TY - JOUR AU - Silva , Gustavo de Godoy e PY - 2022/08/30 Y2 - 2024/03/29 TI - Língua de sinais, gestos e cores: o caso ka’apor JF - LIAMES: Línguas Indígenas Americanas JA - LIAMES: Ling. Indig. Am. VL - 22 IS - 00 SE - Dossiê DO - 10.20396/liames.v22i00.8667939 UR - https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/liames/article/view/8667939 SP - e022012 AB - <p>A língua de sinais ka'apor não tem nenhuma palavra que denote uma cor específica. Somando-se a esse fato, aparentemente curioso, há outro ainda mais revelador e ao que parece contraditório: há um sinal que designa a ideia genérica de cor. Isso não é tudo. O sinal cor é também usado na gesticulação que acompanha a língua ka'apor falada, a qual não apresenta um item lexical que designe o conceito de cor. Portanto, o ka'apor falado apresenta um gesto para a ideia genérica de cor e itens lexicais da fala que são termos para cores específicas. Partindo desses dados, retomo uma discussão geral sobre a semântica das cores específicas, argumentando que esse não é um domínio fundamental das línguas humanas (Wierzbicka 2008). Além disso, argumento que a modalidade gestual, embora seja um canal visual, é rebelde à referência de cores: as línguas de sinais, por isso, não se adequam à ideia de termos básicos para cores, tal como formulada por Berlin e Kay (1969). Cito aqui o caso da Libras, da língua de sinais do povo yolŋu e da língua de sinais de Top Hill. Por fim, observo que se a língua de sinais ka'apor ignora os termos específicos para cores, o pensamento mítico ka'apor, conhecido por surdos e ouvintes, conceptualiza o excesso de cores como algo maléfico – fato este já demonstrado pela análise comparativa de mitos (Lévi-Strauss 1964). O presente artigo é uma revisão e continuação do trabalho de Ferreira e Siqueira (1985) que compararam a língua de sinais do povo ka’apor com a Libras.</p> ER -