Banner Portal
Eleições, estabilidade democrática e socialização política no Brasil: análise longitudinal da persistência de valores nas eleições presidenciais de 2002 a 2010
PDF

Palavras-chave

Democracia. Socialização política. Cultura política. CSES-ESEB 2010

Como Citar

BAQUERO, Marcello; GONZALEZ, Rodrigo Stumpf. Eleições, estabilidade democrática e socialização política no Brasil: análise longitudinal da persistência de valores nas eleições presidenciais de 2002 a 2010. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 17, n. 2, p. 369–399, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8641385. Acesso em: 1 maio. 2024.

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar os debates recentes sobre os fatores que explicam a estabilidade democrática no Brasil. Com base no conceito de socialização política examina-se o impacto que as eleições têm no fortalecimento democrático e a importância de normas e valores para o futuro da democracia. Considera-se que as eleições presidenciais no contexto político brasileiro se constituem em um momento importante do processo de socialização política. Para verificar esta proposição este trabalho utiliza como base de dados as pesquisas do Estudo Eleitoral Brasileiro (ESEB) de 2002, 2006 e 2010. É analisado se o fator idade gera diferenças em relação aos valores e atitudes manifestados pelos entrevistados com um tempo maior de experiência democrática, contribuindo na formação de uma cultura política congruente com a democracia, ou se são definidos pelo contexto eleitoral, tendo como base a divisão da população em coortes por faixa etária e na escolha eleitoral em cada pleito. Com base nos dados analisados identifica-se uma mudança da cultura política em direção à valorização da democracia, mas com a manutenção de contradições que indicam a manutenção de uma cultura híbrida, que não favorece a democracia representativa poliárquica.

 

Abstract:

The main objective of this article is to examine the recent debates about the factors that explain democratic stability in Brazil. Based upon the concept of political socialization it analyses the impact of elections on the strengthening of democracy and the importance of norms and values for the future of democracy. We think that presidential elections in the Brazilian case could be characterized as an important moment in the political socialization process. To test this proposition we use the data from the Brazilian Electoral Study (ESEB) conducted in 2002, 2006 and 2010. It is analyzed if age generates differences in the values and attitudes manifested by people, with more democratic experience leading, to the materialization of a political culture congruent with democracy, or if they are defined by the electoral context, analyzing the dimensions dividing population by cohorts by age, and by electoral choice in each turnout. We conclude that political culture has changed to support more democratic values, but the contradictions remaining indicates a hybrid culture that does not favor a poliarchic representative democracy.

Keywords: Democracy; political socialization; political culture; CSES-ESEB 2010

PDF

Referências

ALBUQUERQUE, J. A. G. “Identidade, oposição e pragmatismo: uma teoria política do voto”. Lua Nova, São Paulo, nº 26, 1992.

ALMOND, G.; VERBA, S. The civic culture: political attitudes and democracy in five nations. Boston: Little, Brown & Co, 1965.

ANTUNES, J. R. S. “Identificação partidária e comportamento eleitoral: fatores estruturais, atitudes e mudança no sentido do voto”. 2008. 508 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social). Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2008.

BALBACHEVSKY, E.; HOLZHACKER, D. O. “Identidade, oposição e pragmatismo: O conteúdo estratégico da decisão eleitoral em 13 anos de eleições”. Opinião Pública, Campinas, vol. 10, nº 2, p. 242-253, out., 2004.

BAQUERO, M. A vulnerabilidade dos partidos políticos e a crise da Democracia na América Latina. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000.

BAQUERO, M. “Eleições e capital social: uma análise das eleições presidenciais no Brasil (2002- 2006)”. Opinião Pública, Campinas, vol. 13, nº 2, p.231-259, nov., 2007.

BAQUERO, M.; CUNHA, P. A corrupção como limite à participação política juvenil: um estudo em democracias sul-americanas. In: BAQUERO, R.; NAZZARI, R. K. (orgs.). Formas de (ex) pressão juvenil e (in)visibilidade social. Cascavel: Coluna do Saber, 2010, v, p. 55-78.

BERGER, P.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.

CAMPBELL, A., CONVERSE, P.E., MILLER, W.E. STOKES, D.E. The American voter. New York: Wiley, 1960.

CASTRO, M. M. M. “Sujeito e estrutura no comportamento eleitoral”. Revista Brasileira de Ciências Sociais: ANPOCS, São Paulo, nº. 20, 1992.

CASTRO, M. M. M. “Determinantes do comportamento eleitoral: a centralidade da sofisticação política”. 1994. 239f. Tese (Doutorado em Ciência Política), IUPERJ, Rio de Janeiro.

DOWNS, A. Uma teoria econômica da democracia. São Paulo: EDUSP, 1999.

EASTON, D. A Framework for Political Analysis. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1965.

EASTON, D.; DENNIS, J. Children in political system: origins of political legitimacy. New York: McGraw-Hill, 1969.

FIGUEIREDO, M. A decisão de voto. São Paulo: IDESP/Sumaré, 1991.

HYMAN, H. Political socialization: a study in the psychology of political behavior. Glencoe: The Free Press, 1959.

INGLEHART, R. Culture shift in advanced industrial society. New Jersey: Princeton University Press, 1990.

INGLEHART, R.; WELZEL, C. Modernização, mudança cultural e democracia. São Paulo: Ed. Verbena, 2009.

JENNINGS, M. K.; NIEMI, R. G. The political character of adolescence: the influence of families and schools. Princeton: Princeton University Press, 1974.

LAZARSFELD, P., BERELSON, B.; GAUDET, H. The People´s choice. New York: Columbia University Press, 1968.

NEUMANN, W. R. The paradox of mass politics: knowledge and opinion in the American electorate. Cambridge e London: Harvard University Press, 1986.

NIEMI, R.; HEPBURN, M. “The rebirth of political socialization”. Perspectives on Political Science, vol.24, nº 1, p. 7-16, 1995.

ORTEGA y GASSET, J. En torno a Galileo: esquema de las crisis. Madri: Revista del Ocidente, 1956.

PERCHERON, A. La formation politique de l’individu. In: PARODI, J. L. La Politique. Paris: Hachette, p. 142-168, 1971.

REIS, F. W. “Identidade, política e a teoria da escolha racional”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, p. 26-38, 1988.

SCHMIDT, J. P. Juventude e Política no Brasil – a socialização dos jovens na virada do milênio. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001.

SIGEL, R. S. (ed.). Political Learning in adulthood: a sourcebook of theory and research. Chicago/Londres: The University of Chicago Press, 1989.

SILVEIRA, F. “Escolha intuitiva: nova modalidade de decisão do voto”. Opinião Pública: Campinas, vol.2, nº 2, p. 61-72, dez., 1994.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.