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Câmara ardente: um livro?
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Palavras-chave

Alphonsus de Guimaraens. Câmara ardente. estrutura litúrgica.

Como Citar

RICIERI, Francine Fernandes Weiss. Câmara ardente: um livro?. Remate de Males, Campinas, SP, v. 37, n. 1, p. 9–36, 2017. DOI: 10.20396/remate.v37i1.8649242. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8649242. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

Este texto se divide em três seções. A primeira, “Algumas considerações sobre livros simbolistas” recupera indicações da fortuna crítica dedicada à poesia brasileira de final do século XIX no que diz respeito à concepção de livro, entendido não como recolha aleatória de poemas, mas como unidade criativa e/ou unidade de significação. Percorrem-se, também, indicações contidas em livros específicos ou documentos daquele período, alusivos a tal concepção, com algumas conclusões parciais: livros simbolistas podem recorrer, na formulação de seus princípios de coesão, a critérios temáticos, a títulos que coordenam poemas mais ou menos relacionáveis, ao estabelecimento de ciclos ou estruturas cíclicas, à implicitação ou explicitação de estruturas narrativas, à adoção nostálgica de elementos unificadores de natureza genérica ou formal como o trágico ou o épico, à hibridização de gêneros, bem como à relação intertextual com outros livros, que passam, em alguns casos, a estabelecer matrizes estruturais para um volume em específico. Um livro simbolista, nesse sentido, significa por aquilo que nele é mescla, não só de gêneros, mas também de modalidades estéticas, de posturas enunciativas, de perspectivas e registros díspares. A segunda seção “Alphonsus de Guimaraens: livros, projetos, experimentos” explora a produção daquele autor, recuperando dados documentais relativos a seu processo de criação e publicação de livros, no sentido em discussão. São analisados seus diferentes projetos editorais, bem como processos de reformulação que parecem levar ao estabelecimento de constantes temático-formais que organizam diferentes livros, com a recorrente adoção de estruturas litúrgicas como matrizes estruturais. Nesse sentido, suas publicações de 1899 parecem constituir um ponto de chegada, um momento de maturidade que se sucede a um cuidadoso trabalho de busca estética. A última seção, “Câmara ardente: um livro?”, a partir das considerações anteriores, dedica-se a explorar aspectos da organização temático-formal de Câmara ardente. 
https://doi.org/10.20396/remate.v37i1.8649242
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