Resumo
A teoria da ordenação social explica o comportamento do eleitorado brasileiro na disputa presidencial de 2018? A literatura americanista demonstra que o alinhamento de identidades sociais gera e reforça o partidarismo como uma identidade principalmente no campo da direita. Tendo em vista a relevância de temáticas de crença religiosa, raça e gênero nas eleições de 2018, cabe compreender se o mesmo fenômeno também se verifica no Brasil. Essa pergunta é respondida com testes econométricos baseados em dados de um survey nacionalmente representativo conduzido com 1.498 eleitores no primeiro semestre de 2019. As regressões logísticas binomiais e multinomiais demonstram que protestantes, brancos e homens têm preferência substantivamente superior pelo PSL em comparação aos demais partidos, tanto em termos de definição de voto como de identificação partidária.
Referências
ACHEN, C. H. "Let’s put garbage-can regressions and garbage-can probits where they belong". Conflict Management and Peace Science, vol. 22, n° 4, p. 327-339, 2005.
AHLER, D. J.; SOOD, G. "The parties in our heads: misperceptions about party composition and their consequences". Journal of Politics, vol. 80, n° 3, p. 964-981, 2018.
ALMEIDA, R. "Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e a crise brasileira". Novos Estudos Cebrap, vol. 38, n° 1, p. 185-213, 2019.
AMES, B.; GARCÍA-SÁNCHEZ, M.; SMITH, A. E. "Keeping up with the Souzas: social influence and electoral change in a weak party system, Brazil 2002-2006". Latin American Politics & Society, vol. 54, n° 2, p. 51-78, 2012.
AMES, B.; SMITH, A. E. "Knowing left from right: ideological identification in Brazil, 2002-2006".Journal of Politics in Latin America, vol. 2, n° 3, p. 3-38, 2010.
BAKER, A.; AMES, B.; RENNÓ, L. "Social context and campaign volatility in new democracies: networks and neighborhoods in Brazil’s 2002 elections". American Journal of Political Science, vol. 50, n° 2, p. 382-399, 2006.
BAKER, A.; RENNÓ, L. "Nonpartisans as false negatives: the mismeasurement of party identification in public opinion surveys". Journal of Politics, vol. 81, n° 3, p. 906-922, 2019.
BAKER, A., et al. "The dynamics of partisan identification when party brands change: the case of the Workers Party in Brazil". Journal of Politics, vol. 78, n° 1, p. 197-213, 2015.
BALBACHEVSKY, E. "Identidade partidária e instituições políticas no Brasil". Lua Nova, vol. 26, p. 133-165, 1992.
BOAS, T.; SMITH, A. E. "Looks like me, thinks like me: descriptive representation and opinion congruence in Brazil". Latin American Research Review, vol. 54, n. 2, p. 310-328, 2019.
BRAGA, M. S.; PIMENTEL, J. "Os partidos brasileiros realmente não importam?". Opinião Pública, vol. 17, n. 2, p. 271-303, 2011.
CARNIEL, F.; RUGGI, L.; RUGGI, J. O. "Gênero e humor nas redes sociais: a campanha contra Dilma Rousseff no Brasil". Opinião Pública, vol. 24, n. 3, p. 523-546, 2018.
CARREIRÃO, Y.; KINZO, M. D. "Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989-2002)". Dados: Revista de Ciências Sociais, vol. 47, n. 1, p. 131-168, 2004.
DOWNS, A. An economic theory of democracy. New York: Harper & Row, 1957.
DUQUE, D.; SMITH, A. E. "The establishment upside down: a year of change in Brazil". Revista de Ciencia Política, vol. 39, n. 2, p. 165-189, 2019.
ACHEN, C. H. "Let’s put garbage-can regressions and garbage-can probits where they belong". Conflict Management and Peace Science, vol. 22, n. 4, p. 327-339, 2005.
AHLER, D. J.; SOOD, G. "The parties in our heads: misperceptions about party composition and their consequences". Journal of Politics, vol. 80, n° 3, p. 964-981, 2018.
ALMEIDA, R. "Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e a crise brasileira". Novos Estudos Cebrap, vol. 38, n. 1, p. 185-213, 2019.
AMES, B.; GARCÍA-SÁNCHEZ, M.; SMITH, A. E. "Keeping up with the Souzas: social influence and electoral change in a weak party system, Brazil 2002-2006". Latin American Politics & Society, vol. 54, n. 2, p. 51-78, 2012.
AMES, B.; SMITH, A. E. "Knowing left from right: ideological identification in Brazil, 2002-2006".Journal of Politics in Latin America, vol. 2, n. 3, p. 3-38, 2010.
BAKER, A.; AMES, B.; RENNÓ, L. "Social context and campaign volatility in new democracies: networks and neighborhoods in Brazil’s 2002 elections". American Journal of Political Science, vol. 50, n. 2, p. 382-399, 2006.
BAKER, A.; RENNÓ, L. "Nonpartisans as false negatives: the mismeasurement of party identification in public opinion surveys". Journal of Politics, vol. 81, n° 3, p. 906-922, 2019.
BAKER, A., et al. "The dynamics of partisan identification when party brands change: the case of the Workers Party in Brazil". Journal of Politics, vol. 78, n. 1, p. 197-213, 2015.
BALBACHEVSKY, E. "Identidade partidária e instituições políticas no Brasil". Lua Nova, vol. 26, p. 133-165, 1992.
BOAS, T.; SMITH, A. E. "Looks like me, thinks like me: descriptive representation and opinion congruence in Brazil". Latin American Research Review, vol. 54, n. 2, p. 310-328, 2019.
BRAGA, M. S.; PIMENTEL, J. "Os partidos brasileiros realmente não importam?". Opinião Pública, vol. 17, n. 2, p. 271-303, 2011.
CARNIEL, F.; RUGGI, L.; RUGGI, J. O. "Gênero e humor nas redes sociais: a campanha contra Dilma Rousseff no Brasil". Opinião Pública, vol. 24, n. 3, p. 523-546, 2018.
CARREIRÃO, Y.; KINZO, M. D. "Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989-2002)". Dados: Revista de Ciências Sociais, vol. 47, n. 1, p. 131-168, 2004.
DOWNS, A. An economic theory of democracy. New York: Harper & Row, 1957.
DUQUE, D.; SMITH, A. E. "The establishment upside down: a year of change in Brazil". Revista de Ciencia Política, vol. 39, n. 2, p. 165-189, 2019.
EXTRA."Lula chama feministas do PT de 'mulheres do grelo duro' e internautas reagem". 17 mar. 2016.
FIORINA, M. P. "Economic retrospective voting in American national elections: a micro-analysis". American Journal of Political Science, vol. 22, n° 2, p. 426-443, 1978.
FREITAS, F. C. "O primeiro grande antagonismo entre PSDB e PT". Opinião Pública, vol. 24, n. 3, p. 547-595, 2018.
GOGGIN, S.; HENDERSON, J. A.; THEODORIDIS, A. G. "What goes with red and blue? Mapping partisan and ideological associations in the minds of voters". Political Behavior, p. 1-29, no prelo.
GREEN, D. P.; PALMQUIST, B.; SCHICKLER, E. Partisan hearts and minds: political parties and the social identity of voters. New Haven: Yale University Press, 2004.
HOLZHACKER, D. O.; BALBACHEVSKY, E. "Classe, ideologia e política: uma interpretação dos resultados das eleições de 2002 e 2006". Opinião Pública, vol. 13, n° 2, p. 283-306, 2007.
HUBER, G. A.; MALHOTRA, N. "Political homophily in social relationships: evidence from online dating behavior". Journal of Politics, vol. 79, n. 1, p. 269-283, 2016.
HUNTER, W.; POWER, T. J. "Bolsonaro and Brazil’s illiberal backlash". Journal of Democracy, vol. 30, n. 1, p. 68-82, 2019.
IYENGAR, S.; KRUPENKIN, M. "The strengthening of partisan affect". Advances in Political Psychology, vol. 39, n° 1, p. 201-218, 2018.
IYENGAR, S.; SOOD, G.; LELKES, Y. "Affect, not ideology: a social identity perspective on polarization". Public Opinion Quarterly, vol. 76, n. 3, p. 405-431, 2012.
KINGSTONE, P.; POWER, T. A fourth decade of Brazilian democracy: achievements, challenges, and polarization. In: KINGSTONE, P.; POWER, T. (Eds.). Democratic Brazil divided. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2017.
KROOK, M. L.; SANÍN, J. R. "The cost of doing politics? Analyzing violence and harassment against female politicians". Perspectives on Politics, vol. 18, nº 3, p. 740-755, 2020.
KUKLINSKI, J. H., et al. "Racial prejudice and attitudes toward affirmative action". American Journal of Political Science, vol. 41, n. 2, p. 402-419, 1997.
LAPOP. AmericasBarometer 2018/19: Brazil – Technical InformationVanderbilt University, 2019. Disponível em: https://www.vanderbilt.edu/lapop/Brazil_AmericasBarometer_2018-19_Technical_Report_W_101019.pdf. Acesso em: 16 dez. 2019.
LAZARSFELD, P. F.; BERELSON, B.; GAUDET, H. The people’s choice: how the voter makes up his mind in a presidential campaign. New York: Columbia University Press, 1944.
LELKES, Y. "Affective polarization and ideological sorting: a reciprocal, albeit weak, relationship". Forum, vol. 16, n. 1, p. 67-79, 2018.
MASON, L. "A cross-cutting calm: how social sorting drives affective polarization". Public Opinion Quarterly, vol. 80, n. S1, p. 351-377, 2016.
_______. "Losing common ground: social sorting and polarization". Forum, vol. 16, n. 1, p. 47-66, 2018.
MASON, L.; WRONSKI, J. "One tribe to bind them all: how our social group attachments strengthen partisanship". Advances in Political Psychology, vol. 39, n. S1, p. 257-277, 2018.
MUNIZ, J. O.; PORTO, N.; FUKS, M. "Groupnessracial e flutuações atitudinais de pardos entre fronteiras simbólicas e sociais". Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 34, n. 101, p. 1-30, 2019.
PAIVA, D.; BRAGA, M. S.; PIMENTEL, J. "Eleitorado e partidos políticos no Brasil". Opinião Pública, vol. 13, n. 2, p. 388-408, 2007.
PAIVA, D.; KRAUSE, S.; LAMEIRÃO, A. P. "O eleitor antipetista: partidarismo e avaliação retrospectiva". Opinião Pública, vol. 22, n. 3, p. 638-674, 2016.
PAIVA, D.; TAROUCO, G. S. "Voto e identificação partidária: os partidos brasileiros e a preferência dos eleitores". Opinião Pública, vol. 17, n. 2, p. 426-451, 2011.
PEIXOTO, V.; RENNÓ, L. "Mobilidade social ascendente e voto: as eleições presidenciais de 2010 no Brasil".Opinião Pública, vol. 17, n. 2, p. 304-332, 2011.
QUADROS, M. P. R.; MADEIRA, R. M. "Fim da direita envergonhada? Atuação da bancada evangélica e da bancada da bala e os caminhos da representação do conservadorismo no Brasil". Opinião Pública, vol. 24, n. 3, p. 486-522, 2018.
REIS, F. W.; CASTRO, M. M. M. "Regiões, classe e ideologia no processo eleitoral brasileiro". Lua Nova, vol. 26, p. 81-131, 1992.
RENNÓ, L.; AMES, B. "PT no purgatório: ambivalência eleitoral no primeiro turno das eleições presidenciais de 2010". Opinião Pública, vol. 20, n. 1, p. 1-25, 2014.
RENNÓ, L.; CABELLO, A. "As bases do lulismo: a volta do personalismo, realinhamento ideológico ou não alinhamento?".Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 25, n. 74, p. 39-60, 2010.
RESENDE, S. M. "'No que depender de mim, não tem mais demarcação de terra indígena', diz Bolsonaro à TV". Folha de S. Paulo, 11 maio 2018.
RIBEIRO, E.; CARREIRÃO, Y.; BORBA, J. "Sentimentos partidários e atitudes políticas entre os brasileiros". Opinião Pública, vol. 17, n. 2, p. 333-368, 2011.
RIBEIRO, E.; CARREIRÃO, Y.; BORBA, J. "Sentimentos partidários e antipetismo: condicionantes e covariantes". Opinião Pública, vol. 22, n. 3, p. 603-637, 2016.
RODRIGUES, G. A.; FUKS, M. "Grupos sociais e preferência política: o voto evangélico no Brasil". Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 30, n. 87, p. 115-128, 2015.
SAMUELS, D. "As bases do petismo". Opinião Pública, vol. 10, n. 2, p. 221-241, 2004.
SAMUELS, D.; ZUCCO, C. "Lulismo, petismo, and the future of Brazilian politics". Journal of Politics in Latin America, vol. 6, n. 3, p. 129-158, 2014.
_______. "Crafting mass partisanship at the grass roots". British Journal of Political Science, vol. 45, n. 4, p. 755-775, 2015.
_______. Partisans, antipartisans, and nonpartisans: voting behavior in Brazil. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.
SILVA, A. J. B.; LARKINS, E. R. "The Bolsonaro election, antiblackness, and changing race relations in Brazil". Journal of Latin American and Caribbean Anthropology, vol. 24, n. 4, p. 893-913, 2019.
SINGER, A. "Raízes sociais e ideológicas do lulismo". Novos Estudos Cebrap, vol. 95, p. 83-103, 2009.
SMITH, A. E. "When clergy are threatened: catholic and protestant leaders and political activism in Brazil". Politics and Religion, vol. 9, n. 3, p. 431-455, 2016.
SMITH, A. E. "Democratic talk in church: religion and political socialization in the context of urban inequality". World Development, vol. 99, p. 441-451, 2017.
_______. Religion and Brazilian democracy: mobilizing the people of God. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.
SPECK, B. W.; BALBACHEVSKY, E. "Identificação partidária e voto. As diferenças entre petistas e peessedebistas". Opinião Pública, vol. 22, n. 3, p. 569-602, 2016.
TAJFEL, H. "Social identity and intergroup behaviour". Social Science Information, vol. 13, n. 2, p. 65-93, 1974.
VEIGA, L. F. "Os partidos brasileiros na perspectiva dos eleitores: mudanças e continuidades na identificação partidária e na avaliação das principais legendas após 2002". Opinião Pública, vol. 13, n. 2, p. 340-365, 2007.
_______. "O partidarismo no Brasil (2002/2010)". Opinião Pública, vol. 17, n. 2, p. 400-425, 2011.
VINHAL, G. "Julgamento marcado no STF". Correio Braziliense, p. 3, 9 nov. 2018.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2020 Oplinião Pública