Banner Portal
Vencedores e perdedores nas eleições presidenciais 2014: o efeito da derrota nas urnas sobre a satisfação e o apoio em relação à democracia no Brasil
PDF

Palavras-chave

Legitimidade democrática. Apoio à democracia. Eleições brasileiras de 2014.

Como Citar

BRAGA, Maria do Socorro Sousa; CASALECCHI, Gabriel Avila. Vencedores e perdedores nas eleições presidenciais 2014: o efeito da derrota nas urnas sobre a satisfação e o apoio em relação à democracia no Brasil. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 22, n. 3, p. 550–568, 2017. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8648256. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

Nas últimas duas décadas do século passado a democracia estabeleceu-se como regime hegemônico em várias partes do mundo. Teoricamente, essas democracias funcionam segundo preceitos constitucionais originados de consenso normativo resultante de negociação entre forças políticas que legitimam, assim, o processo de escolha de governantes. Ou seja, deve haver consenso mínimo sobre as regras subjacentes à escolha dos governantes e, posteriormente, adesão aos resultados de todos os atores envolvidos. Consequentemente, um importante sinal do quão legítima é a democracia de um país é o comportamento dos seus perdedores. Diante desse princípio democrático, este artigo parte de duas questões, tendo a democracia brasileira como estudo de caso. A primeira busca responder se a derrota nas urnas em 2014 afetou os graus de satisfação e de apoio dos perdedores em relação à democracia brasileira. Ou seja, perder as eleições fez com que os eleitores derrotados extrapolassem a crítica ao governo eleito, alcançando o próprio regime democrático e, portanto, as “regras do jogo”? Já a segunda indagação, de cunho mais explicativo, procura identificar quais condições são capazes de intensificar as características que podem aumentar ou diminuir o gap entre vencedores e perdedores no que se refere ao apoio ao regime democrático. A principal conclusão é a de que os perdedores das eleições são mais insatisfeitos com o desempenho da democracia do que os vitoriosos, porém não existem diferenças no que tange à adesão à democracia. Esse resultado ocorre mesmo quando controlado por diferentes características demográficas, sociais e individuais, entre elas a avaliação do governo Dilma Rousseff e a rejeição ao PT.

PDF

Referências

ALVAREZ, M., et al. “Classifying political regimes”. Journal of International Comparative Development, nº 31, pp. 3-36, 1996.

ANDERSON, C. J.; GUILLORY, C. A. “Political institutions and satisfaction with democracy: a cross-national analysis of consensus and majoritarian systems”. The American Political Science Review, vol. 91, nº 1, pp. 66-81, 1997.

ANDERSON, C. J.; LOTEMPIO, A. J. “Winning, losing and political trust in America”. British Journal of Political Science, vol. 32, nº 2, p. 335-351, 2002.

ANDERSON, C. J.; MENDES, S. M. “Learning to lose: election outcomes, democratic experience and political protest potential”. British Journal of Political Science, vol. 36, p. 91-111, 2005.

ANDERSON, C. J., et al. Losers’ consent: elections and democratic legitimacy. Oxford: Oxford University Press, 2005.

BOBBIO, N. Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 1990.

BOOTH, J.; SELIGSON, M. A. The legitimacy puzzle: democracy and political support in eight Latin American nations. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2009.

BRAGA, M. S. S. O processo partidário-eleitoral brasileiro: padrões de competição política (1982-2002). São Paulo: Humanitas/Fapesp, 2006.

BRAGA, M. S. S. “Eleições e democracia no Brasil: a caminho de partidos e sistema partidário institucionalizados”. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, nº 4, pp. 43-73, 2010.

BRAGA, M. S. S.; ACUÑA CHAVERRI, I. A. “El fortalecimiento de la democracia en Brasil y los retos de la observación electoral”. América Latina Hoy, Salamanca, nº 70, ago. 2015.

CESOP. “Tendências: Eseb-CSES 2010. Opinião Pública, Campinas, vol. 17, nº 2, p. 516-540, nov. 2011.

COLLIER, D.; LEVITSKY, S. “Democracy with adjectives: conceptual innovation in comparative research”. World Politics, vol. 49, nº 3, p. 430-451, 1997.

CROZIER, M.; HUNTINGTON, S.; WATANUKI, J. The crisis of democracy: report on the governability of democracies to the trilateral commission. New York: New York University Press, 1975.

DAHL, R. A. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Edusp, 1997.

DALTON, R. J. Democratic challenges, democratic choices: the erosion of political support in advanced industrial democracies. Oxford: Oxford University Press, 2004.

DIAMOND, L. Developing democracy: towards consolidation. Baltimore, MD: Johns Hopkins University Press, 1999.

EASTON, D. A system analysis of political life. New York: Wiley, 1965.

HAIR JR., J., et al. Multivariate data analysis. New Jersey: Prentice Hall, 2009.

LIJPHART, A. Modelos de democracia: desempenho e padrões de governo em 36 países. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

MAINWARING, S.; BRINKS, D.; PÉREZ-LIÑÁN, A. “Classifying political regimes in Latin America, 1945-1999”. Studies in Comparative International Development, vol. 36, nº 1, p. 37-65, 2001.

MCALLISTER, I. The economic performance of governments. In: NORRIS, P. (ed.). Critical citizens. Global support for democratic governance. Oxford, UK: Oxford University Press, pp. 204-216, 1999.

MISHLER, W.; ROSE, R. Five years after the fall: Trajectories of support for democracy in post-communist Europe. In: NORRIS, P. (ed.). Critical citizens. Global support for democratic governance. Oxford, UK: Oxford University Press, pp. 78-103, 1999.

MISHLER, W.; ROSE, R. “Political support for incomplete democracies: realist vs. idealist theories and measures”. International Political Science Review, vol. 22, p. 303-320, 2001.

MOISÉS, A. J.; CARNEIRO, G. P. “Democracia, desconfiança política e insatisfação com o regime – o caso do Brasil”. Opinião Pública, Campinas, vol. 14, nº 1, pp. 1-42, jun. 2008.

NORRIS, P. Critical citizens. Global support for democratic government. Oxford, UK: Oxford University Press, 1999.

O’DONNELL, G.; SCHMITTER, P. C. Transições do regime autoritário: primeiras conclusões. São Paulo: Vértice/Revista dos Tribunais, 1988.

RENNÓ, L. R., et al. Legitimidade e qualidade da democracia no Brasil. Uma visão da cidadania. São Paulo/Nashville; Intermeios/Lapop, 2011.

SARTORI, G. Theory of democracy revisited. Chatham: Chatham House, 1987.

SINGH, S. P.; KARAKOÇ, E.; BLAIS, A. “Differentiating winners: how elections affect satisfaction with democracy”. Electoral Studies, vol. 31, nº 1, p. 201-211, 2012.

TELLES, M. “O que os protestos trazem de novo para a política brasileira?”. Em Debate, Belo Horizonte, vol. 7, nº 2, p. 7-14, abr. 2015.

VAIRO, D. “El ‘consenso de los perdedores’ y la legitimidad de la democracia en América del Sur”. Política y Gobierno, vol. XIX, nº 1, pp. 19-30, 2012.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.