Resumo
Apesar da importância das disputas para os governos estaduais na política brasileira, pouco se sabe a respeito dos fatores que levam às escolhas dos eleitores para esses pleitos. Existem fatores comuns que ajudam a explicar a escolha dos eleitores em todo o país para os governos estaduais? Qual é o peso da avaliação do governo federal e da percepção sobre o desempenho da economia do país nas eleições nas unidades da federação? Candidatos à reeleição ou apoiados pelo governador são beneficiados pela avaliação positiva do governo federal? A preferência partidária importa na hora de escolher os candidatos a governador? Essas são as perguntas que buscamos responder, ainda que de maneira preliminar, neste artigo. Para isso, realizamos análises multivariadas a partir dos dados de nível individual produzidos pelo Estudo Eleitoral Brasileiro (Eseb) de 2014. Os resultados indicam que a preferência partidária, assim como nas eleições presidenciais, é importante elemento de escolha nos pleitos para os governos estaduais, e que a disputa entre PT e PSDB no plano nacional acaba por influenciar também o âmbito estadual.
Referências
ABRUCIO, F. L. Os barões da federação: os governadores e a redemocratização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1998.
AFONSO, J. R., et al. In: BROSIO, G.; JIMÉNEZ, J. P (eds.). Decentralization and reform in Latin America. Cheltenham: Edward Elgar/Cepal, 2012.
ALMEIDA, M. H. T.; CARNEIRO, L. P. “Definindo a arena política local: sistemas partidários municipais na federação brasileira”. Dados, vol. 51, nº 2, p. 403-432, 2008.
AMARAL, O. E.; RIBEIRO, P. F. “Por que Dilma de novo? Uma análise exploratória do Estudo Eleitoral Brasileiro de 2014”. Revista de Sociologia e Política, vol. 23, nº 56, p. 107-123, 2015.
ATKESON, L. R.; PARTIN, R. W. “Economic and referendum voting: a comparison of gubernatorial and senatorial elections”. American Political Science Review, vol. 89, nº 1, p. 99-107, 1995.
BOHN, S. “Institutional, societal and economic determinants of party system size: evidence from Brazil”. International Political Science Review, vol. 37, nº 1, p. 3-17, 2016.
BRAGA, M. S. S.; PIMENTEL JR., J. “Os partidos políticos brasileiros realmente não importam?”. Opinião Pública, vol. 17, nº 2, p. 271-303, 2011.
BROWN, A. “Are governors responsible for the state economy? Partisanship, blame and divided federalism”. The Journal of Politics, vol. 72, nº 3, p. 605-615, 2010.
CARREIRÃO, Y. S. A decisão de voto nas eleições presidenciais brasileiras. Florianópolis/Rio de Janeiro: Editora da UFSC/FGV, 2002.
CARREIRÃO, Y. S. “Identificação ideológica, partidos e voto na eleição presidencial de 2006”. Opinião Pública, vol. 13, nº 2, p. 307-339, 2007.
CARREIRÃO, Y. S.; KINZO, M. D. “Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989/2002)”. Dados, vol. 47, nº 1, p. 131-168, 2004.
CARSEY, T. M.; WRIGHT, G. C. “State and national factors in gubernatorial and senatorial elections”. American Journal of Political Science, vol. 42, p. 994-1002, 1998.
DOWNS, A. Uma teoria econômica da democracia. São Paulo: Edusp, 1999.
HOLZHACKER, D.; BALBACHEVSKY, E. “Classe, ideologia e política: uma interpretação dos resultados das eleições de 2002 e 2006”. Opinião Pública, vol. 13, nº 2, p. 283-306, 2007.
HUNTER, W.; POWER, T. “Rewarding Lula: Executive Power, social policy, and the Brazilian elections of 2006”. Latin American Politics and Society, vol. 49, nº 1, p. 1-30, 2007.
KRAMER, G. H. “Short-term fluctuations in U.S. voting behavior, 1896-1964”. The American Political Science Review, vol. 65, nº 1, p. 131-143, 1971.
KRAMER, G. H. “The ecological fallacy revisited: aggregate-versus individual level findings on economics and elections, and sociotropic voting”. The American Political Science Review, vol. 77, nº 1, p. 92-111, 1983.
KINDER, D. R.; KIEWIET, D. R. “Sociotropic politics: the American case”. British Journal of Political Science, vol. 11, nº 2, p. 129-161, 1981.
LEWIS-BECK, M. S. “Does economics still matter? Econometrics and the vote”. The Journal of Politics, vol. 68, nº 1, p. 208-212, 2006.
LIMA JUNIOR, O. B. Os partidos políticos brasileiros – A experiência federal e regional: 1945/64. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
LIMONGI, F.; CORTEZ, R. “As eleições de 2010 e o quadro partidário”. Novos Estudos, nº 88, p. 21-37, 2010.
LIMONGI, F.; GUARNIERI, F. “Competição partidária e voto nas eleições presidenciais no Brasil”. Opinião Pública, vol. 21, nº 1, p. 60-86, 2015.
LIMONGI, F.; VASSELAI, F. “Coordenando candidaturas: coligações e fragmentação partidária nas eleições gerais brasileiras”. In: Anais do X Encontro da ABCP, Belo Horizonte, 2016.
MAINWARING, S.; Power, T. J.; BIZZARRO NETO, F. The uneven institutionalization of a party system: Brazil. In: MAINWARING, S. (ed.). Party systems in Latin America: institutionalization, decay, and collapse. Cambridge: Cambridge University Press, p. 1-54, no prelo.
MELO, C. R. “Eleições presidenciais, jogos aninhados e sistema partidário no Brasil”. Revista Brasileira de Ciência Política, nº 4, p. 13-41, 2010.
MELO, C. R.; CÂMARA, R. “Estrutura de competição pela presidência e consolidação do sistema partidário no Brasil”. Dados, vol. 55, nº 1, p. 71-117, 2012.
MENEGUELLO, R. “Las elecciones de 2010 y los rumbos del sistema de partidos brasileño. Política nacional, fragmentación y lógica de coaliciones”. In: SÁEZ, M. A.; TAGINA, M. L. (eds.). América Latina: política y elecciones del bicentenario (2009-2010). Madrid: Centro de Estudios Politicos y Constitucionales, p. 449-497, 2011.
MIRANDA, G. “Coligações eleitorais: tendências e racionalidades nas eleições federais e majoritárias estaduais (1990-2010)”. Revista de Sociologia e Política, vol. 21, nº 47, p. 69-90, 2013.
NICOLAU, J. “An analysis of the 2002 presidential elections using logistic regression”. Brazilian Political Science Review, vol. 1, nº 1, p. 125-135, 2007.
NICOLAU, J. Vermelhos e azuis: um estudo sobre os determinantes do voto nas eleições presidenciais brasileiras (2002-2010)”. In: Anais do IX Encontro da ABCP, Brasília, DF, 2014a.
NICOLAU, J. “Determinantes do voto no primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras de 2010: uma análise exploratória”. Opinião Pública, vol. 20, nº 3, p. 311-325, 2014b.
NICOLAU, J.; PEIXOTO, V. “Uma disputa em três tempos: uma análise das bases municipais das eleições presidenciais de 2006”. In: Anais do 31° Encontro Anual da Anpocs, Caxambu, MG, 2007.
ORTH, D. A. “Accountability in a federal system: the governor, the president, and economic expectations”. State Politics and Policy Quartely, nº 1, p. 412-432, 2001.
PEIXOTO, V.; RENNÓ, L. “Mobilidade social ascendente e voto: as eleições presidenciais de 2010 no Brasil”. Opinião Pública, vol. 17, nº 2, p. 304-332, 2011.
REMMER, K.; GÉLINEAU, F. “Subnational electoral choice economic and reerendum voting in Argentina, 1983-1999”. Comparative Political Studies, vol. 36, nº 7, p. 801-821, 2003.
REMMER, K.; GÉLINEAU, F. “Political decentralization and electoral accountability: the Argentine experience, 1983-2001”. British Journal of Political Science, vol. 36, p. 133-157, 2005.
RENNÓ, L. “Escândalos e voto: as eleições presidenciais brasileiras de 2006”. Opinião Pública, vol. 13, nº 2, p. 260-282, 2007.
RENNÓ, L.; CABELLO, A. “As bases do lulismo: a volta do personalismo, realinhamento ideológico ou não alinhamento?”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 25, nº 74, p. 39-60, 2010.
RIBEIRO, E.; CARREIRÃO, Y. S.; BORBA, J. “Sentimentos partidários e atitudes políticas entre os brasileiros”. Opinião Pública, vol. 17, nº 2, p. 336-368, 2011.
RODDEN, J.; WIBBELS, E. “Dual accountability and the nationalization of party competition: evidence from four federations”. Party Politics, vol. 16, p. 1-25, 2010.
SAMUELS, D. Ambition, federalism, and legislative politics in Brazil. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
SIMON, D. M. “President, governors, and electon accountability”. Journal of Politics, vol. 51, pp. 286-304, 1989.
SIMON, D. M.; OSTROM, C. W.; MARRA, R. F. “The president, referendum voting, and subnational elections in the United States”. American Political Science Review, vol. 85, nº 4, p. 1.177-1.192, 1991.
SINGER, A. “Raízes sociais e ideológicas do lulismo”. Novos Estudos, nº 85, p. 83-102, 2009.
WEYLAND, K. “Peasants or bankers in Venezuela? Presidential popularity and economic reform approval, 1989-1993”. Political Research Quarterly, vol. 51, nº 2, p. 341-362, 1998.
ZUCCO JR., C. “The presidents ‘new’ constituency: Lula and the pragmatic vote in Brazil's 2006 presidential election”. Journal of Latin American Studies, vol. 40, nº 1, p. 29-49, 2008.
ZUCCO JR., C. “When payouts pay off: conditional cash transfers and voting behavior in Brazil 2002-2010”. American Journal of Political Science, vol. 57, nº 4, p. 810-822, 2013.
A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.