TY - JOUR AU - Albertoni, Pablo PY - 2021/09/14 Y2 - 2024/03/29 TI - Mercantilização e autenticidade na fronteira uruguaio-brasileira: o portunhol no século XXI JF - Trabalhos em Linguística Aplicada JA - Trab. Linguíst. Apl. VL - 60 IS - 2 SE - Dossiê DO - UR - https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8664762 SP - 410-424 AB - <div><p>A situação sociolinguística da fronteira uruguaio-brasileira está sujeita à regulamentação do Estado uruguaio desde o final do século XIX. Ao longo do século XX, diferentes políticas públicas, principalmente educacionais, foram implementadas para erradicar o português e a sua variedade dialetal, o <em>portuñol</em>. Com o impulso dos acordos político-linguísticos assumidos com o MERCOSUL no final do século passado, o português passa a ser representado como símbolo da integração regional, em contradição com o discurso prescritivo tradicional. No século XXI, o projeto liderado por intelectuais e artistas para nomear o portuñol perante a UNESCO como patrimônio cultural imaterial do Uruguai, no contexto de uma crescente produção e difusão da arte em portuñol, modifica o status deste recurso periférico tradicionalmente estigmatizado e associado às classes subordinadas da sociedade de fronteira. A patrimonialização reconfigura processos de inclusão e exclusão, ao mobilizar falantes da periferia socioeconômica para garantir a autenticidade do portuñol. Por um lado, as estratégias que os ativistas desenvolvem para engajar aos falantes autênticos dão conta dos diferentes <em>portuñois</em> em circulação, em disputa, quem lhes atribui valores, quem se beneficia e quem sofre com essas dinâmicas (cf. HELLER, 2011). Por outro lado, a consolidação de um nicho de mercado para a produção artística em portuñol sublinha o delicado equilíbrio entre autenticidade e mercantilização, requisito para garantir o valor de lucro de repertórios estigmatizados na nova economia globalizada.</p></div> ER -