Resumo
Aborda-se neste artigo um exercício de leitura sobre o texto do estadunidense Allan Kaprow, The real experimentation, no qual problematiza o que vem a ser a arte que se parece com a arte, em contraponto à arte que se parece com a vida. Para argumentar a diferença entre as duas propostas, Kaprow conta duas histórias para exemplificar sua tese, instigando o leitor e o artista a observar mais, andar mais, performar mais e se libertar através de caminhos que se orientam para se distanciar da comunidade tradicional das belas artes, assim como das comunidades das artes comerciais. O texto do artista é analisado em sua forma enunciativa e poética, nos iluminando não pelo fato de aceder à literatura com um grande L, mas pelo fato que restitui as percepções infinitesimais dos processos e visões, salvando o que está muitas vezes perdido e restituindo o saber singular; a argumentação de novos fenômenos.
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