Histórias de vida e trabalho sexual: os sentidos da prostituição entre o Norte e Nordeste brasileiro (1960-1990)

Resumo

Este artigo apresenta o recorte de uma pesquisa realizada a partir do trabalho de história oral de vida com veteranas do movimento de prostitutas do Norte e Nordeste brasileiro que exerceram o trabalho sexual ativamente entre os anos 1960 e 1990. Busca-se, neste artigo, refletir especificamente sobre as narrativas referentes às histórias de Lourdes Barreto, Fátima Medeiros, Célia Gomes e Luza Maria, em seus diferentes tempos no exercício da prostituição. As histórias de vida, catalogadas e analisadas, apresentam formas plurais de se exercer o trabalho sexual à luz dos cenários laborais locais. Para além das negociações com clientes, colegas de trabalho e outros personagens que compõem o multifacetado domínio das zonas e pontos de prostituição, procura-se, neste texto, historicizar os sentidos atribuídos à prostituição – tanto as dificuldades e discriminações quanto as possibilidades de agenciamentos, as expectativas, autonomias e reinvenções da vida. Embora não seja considerada crime no Brasil, a prostituição é historicamente estigmatizada, seu entorno é criminalizado e, muitas vezes, é alvo de controle e violência policial.