Resumo
Com a popularização do conceito de Antropoceno e de discursos sobre o fim da humanidade, têm se intensificado enunciados sobre o “tempo do fim” e sobre a exigência por um novo mundo em decorrência do esgotamento de um estilo de vida capitalista. Jacques Rancière verifica que o intelectual produtor do discurso do “tempo do fim” afirma se identificar com os dilemas partilhados com todos os habitantes da ruína do fim dos tempos, mas se atribui um lugar no alto, ao determinar para si a posse de um saber inacessível aos demais. Na contracorrente desta postura, Rancière propõe à filosofia uma abertura ao outro, ao analisar a filmografia de Béla Tarr, tecendo uma proposta acerca do “tempo do depois”.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2007.
AGAMBEN, Giorgio. A religião e a peste. Apocalypse neoliberal. Tradução de Pedro Levi Bismarck e Luhuna Carvalho. São Paulo, abr./maio/jun. 2020. p. 59.
APPEL, Kurt. The testament of Time – The Apocalypse of John and the recapitulatio of Time according to Giorgio Agamben. In: WIESER, Veronika; ELTSCHINGER, Vincent; HEISS, Johan (Eds.). Cultures of Eschatology. Berlin; Boston: De Gruyter Oldenbourg, 2020. p. 733-758. (Coleção Cultural History of Apocalyptic Thought, v. 3). Disponível em: https://doi.org/10.1515/9783110597745-036. Acesso em: 24 set. 2024.
ARENDT, Hannah. A vida do espírito. Tradução de Cesar Augusto de Almeida, Antônio Abranches e Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2022.
BÉLA Tarr. [S.l.: s. n.], 2011. 1 vídeo (9 min). Publicado pelo canal Garyrthk. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HPpJoTmIeuc. Acesso em: 24 set. 2024.
DANOWSKI, Déborah; CASTRO, Eduardo Viveiros de. O passado ainda está por vir. São Paulo: N-1 edições, 2023.
FORLIN, Miguel. O cavalo de Turim: o grande espetáculo do nada. Estadão, São Paulo, 31 maio 2019. Estado da Arte. Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/cinema/o-cavalo-de-turim-o-grande-espetaculo-do-nada/. Acesso em: 24 set. 2024.
MCEWAN, Ian. Blues do fim dos tempos. Tradução de André Bezamat. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2019.
O CAVALO de Turim. Produção de Béla Tarr e Ágnes Hranitzky. Hungria, França, Alemanha, Suíça: TT Filmmuhely, 2011. Filme (146 minutos).
RANCIÈRE, Jacques. A noite dos proletários: arquivos do sonho operário. Tradução de Marilda Pedreira. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.
RANCIÈRE, Jacques. Après quoi?. Confrontation: Après le sujet qui vient, n. 20, p. 191-196, 1989. Disponível em: http://1libertaire.free.fr/JRanciere14.html. Acesso em: 26 abr. 2024.
RANCIÈRE, Jacques. La leçon d’Althusser. Paris: La Fabrique éditions, 2011a.
RANCIÈRE, Jacques. O conceito de anacronismo e a verdade do historiador. Tradução de Mônica Costa Netto. In: SALOMON, Marlon (Org.). História, verdade e tempo. Chapecó: Argos, 2011b. p. 21-48
RANCIÈRE, Jacques. Béla Tarr, le temps d’après. Nantes: Capricci, 2011.
RANCIÈRE, Jacques. Béla Tarr. O tempo do depois. Tradução de Luís Lima. Lisboa: Orfeu Negro, 2013.
RANCIÈRE, Jacques. En quel temps vivons-nous? Conversation avec Eric Hazan. Paris: La Fabrique éditions, 2017.
RANCIÈRE, Jacques. La Méthode de la scène de Jacques Rancière avec Adnen Jdey. Paris: Editions Lignes, 2018.
RANCIÈRE, Jacques. Uma boa oportunidade? Tradução de Peter Pál Pélbart. In: PÉLBART, Peter Pál; FERNANDES, Ricardo Muniz (Orgs.). Pandemia crítica – outono 2020. São Paulo: N-1 edições, 2021. p. 246-248.
RANCIÈRE, Jacques. Tomada da palavra e conquista de tempo livre: uma entrevista com Jacques Rancière. Tradução de Jonas Tabacof Waks. In: CARVALHO, José Sérgio Fonseca de (Org.). Jacques Rancière e a escola: educação, política e emancipação. Belo Horizonte: Autêntica, 2022. p. 25-50.
RIBEIRO, Ana Vieira. A rotina como estrutura do tempo: O cavalo de Turim de Béla Tarr. Revista CROMA, Estudos artísticos, Lisboa, v. 2, 4, p. 20-28, 2014. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/12335. Acesso em: 24 set. 2024.
WISNIK, José Miguel. Recado da viagem. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 2, n. 3, p. 160-170, jul./dez. 1998.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura