Banner Portal
Causalidade Circular e Causação Mental

Palavras-chave

fisicalismo
externalismo e internalismo
epifenomenalismo
kim
causação mental

Como Citar

HASELAGER, Willem Pim Ferdinand Gerardus; GONZALES , Maria Eunice Quilici. Causalidade Circular e Causação Mental: Uma saída para a Oposição Internalismo Versus Externalismo . Manuscrito: Revista Internacional de Filosofia, Campinas, SP, v. 25, n. esp., p. 217–238, 2025. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/manuscrito/article/view/8660334. Acesso em: 14 maio. 2025.

Resumo

O debate internalismo versus externalis mo é freqüentemente construido
na forma de uma oposição direta entre conteúdo mental e causação mental. Tal
oposição reforça uma tendência a se tomar partido no debate. Alguns sustentam que
o fisicalismo falhou, uma vez que não existe uma explicação sobre o papel do
conteúdo mental externo na causação interna do comportamento. Outros
(notavelmente Jaegwon Kim) tomam o partido do fisicalismo e argumentam ele
não deixa lugar para um papel causal do conteúdo mental (ou para a mente em
geral). Eu Defendemos aqui a hipótese de que debate internalismo versus
externalismo não necessita de um vencedor e propomos a dissolução de tal oposição.
a qual o conteúdo mental não pode desempenhar um papel causal genuino na
Indicaremos uma saída para essa disputa focalizando a suposição físicalista segundo
produção do comportamento. De acordo com Kim, o fisicalismo nos coloca diante de
um dilema: o mental pode ser reduzido ao fisico ou, alternativamente, o mental não
pode ser reduzido ao fisico. No primeiro caso, o conteúdo mental torna-se um mero
epifenômeno. No segundo, a irredutibilidade do mental deixa inexplicado,
portanto misterioso, o seu poder causal.
Diferentemente de Kim, procuraremos escapar do dilema sugerido, ao mesmo
tempo em que preservaremos o fisicalismo. Procuraremos mostrar que o dilema
“epifenomenalize ou mistifique” é falso, uma vez que ele pressupõe uma concepção
de explicação e de redução que, embora seja predominante na ciência cognitiva, não
leva em consideração a natureza dinâmica da cognição. Uma análise cuidadosa da
estratégia explanatória cognitivista – i.e redução via análise funcional (decomposição
e localização) – revela que ela é válida apenas para sistemas nos quais a interação
entre os seus componentes internos é mínima. Tal análise coincide com a visão
cognitivista da mente entendida como um sistema composto por representações
mentais.
Sustentaremos que a mente é um sistema incorporado e situado, cuja natureza
dinâmica não pode ser explicada pela estratégia cognitivista tradicional. Como
ocorre freqüentemente com os sistemas dinâmicos, a causalidade circular se faz
presente, o que significa dizer que variáveis de ordem superior, no plano
macroscópico, restringem o comportamento dos componentes de ordem inferior, no
plano microscópico. Esta noção de causalidade circular indica a importância de
variáveis no plano macroscópico para os processos que operam no plano
microscópico. Forneceremos exemplos de aplicação da causalidade circular na
cognição para ilustrar a inadequação das estratégias explanatórias reducionistas
tradicionais.
Concluiremos, então, que o dilema proposto por Kim pressupõe um modelo de
explicação reducionista
que
é inapropriado para abordar os aspectos dinâmicos da
cognição. Mais especificamente, argumentaremos que o fisicalismo não conduz ao
epifenomenalismo nem ao mistério.De modo geral, sustentamos que uma
compreensão apropriada da natureza dinâmica da cognição pode fornecer uma saida
para a oposição perene entre externalismo e internalismo.

Referências

ASHBY, W.R. (1962). "Principles of the Self-Organizing System”. In: H.
Von Foerster & G.W. Zopf, Jr. (eds.), Principles of Self Organization
BECHTEL, W. (1988). Philosophy of Science: An Overview for Cognitive Science
BECHTEL, W. & RICHARDSON, R.C. (1993). Discovering Complexity:
(Oxford, Pergamon).
(Hillsdale, Lawrence Erlbaum).
Decomposition and Localization as Strategies in Scientific Research
(Princeton, Princeton University Press).
CAMPBELL, D.T. (1974). “Downward Causation' in Hierarchically
Organized Biological Systems”. In: F. Ayala & T. Dobzhansky
(eds.), Studies in the Philosophy of Biology (Berkeley, University of
California Press), pp. 179-186.
CHURCHLAND, P. S. (1986). Neurophilosophy: Towards a Unified Science of
the Mind-Brain (Cambridge, MA, MIT Press).
CLARK, A. (1997). Being There: Putting Brain, Body, and World Together
Again (Cambridge, MA, MIT Press).
CUMMINS, R. (1983). The Nature of Psychological Explanation (Cambridge,
MA, MIT Press).
CHALMERS, D. (1996). The Conscious Mind: In Search of a Fundamental
Theory (Oxford, Oxford University Press).
© Manuscrito, 2002.
Manuson
Cognitive Science". In: A. Riegler, M. Peschl, & A. Von Stein
237
18. (Campinas,
de Janeiro, Brazil.
DARDEN, L. & MAULL, N. (1977). “Interfield Theories”. Philosophy of
DEBRUN, M. A. (1996). "A Idéia de Auto-Organização". In: M.
FODOR, J. (1974). “Special Sciences”. Synthese, 28, pp. 77-115.
GONZALEZ, M.E.Q. (2000). "The Self-Organizing Process of
. (1999). “Neurodynamics and the Revival of Associationism in
CAUSALIDADE CIRCULAR E CAUSAÇÃO MENTAL
Science, 43, pp. 44-64.
Debrun, M.E.Q. Gonzales & O. Pessoa Jr. (eds.) Auto-Organização:
Estudos Interdisciplinares Coleção CLE, V.
CLE/Unicamp).
Distributed Information: a way out of the mind-body problem?"
In: Proc. 5th Brazilian International Conference on Neural Networks Rio
HAKEN, H. (1977). Synergetics: An Introduction (Berlin, Springer Verlag).
(1983). Synergetics (Berlin, Springer Verlag).
(1999). "Synergetics and some Applications to Psychology”. In:
W. Tschacher & P.-P. Daualder (eds.), Dynamics, Synergetics,
Autonomous Agents (London, World Scientific).
HAKEN, H. & WUNDERLIN, A. (1990). “Synergetics and its
Paradigm of Self-Organization in Biological Systems”. In: H.T.A.
Whiting, O.G. Meijer & P. C.W. van Wieringen (eds.) The Natural
Physical Approach to Movement Control (Amsterdam, VU University
Press).
HAKEN, H., KELSO, J.A., & BUNZ, H. (1985). "A Theoretical Model
of Phase Transitions in Human Hand Movements”. Biological
Cybernetics, 51, pp. 347-356.
HASELAGER, W.F.G. (1997). Cognitive Science and Folk Psychology: The
Right Frame of Mind (London, Sage).
dee
WILLEM HASELAGER EMARIA EUNICE GONZALEZ
(eds.) Understanding Representation in the Cognitive Sciences: Does Repre
sentation Need Reality? (New York, Kluwer Academic/Plenum
238
Publ.), pp. 115-120.
V.
JAMES, W. (1890). The Principles of Psychology (New York, Dover).
KELSO, J.A. (1995). Dynamic Patterns: The Self-Organization of Brain and
Behavior (Cambridge, MA, MIT Press).
KIM, J. (1993). Supervenience and Mind (Cambridge, Cambridge University
Press)
malde
(1998). Mind in a Physical World (Cambridge, MA, MIT Press).
Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Downloads

Não há dados estatísticos.