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Camões antiliteratura? Um tópico e algumas questões teórico-historiográficas
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Palavras-chave

Poesia lírica
Século XVI
Estudos camonianos
Tópica
Retórica

Como Citar

DE BRITO, Matheus. Camões antiliteratura? Um tópico e algumas questões teórico-historiográficas. Remate de Males, Campinas, SP, v. 39, n. 2, p. 904–924, 2019. DOI: 10.20396/remate.v39i2.8654709. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8654709. Acesso em: 16 abr. 2024.

Resumo

É algo anacrônico ler a lírica de Camões como se fosse um ato discursivo afim à contemporânea “literatura”. Essa limitação epistêmica se nutre da ausência de um “contraconceito” rigoroso. Corrigir a defectividade pragmática da escrita por meio do preenchimento hermenêutico de lacunas históricas é uma tarefa ingrata, pois tudo submete à regra dos atuais estudos literários, suas inércias teórico-institucionais. Não bastasse isso, a própria obra camoniana em diversos passos exprime um non confundar: acusa, nas conhecidas redondilhas “Sôbolos rios que vão”, os poetas que cantaram o amor profano de “sofistas”; ironiza, na boca dum Duriano, o “amor fino como melão” a que o apaixonado Filodemo se entregava; representa, na figura ridícula do infeliz sátiro da égloga, o desespero amoroso como “imaginação” do que “a rudeza e a ciência agreste lhe ensinara”. Essas figuras ganham importância quando reimaginamos as coordenadas ético-retóricas da escrita de Quinhentos. Nosso trabalho propõe algumas questões à volta desse “Camões antiliteratura” como pequena contribuição para a reconstrução do espaço pragmático de sua obra, aplicável talvez à poesia pré-burguesa.

https://doi.org/10.20396/remate.v39i2.8654709
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