Resumo
Neste artigo analisamos as estratégias de sobrevivência dos libertos, na região rural do sul do Estado do Espírito Santo, por meio do depoimento oral dos seus descendentes. Destacamos a reorganização do trabalho após abolição do cativeiro, em 13 de maio de 1888: as possibilidades de os libertos terem acesso à terra; o trabalho familiar; os seus movimentos de migração, dada a mobilidade da mão de obra, na região e a estrutura fundiária caracterizada pela produção da monocultura do café para o mercado externo que suportou a crise após a mudança no regime de trabalho e manteve seu ritmo de crescimento de acordo com as suas especificidades regionais.
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