Resumo
Este artigo trata da trajetória de Angelina Agostini em Londres, entre 1914 e c.1920, para mostrar como a artista, em plena Primeira Guerra Mundial, cruzou fronteiras, literal e metaforicamente, para se aprimorar como artista e afirmar-se como mulher independente, num momento em que ambas as posições ainda estavam longe de serem favoráveis às mulheres. O artigo divide-se em sete seções. Inicia-se com a participação de Angelina na exposição da Royal Academy of Arts em 1917, para a qual foi selecionada a despeito da misoginia do Royal Committee; prossegue discutindo a tela Model’s Rest, para indicar a sintonia da brasileira com uma produção de nus femininos então realizados por artistas mulheres britânicas e como essas obras femininas fizeram parte da luta por igualdade de direitos para as mulheres em geral e as artistas em particular. Em seguida, analisamos seu autorretrato, realizado em 1915, para evidenciar como a artista em Londres vai se convertendo na “Nova Mulher” moderna. Prosseguimos apresentando a produção artística feminina durante a Guerra, bem como a participação de Angelina Agostini em exposições no imediato Pós-guerra. Finalizamos com uma descrição do fervilhante bairro de Chelsea, considerado a Montmartre londrina à época, onde Angelina viveu e trabalhou, e onde a intensa sociabilidade favorecia aos artistas vivenciarem uma formação artística não convencional.
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