Resumo
Neste artigo propomos o modus operandi de uma pragmática contra-hegemônica no que tange às teorias do mainstream, ou seja, as internalistas (auto-suficiência da língua como sistema) e as externalistas (aspecto social aliado à língua e não constitutivo da língua). Para tal, constroem-se dois percursos argumentativos para dar conta de uma nova Pragmática emancipatória: (1) nova, que mostra a incompatibilidade conceitual entre a teoria austiniana e a interpretada por seu discípulo Searle; (2) emancipatória, que busca a emancipação intelectual criativa e uma partilha do sensível. Dessas duas perspectivas, contraposições teóricas são apresentadas no e do domínio da(s) pragmática(s).
ABSTRACT
This paper proposes a modus operandi for a non-hegemonic Pragmatics in relation to mainstream theories, i.e., internalist theories (self-sufficiency of language as a system) and externalist ones (social aspects as connected to language, but non-constitutive of it). Two lines of argument are proposed to cope with a New Emancipatory Pragmatics: (1) a new Pragmatics which shows the conceptual incompatibility between the Austinian theory and that interpreted by Searle and (2) an emancipatory Pragmatics in search of a creative intellectual emancipation and the distribution of the sensible. From these two perspectives, theoretical arguments are presented within and about the diverse domains of Pragmatics.
Keywords: emancipator; commitment; non-hegemonic
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