Resumo
Neste artigo apresentamos resultados coletados pelo projeto Variedades da Democracia para o Brasil. Descrevemos a evolução histórica da democracia brasileira entre 1900 e 2015 enfocando seus cinco principais componentes (eleitoral, liberal, participativo, deliberativo e igualitário) e duas dimensões adjacentes ao regime (corrupção e partidos políticos). Por fim, nós comparamos os dados para o Brasil com resultados obtidos para outros países da América do Sul. A análise dos dados aponta: a. a existência de uma trajetória “em espiral” dos regimes políticos no Brasil, na qual novas experiências democráticas tendem a superar experiências anteriores em todos os quesitos; b. os avanços e limites da experiência democrática contemporânea em que se combinam bons resultados nos indicadores eleitoral, liberal e deliberativo da democracia, e resultados menos elevados nos componentes igualitário e participativo do regime, bem como em suas dimensões adjacentes.Referências
AVRITZER, L. "Conferências nacionais: ampliando e redefinindo os padrões de participação social no Brasil." IPEA: Textos para Discussão, n° 1.739, maio 2012.
CARONE, E. A República Velha. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970.
CARONE, E. A Segunda República (1930-1937). São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1973.
CHACON, V. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus programas. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1981.
COPPEDGE, M. Strong parties and lame ducks: presidential partyarchy and factionalism in Venezuela. Stanford: Stanford University Press, 1997.
COPPEDGE, M. Democratization and research methods. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.
COPPEDGE, M., et al. "Conceptualizing and measuring democracy: a new approach". Perspectives on Politics, vol. 9, n° 2, p. 247-267, jun. 2011.
COPPEDGE, M. et al. Varieties of Democracy Dataset v6. Varieties of Democracy Project. 2016a.
COPPEDGE, M. Varieties of Democracy Codebook v6. Varieties of Democracy Project: Project Documentation Paper Series, 2016b.
COPPEDGE, M. Varieties of Democracy Methodology v6. Varieties of Democracy Project: Project Documentation Paper Series, 2016c.
CRUZ, S. V.; MARTINS, C. E. De Castello a Figueiredo: uma incursão na pré-história da abertura. In: SORJ, B.; ALMEIDA, M. H. T. (eds.). Sociedade e política no Brasil pós-64. São Paulo: Brasiliense, 1983.
DAHL, R. A. Polyarchy: participation and opposition. New Haven: Yale University Press, 1971.
DAHL, R. A. Dilemmas of pluralist democracy autonomy vs. control. New Haven: Yale University Press, 1982.
DAHL, R. A. Um prefácio à teoria democrática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.
DRYZEK, J. S. Foundations and frontiers of deliberative governance. Oxford: Oxford University Press, 2010.
GASPARI, E. A ditadura encurralada. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
GRINBERG, L. Partido político ou bode expiatório: um estudo sobre a Aliança Renovadora Nacional, Arena (1965-1979). Rio de Janeiro: Faperj, Mauad X, 2009.
HELD, D. Models of democracy. Stanford: Stanford University Press, 1987.
KERBAUY, M. T. M. A morte dos coronéis : política interiorana e poder local. Araraquara: Cultura Acadêmica Editora, 2000.
KINZO, M. D. G. Oposição e autoritarismo: gênese e trajetória do MDB, 1966-1979. São Paulo: Edições Vértice, Editora Revista dos Tribunais, Idesp, 1988.
KINZO, M. D. G. "A democratização brasileira: um balanço do processo político desde a transição". São Paulo em Perspectiva, vol. 15, n° 4, p. 3-12, dez. 2001.
LAMOUNIER, B. O "Brasil autoritário" revisitado: o impacto das eleições sobre a abertura. In: STEPAN, A. C. (ed.). Democratizando o Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
LEVITSKY, S.; WAY, L. Competitive authoritarianism: hybrid regimes in the post-Cold War era. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
LIJPHART, A. Patterns of democracy: government forms and performance in thirty-six countries. New Haven: Yale University Press, 1999.
LIMA, L. C. A. "Da universalização do ensino fundamental ao desafio de democratizar o ensino médio em 2016: o que evidenciam as estatísticas?". Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, vol. 92, n° 231, p. 268-284, 2011.
LIMONGI, F. "Eleições e democracia no Brasil: Victor Nunes Leal e a transição de 1945". Dados, vol. 55, n° 1, p. 37-69, 2012.
LINZ, J. J.; STEPAN, A. C. The breakdown of democratic regimes. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1978.
MACPHERSON, C. B. The life and times of liberal democracy. Oxford: Oxford University Press, 1977.
MAINWARING, S. "From representative democracy to participatory competitive authoritarianism: Hugo Chávez and Venezuelan politics". Perspectives on Politics, vol. 10, n° 4, p. 955–967, dez. 2012.
MAINWARING, S.; PÉREZ-LIÑÁN, A. "Cross-currents in Latin America". Journal of Democracy, vol. 26, n° 1, p. 114-127, 2015.
MAINWARING, S.; POWER, T.; BIZZARRO, F. Brazil: the uneven institutionalization of a party system. In: MAINWARING, S. (ed.). Party system institutionalization, decay, and collapse. Cambridge: Cambridge University Press, no prelo.
MELO, M. A.; PEREIRA, C. Making Brazil work: checking the president in a multiparty system. New York: Palgrave Macmilan, 2013.
MILL, J. S. Considerações sobre o governo representativo. São Paulo: Ibrasa, 1964.
MUNCK, G. L.; VERKUILEN, J. "Conceptualizing and measuring democracy: evaluating alternative indices". Comparative Political Studies, vol. 35, n° 1, p. 5-34, 1 fev. 2002.
NICOLAU, J. M. Eleições no Brasil: do Império aos dias atuais. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
NORRIS, P. Making democratic governance work: how regimes shape prosperity, welfare, and peace. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.
O’DONNELL, G.; SCHMITTER, P. Transitions from authoritarian rule: tentative conclusions about uncertain democracies. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1989.
PATEMAN, C. Participation and democratic theory. Cambridge: Cambridge University Press, 1970.
PEMSTEIN, D.; TZELGOV, E.; WANG, Y.-T. Evaluating and improving item response theory models for cross-national expert surveys. Varieties of Democracy Institute: Working Paper Series, 2015.
PORTO, W. C. O voto no Brasil: da colônia à 6ª República. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002.
PRAÇA, S. "Corrupção e reforma institucional no Brasil, 1988-2008". Opinião Pública, vol. 17, n° 1, p. 137-162, jun. 2011.
RICCI, P.; ZULINI, J. P. "'Beheading', rule manipulation and fraud: the approval of election results in Brazil, 1894-1930". Journal of Latin American Studies, vol. 44, n° 3, p. 495-521, ago. 2012.
RICCI, P. "Partidos, competição política e fraude eleitoral: a tônica das eleições na Primeira República". Dados, vol. 57, n° 2, p. 443-479, jun. 2014.
ROCHA, A. S. "Genealogia da Constituinte: do autoritarismo à democratização". Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n° 88, p. 29-87, jan. 2013.
SANTOS, W. G. Sessenta e quatro: anatomia da crise. São Paulo: Vértice, 1986.
SCHUMPETER, J. A. Capitalism, socialism and democracy. London: Routledge, 2013.
SKIDMORE, T. E. Brasil de Getúlio Vargas a Castelo Branco – 1930-1964. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
SOARES, G. A. D. Sociedade e política no Brasil: desenvolvimento, classe e política durante a Segunda República. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1973.
SOLA, L. O golpe de 37 e o Estado Novo. In: MOTTA, C. G. (ed.). Brasil em perspectiva. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, p. 162-226, 1968.
SOUZA, M. C. C. C. O processo político partidário na República Velha. In: MOTTA, C. G. (ed.). Brasil em perspectiva. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, p. 162-226, 1968.
TEORELL, J., et al. "Measuring high level democratic principles using the V-Dem data". International Political Science Review, vol. 37, nº 5, 2016.
TRIER, S.; JACKMAN, S. "Democracy as a latent variable". American Journal of Political Science, vol. 52, n° 1, p. 201-217, 2008.
A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.