Caros Leitores,


Em comemoração ao aniversário de três anos da Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação (RDBCI), estamos lançando o primeiro número especial temático da revista, a partir da obra de Umberto Eco, “O Nome da Rosa”, vista através da percepção de sete profissionais da área que fizeram uma leitura crítica e perceptiva sobre o campo da Biblioteconomia e Ciência da Informação, subdivida nas temáticas: Preservação e Conservação da Memória; Perfil do Profissional da Informação; Disseminação da Informação; Bibliotecas: facetas e mudanças e por último Biblioteca e Linguagens.


Vale a pena contextualizar como se estruturou este número especial. Inicialmente convidamos seis autores (professores), representantes de diferentes regiões do país e de diferentes universidades, ficando livre a parceria no texto para lapidarem a obra “O Nome da Rosa”, voltando seu olhar para as áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação, a partir de temas determinados previamente, mas devido ao tempo, apenas cinco autores aceitaram este desafio. Conseguimos um substituto e então fechamos o grupo com os seis professores.


Posteriormente, ocorreu uma desistência e não havia mais tempo hábil para convidarmos outro professor. Desta forma, a Região Norte não foi representada neste número especial e contamos com o compromisso de cinco professores, sendo que dois recorreram à co-autoria. Estes autores e co-autores estão situados geograficamente em áreas e instituições diferentes, sendo elas: Nordeste (Universidade Federal do Maranhão – UFMA), Centro-Oeste (Universidade de Brasília – UnB), Sul (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e Universidade Federal do Paraná – UFPR) e Sudeste (Universidade de São Paulo – USP e Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa/MG).


Os artigos ficaram assim organizados:


PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA MEMÓRIA


No primeiro artigo o professor César Augusto de Castro (UFMA), analisa a biblioteca como lugar de memória e espaço de produção e circulação de conhecimento, apoiando-se na obra “O Nome da Rosa” tomada como referência. O autor evidencia as diferentes formas de criação e destruição desse espaço de memória em diferentes sociedades, bem como as diferentes estratégias de salvaguarda de seus acervos. Defende a biblioteca como espaço de guarda e conservação das materialidades documentais produzidas no passado, como fontes de informação para uma compreensão aprofundada do presente e o bibliotecário, por sua vez, como guardião do conhecimento. Enfoca as tecnologias como recursos auxiliares na recuperação de informações produzidas no passado, sem, contudo, torná-las em fetiches. Conclui que, entre as instituições envolvidas com a preservação da memória, a biblioteca tem papel preponderante na preservação e disseminação do passado – e, portanto, da identidade – de um povo.


PERFIL DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO


Sofia Galvão Baptista (professora da UnB) e Mariana Baptista Brandt (aluna do curso de Biblioteconomia da UnB) mostram a evolução do curso de Biblioteconomia no Brasil e a atuação do bibliotecário. Baseado, inicialmente, nas premissas do bibliotecário retratado por Umberto Eco em seu livro “O Nome da Rosa”, este artigo pretende mostrar três fases desse profissional (eruditismo, ordem e tecnologia), retratando seu ambiente de trabalho, as tarefas, o contexto e outras variáveis que contam a sua história desde a era medieval à sociedade da informação e à era digital. Além disso, as autoras irão fazer um referencial histórico da era medieval, pretendendo questionar a função de "guardião" da informação nesta fase e no contexto atual.


DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO


No terceiro artigo a Professora Patrícia Zeni Marchiori (UFPR) apresenta uma leitura de “O Nome da Rosa” e de “O Código da Vinci”, complementares sob o ponto de vista da disseminação da informação. A partir da leitura destas obras discute os conceitos de verdade, a busca da verdade, o acesso à informação, as motivações e critérios individuais que se sobrepõem à necessidade, validação e uso da informação. A autora comenta que considerando que o universo pessoal representa a fronteira do entendimento e da aceitação da informação como verdades, pelo menos três dimensões concorrem para o acesso à informação e são afetadas pelas novas tecnologias. Tais tecnologias respaldam uma nova ordem de comunicação, cuja tendência crescente é a de transferir a responsabilidade plena sobre o processo de busca e uso da informação para o consumidor, acarretando leituras não convencionais sobre critérios de qualidade da informação e o surgimento de uma nova categoria de direitos civis: o direito intelectual.


BIBLIOTECAS: FACETAS E MUDANÇAS


No quarto artigo, a professora Úrsula Blattmann (UFSC) e a bibliotecária Graça Maria Fragoso (Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa/MG) fazem uma reflexão crítica sobre bibliotecas como templo dos saberes, suas facetas e mudanças. Debatem sobre políticas de acesso de acervos públicos e privados, além da importância de bibliotecas para atender o ser humano em suas dimensões sociais, educacionais, culturais, econômicas, tudo isso comparado com a obra “O Nome da Rosa”.


BIBLIOTECA E LINGUAGENS


Por último, temos a contribuição da Professora Regina Keiko F. Obata Amaro (USP) que discute sobre organização e classificação dos sistemas de informação e cultura revistas a partir de “O Nome da Rosa” (livro e filme). A autora destaca a representação como abordagem conceitual, amplia a noção de linguagem estabelecida para o Sistema de Recuperação da Informação (SRI) e propõe a identificação de várias linguagens como constituintes dos sistemas de informação e cultura. A Professora Regina destaca, ainda, que essas linguagens, tomadas como instrumentos conceituais e operacionais, são utilizadas para a análise da obra em questão.


Neste sentido, com as contribuições dos autores, acreditamos que após reuni-los como uma coletânea de textos de grande relevância, consequentemente, conseguimos preparar a partir deste número especial temático, um instrumento que irá servir como material didático-pedagógico para os cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação tanto na Graduação quanto na Pós-Graduação, com um enfoque totalmente contextualizado e baseado na obra de Umberto Eco, que traz em seu enredo, um mundo cercado de segredos e mistérios que devemos descobrir e identificar cada vez mais em nossa profissão no mundo contemporâneo.


Agradecemos, primeiramente, aos colaboradores pela publicação deste número, pois sem eles não seria possível concretizar este projeto audacioso que nós, editores, proporcionamos a todos vocês leitores da RDBCI.


Conseguimos mais uma vez, inovar este espaço de disseminação de informação (RDBCI), através do apoio do Sistema de Bibliotecas da Universidade Estadual de Campinas e de toda equipe técnica editorial (expediente), pois sem eles também, não conseguiríamos realizar este sonho, gerenciado em um mundo cibernético virtual (Internet), odiado por alguns e


amado por outros, devido a sua proporção de disseminação e geração de conhecimento instantâneo.


Assim, finalizamos este número especial manifestando e expressando o nosso carinho pela postura profissional, aos colegas autores por terem realizado um trabalho pioneiro e avançado na nossa área.


Muito obrigado e boa leitura!


Gildenir Carolino Santos Danielle Thiago Ferreira Leonardo Fernandes Souto Editores da RDBCI Setembro – 2006

(Data comemorativa de 3 anos de RBDCI)