Resumo
Este artigo busca revisitar o lugar dos gêneros e sexualidades na educação linguística. Enfatiza a importância de se abordar as linguagens dos corpos marginalizados e não hegemônicos, quais sejam, os corpos não heterossexuais/heteronormativos, que continuam a enfrentar a abjecção e a exclusão nas sociedades contemporâneas. Investiga o (im)possível e (im)provável encontro entre a educação linguística e as pedagogias focadas na diferença, nas sexualidades, nos gêneros e suas intersecções com os letramentos visuais. A pesquisa adota uma metodologia qualitativa e os métodos de investigação envolvem revisão de literatura, juntamente com análise de documentos digitais via letramentos visuais em que as imagens das mídias sociais são interpretadas como processos de construção de sentidos. A primeira Seção discute os conceitos de gêneros e sexualidades, concentrando-se em existências não heteronormativas e não heterossexuais. A segunda Seção defende que a educação linguística, os letramentos visuais e os estudos de gêneros e sexualidades podem e devem estar em constante diálogo nas aulas de línguas. Finalmente, o artigo oferece quatro praxeologias para a formação de professores de línguas em meio às intersecções de sexualidades e gêneros.
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