenberg, B., & Olsson, J. A. (2020). Working on the boundaries – How do science use and interpret the nature-based solution concept? Land Use Policy, 90, 1-16. DOI: https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2019.104302
Herzog, C. P., & Rozado, C. A. (2019). The EU – Brazil Sector Dialogue on nature-based solutions. https://data.europa.eu/doi/10.2777/569867
IUCN (2009). No time to lose – make full use of nature-based solutions in the post-2012 climate change regime. https://www.iucn.org/sites/default/files/import/downloads/iucn_position_paper_unfccc_cop_15_1.pdf.
IUCN (2016). Defining Nature-based Solutions. https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/resrecfiles/WCC_2016_RES_069_EN.pdf
IUCN (2020). Global Standard for Nature-based Solutions: A user-friendly framework for the verification, design and scaling up of NbS. https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/2020-020-En.pdf.
Maes, J., & Jacobs, S. (2017). Nature-Based Solutions for Europe’s Sustainable Development. Conservation Letters, 10, 121-124. DOI: https://doi.org/10.1111/conl.12216
Marques, T. H. N., Rizzi, D., Ferraz, V., & Herzog, C. P. (2021). Soluções baseadas na natureza: conceituação, aplicabilidade e complexidade no contexto latino-americano, casos do Brasil e Peru. Revista LABVERDE, 11(1), 12-49. https://doi.org/10.11606/issn.2179-2275.labverde.2021.189419
Page, M. J., Mckenzie, J. E., Bossuyt, P. M., Boutron, I., Hoffmann, T. C., Mulrow, C. D. et al. (2021). The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ, 372, 7.
Raymond, C. M., Frantzeskaki, N., Kabisch, N., Berry, P., Breil, M., Nita, M. R., Geneletti, D., & Calfapietra, C. (2017). A framework for assessing and implementing the co-benefits of nature-based solutions in urban areas. Environmental Science and Policy, 77, 15-27.
SDVS – Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Prefeitura Municipal de Campinas. (2016a). Plano Municipal de Educação Ambiental.
SDVS – Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Prefeitura Municipal de Campinas. (2016b) Plano Municipal de Recursos Hídricos – Vol. III Programas, ações e estratégias.
SDVS – Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Prefeitura Municipal de Campinas (2016c). Plano Municipal do Verde – Eixo articulador.
SDVS – Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Prefeitura Municipal de Campinas (2022). Revisão integrada dos planos municipais: Relatório final.
Sylvera (2023). The state of Carbon Credits 2023: How the market can move forward. https://www.sylvera.com/resources/the-state-of-carbon-credits-report.
TNFD – Taskforce on Nature-related Financial Disclosure (2023). TNFD Recommendations: getting started. https://tnfd.global/recommendations-of-the-tnfd/getting-started-with-tnfd/.
United Nations (2019). Press Statement on Climate Change following the Meeting Between the State Councilor and Foreign Minister of China, Foreign Minister of France and the United Nations Secretary-General. https://www.un.org/sg/en/content/sg/note-correspondents/2019-06-29/press-statement-climate-change-following-the-meeting-between-the-state-councilor-and-foreign-minister-of-china-foreign-minister-of-france-and-the-united
WEF – World Economic Forum (2023). The Global Risk Report 2023 (18th edition): Insight Report. https://www3.weforum.org/docs/WEF_Global_Risks_Report_2023.pdf
Wiedman, G. (2016). EU-Brazil Sector Dialogue Nature-Based Solutions for Resilient Cities: from R&I to implementation. https://research-and-innovation.ec.europa.eu/system/files/2020-02/ec_rtd_eu-brazil-roadmap_2018.pdf

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Lucas Augusto Ramos, Rafael Costa Freiria