Banner Portal
Notas sobre narrativas míticas e transculturação
PDF

Palavras-chave

Literatura comparada
Culturas ameríndias
Culturas africanas

Como Citar

FISCHGOLD, Christian. Notas sobre narrativas míticas e transculturação: passado, presente e futuro em contexto atlântico. Remate de Males, Campinas, SP, v. 42, n. 2, p. 363–382, 2023. DOI: 10.20396/remate.v42i2.8671173. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8671173. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

As narrativas míticas são geralmente compreendidas como termos de síntese e mediação entre atores e mundos humanos e não humanos. As mudanças ocorridas na abordagem antropológica do século XX alteraram a concepção corrente do mito, a partir de então não mais visto como uma narrativa do passado, mas como tendo adquirido uma função de orientar a vida social cotidiana no presente. Essa nova atitude destacou a dimensão do mito sendo vivido, utilizado e atuante. Quando introduzidas no contexto artístico, as narrativas míticas se tornam um campo no qual se desenvolve um intenso processo de transculturação, estabelecendo um diálogo intercultural entre culturas periféricas e culturas hegemônicas. Esse artigo afirma o lugar central que as narrativas míticas ocuparam (e ainda ocupam) nos processos de modernização do campo das letras e das artes no contexto dos países de língua oficial portuguesa, especialmente Brasil e Angola. Além disso, destaca como essas narrativas desafiam o eurocentrismo e o antropocentrismo, presentes nas artes e nas sociedades contemporâneas.

https://doi.org/10.20396/remate.v42i2.8671173
PDF

Referências

AARNI, Teddy. The Kalunga Concept in Owambo Religion from 1870 onwards. Stockholm: Almquist & Wiksell, 1982.

ABRANCHES, Henrique. Reflexões sobre Cultura Nacional. Lisboa: Edições 70, 1980.

ABRANCHES, Henrique. Comunicação. In: Conferência dos Escritores Afro-asiáticos. Teses Angolanas: documentos da VI Conferência. Lisboa: Edições 70 para a União dos Escritores Angolanos, 1981.

ABRANCHES, Henrique. A Konkhava de Feti. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1985.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Ed. crítica. Coord. Telê Porto Ancona Lopes. Nanterre: ALLCA XX/Colección Archivos, 1942.

ANDRADE, Mário de. O Movimento Modernista. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1996.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Ubu, 2017.

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética: a teoria do romance. São Paulo: Hucitec, 1998.

BOSI, Alfredo. Situação de Macunaíma. In: ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Ed. crítica. Coord. Telê Porto Ancona Lopes. Nanterre: ALLCA XX/Colección Archivos, 1942.

CARVALHO, Ruy Duarte de. Travessias da oralidade, veredas da modernidade. [Palestra organizada pela Casa das Áfricas, na PUC-SP]. São Paulo, 2004. Disponível em: https://acervoafrica.org.br/video/travessias-da-oralidade-veredas-da-modernidade/. Acesso em: 20 jan. 2023.

CARVALHO, Ruy Duarte de. A câmara, a escrita e a coisa dita. Lisboa: Cotovia, 2008.

CARVALHO, Ruy Duarte de. Tempo de ouvir o ‘outro’ enquanto o “outro” ainda existe antes que haja só o outro... ou pré-manifesto Neo-Animista. 2009. In: http://www.buala.org/pt/ruy-duarte-de-carvalho/tempo-de-ouvir-o-outro-enquanto-o-outro-existe-antes-que-haja-so-o-outro-ou-p.

CARVALHO, Ruy Duarte de. Decálogo Neo-Animista. 2010. In: http://www.buala.org/pt/ruy-duarte-de-carvalho/decalogo-neo-animista-ruy-duarte-de-carvalho.

CARVALHO, Ruy Duarte de. Desmedida – Luanda, São Paulo, São Francisco e volta: crónicas do Brasil. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2010.

ESBELL, Jaider. Terreiro de Makunaimã – mitos, lendas e estórias em vivências. Belém: Cromos, 2012.

ESBELL, Jaider. Entrevistas. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2018.

FISCHGOLD, Christian. A viagem ao outro na literatura de Ruy Duarte de Carvalho. In: PHAF-RHEINBERGER, Ineke et al. (eds.). Literatura e outras artes: construção da memória em Angola e Moçambique. Frankfurt: Peter Lang Edition, 2017a, pp. 71-86.

FISCHGOLD, Christian. Nambalisita: representações do herói mítico angolano na etnografia, na literatura e no cinema. Revista Mulemba, v. 9, n. 17, 2017b, pp. 67-79.

FISCHGOLD, Christian. Presente angolano, tempo mumuíla: para além do filme etnográfico. Itinerários: Revista de Literatura, n. 49, 2019, pp. 63-78.

FISCHGOLD, Christian. Makunaíma(s): poética da metamorfose. Iberoamericana, v. 20, 2020, pp. 119-136.

FORD, Clyde W. The Hero with an African Face: Mythic Wisdom of Traditional Africa. New York: Bantam Book, 1999.

GRAÇA, Antônio Paulo. Uma poética do genocídio. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.

KANGUSSU, Imaculada; FONSECA, Jair Tadeu. Macunaíma, literatura, cinema e filosofia. Revista ArtEfilosofia, n. 11, 2011, pp. 144-157.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993.

LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido. São Paulo: Cosac Naify, 2010. (Coleção Mitológicas)

MELO, Alfredo Cesar. Por um comparativismo do pobre: notas para um programa de estudos. Revista Brasileira de Literatura Comparada, v. 15, n. 23, 2017, pp. 9-30.

MILLER, Joseph. Kings and Kinsmen: Early Mbundu States in Angola. Oxford: Clarendon Press, 1976.

MORAES, Anita Martins Rodrigues de; MARTIN, Vima Lia. O Brasil e a poesia africana de língua portuguesa. Scripta, v. 15, n. 29, 2011, pp. 6984.

MEDINA, João. Gilberto Freyre contestado: o lusotropicalismo criticado nas colónias portuguesas como álibi colonial do salazarismo. Revista USP, v. n.45, 2000, pp. 48-61.

MOSER, Gerald. A Konkhava de Feti. World Literature Today, v. 56, n. 3, 1982, pp. 558-559.

NODARI, Alexandre. A metamorfologia de Macunaíma: notas iniciais. Crítica Cultural-Critic, v. 15, n. 1, 2020, pp. 41-67.

ORTIZ, Fernando. El contrapunteo cubano del azúcar y del tabaco. Cuba: Editorial de Ciencias Sociales, 1983.

PIÇARRA, Maria do Carmo. Angola: o cinema da independência. Lisboa: Guerra e Paz, 2015.

PINTO, João Alberto da Costa. Gilberto Freyre e o Lusotropicalismo como ideologia do Colonialismo português (1951-1974). Revista UFG, ano 11, 2009, pp. 145-160.

QUIJANO, Aníbal. Coloniality of Power, Eurocentrism and Latin America. Nepantla: Views from South, v. 1, n. 3, 2000, pp. 533-580.

RAMA, Ángel. Transculturación narrativa en América Latina. Buenos Aires: El Andariego, 2008.

SALOKOSKI, Martha. How Kings are Made – How Kingship Changes: A Study of Rituals and Ritual Change in Pre-Colonial and Colonial Owamboland, Namibia. University of Helsinki, Research Series in Anthropology, 2006.

SCHEFER, Raquel. Ruy Duarte de Carvalho’s Nelisita: Shifting the Boundaries of Art and Science in Angolan Revolutionary Cinema. South African Historical Journal, nov. 2020, pp. 405-430.

SEMBÈNE, Ousmane. Interviews. Edited by Annetu Busch and Max Annas. Jackson: University Press of Mississipi, 2008.

SÁ, Lúcia. Literaturas da Floresta: textos amazônicos e cultura latino-americana. Rio de Janeiro: Eduerj, 2012.

SANTIAGO, Silviano. A trajetória de um livro. In: ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Ed. crítica. Coord. Telê Porto Ancona Lopes. Nanterre: ALLCA XX/Colección Archivos, 1996.

STERZI, Eduardo. A irrupção das formas selvagens. In: ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Ubu, 2017.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo. São Paulo: Cortez, 2006.

SOUZA, Gilda de Mello e. O Tupi e o Alaúde: uma interpretação de Macunaíma. São Paulo: Editora 34, 2003.

STAM, Robert. A literatura através do cinema: realismo, magia e a arte da adaptação. Trad. Marie-Anne Kremmer e Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 2008.

XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento: Cinema Novo, Tropicalismo e Cinema Marginal. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

YAKULEINGE, Gaudêncio Félix. Uma teologia cristã desde os ritos ovakwanyama. Lisboa: Paulus, 2012.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Licença Creative Commons

Downloads

Não há dados estatísticos.