Resumo
As línguas diferem umas das outras em relação a se, e, como, elas categorizam nomes a partir de critérios lexicais e gramaticais específicos. Um exemplo bastante estudado é a distinção entre nomes contáveis e massivos, que divide os nomes de acordo com sua capacidade de serem contados ou medidos. Comparações entre as línguas sobre esse sistema de categorização nominal mostraram que a distinção entre nomes contáveis e nomes massivos não é um reflexo de percepções pré-linguísticas, mas, sim, uma distinção gramatical interna das línguas que mostra como a contabilidade e a mensurabilidade podem ser codificadas gramaticalmente em diferentes tipos de nomes. O foco deste trabalho é analisar como a distinção entre nomes contáveis e massivos é codificada na gramática da língua Nadëb (família Naduhup; ISO 639-3: mbj) - uma língua indígena ameaçada e pouco descrita do Noroeste da Amazônia (Brasil). Os resultados da aplicação do “The count/mass distinction questionnaire”, de Lima e Rothstein (2020), mostram que a possibilidade (ou impossibilidade) de um nome ocorrer sintaticamente justaposto a um numeral é um ponto central para a divisão dos nomes em contáveis e massivos em Nadëb. Além disso, mostro que nomes massivos e contáveis se combinam com conjuntos distintos de quantificadores, e que a possibilidade de ter uma forma (semi-)supletiva para indicar plural também pode ser considerada uma estratégia possível de atribuição de nomes à classe dos nomes contáveis em Nadëb.
Referências
Chierchia, Gennaro (2010). Mass nouns, vagueness and semantic variation. Synthese 174(1): 99–149. https://doi.org/10.1007/s11229-009-9686-6
Chierchia, Gennaro (2015). How universal is the mass/count distinction? Three grammars of counting. In Li Simpson; W.D. Tsai (eds.), Chinese Syntax in a Cross-linguistic Perspective, pp. 147-175. Oxford: Oxford University Press.
Comrie, Bernard (2005). Endangered numeral systems. In Jan Wohlgemuth; Tyko Dirksmeyer (eds.), Bedrohte Vielfalt: Aspekte des Sprach(en)tods, pp. 203-230. Berlin: Weissensee Verlag.
Dryer, Matthew S. (2013). Order of Subject, Object and Verb. In Mathew S. Dryer; Martin Haspelmath (eds.), The World Atlas of Language Structures Online. Leipzig: Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology. https://wals.info/
Epps, Patience (2006). Growing a numeral system: The historical development of numerals in an Amazonian language family. Diachronica 23(2): 259-288. https://doi.org/10.1075/dia.23.2.03epp
Epps, Patience (2008). A grammar of Hup. Berlin/ New York: Mouton Grammar Library 43.
https://doi.org/10.1515/9783110199079
Epps, Patience; Bowern, Claire; Hansen, Cynthia; Hill, Jane; Jason Zentz (2012). On numeral complexity in hunter-gatherer languages. Linguistic Typology 16: 39-107. https://doi.org/10.1515/lity-2012-0002
Epps, Patience; Salanova, Andrés Pablo (2013). The languages of Amazonia. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America 11(1): 1-28. https://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol11/iss1/1
Epps, Patience; Bolaños, Katherine (2017). Reconsidering the “Makú” language family of Northwest Amazonia. International journal of American Linguistics 83(3): 467–507. https://doi.org/10.1086/691586
Epps, Patience; Luedke, Emily; Obert, Karolin; Simmons, Mark J. (2021). Constituent disorder? Community perspectives on sentence structure in Nadëb. Paper presented at 23rd WAIL, UC Santa Barbara.
Epps, Patience; Obert, Karolin (forthcoming). Linguistic clues to hunter-gatherer histories: the Naduhup peoples of northwest Amazonia. Journal of Hunter-Gather Research.
Epps, Patience; Obert, Karolin (forthcoming). Naduhup languages and the typology of nominal classification. Cadernos de Etnolinguistica.
Lima, Suzi (2014). The grammar of individuation and counting. (MA Thesis in Linguistics). Amherst: University of Massachusetts. https://scholarworks.umass.edu/dissertations_2/109
Lima, Suzi; Rothstein, Susan (2020). A typology of the mass/count distinction in Brazil and its relevance for mass/count theories. Linguistic Variation 20(2): 174-218. https://doi.org/10.1075/lv.00015.lim
Martins, Silvana A. 2004. Fonologia e gramática Dâw. Amsterdam: LOT.
https://www.lotpublications.nl/fonologia-e-gramatica-daw-tomo-ii-fonologia-e-gramatica-daw
Nimuendajú, Curt (1955). Reconhecimento dos rios Icána, Ayarí, e Uaupés, março a julho de 1927: Apontamentos linguísticos. Journal de la Société des Américanistes (44)1: 149-178.
Rothstein, Susan (2017). Semantics for counting and measuring (Key Topics in Semantics and Pragmatics). Cambridge: Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/9780511734830
Storto, Luciana (2020). Count and mass nouns in Dâw. Special issue, Suzi Lima (ed.), A typology of the mass/count distinction in Brazil and its relevance for mass/count theories’. Language and Linguistic Compass 20(2): 219-229.
Weir, E. M. Helen (1984). A negação e outros tópicos da gramática Nadëb. (MA Thesis in Linguistics). Campinas: Universidade Estadual de Campinas. http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/270761
Weir, E. M. Helen (1986). Footprints of yesterday’s syntax: Diachronic Development of certain verb prefixes in an OSV language (Nadëb). Lingua 68 (4): 291-316. https://doi.org/10.1016/0024-3841(86)90014-8
Wilhelm, Andrea (2006). Count and mass nouns in Dëne Suɫɪné. In David Montero Baumer; Michael Scanlon (eds.), Proceedings of the 25th West Coast Conference on Formal Linguistics, pp. 435-443. Somerville, MA: Cascadilla Proceedings Project.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2021 Karolin Obert