Banner Portal
A relação entre protesto e deliberação: reflexões para o aprofundamento do debate
PDF

Palavras-chave

Deliberação pública. Protesto. Ativismo. Esfera pública. Teoria deliberativa.

Como Citar

TRINDADE, Thiago Aparecido. A relação entre protesto e deliberação: reflexões para o aprofundamento do debate. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 24, n. 1, p. 1–28, 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8652273. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Este artigo tem como objetivo principal avançar na discussão teórica sobre a relação entre ações de protesto e a deliberação pública, problematizando uma abordagem recente que advoga em favor de uma conciliação analítica entre as duas práticas e entende o protesto como parte do processo deliberativo. A conclusão principal do texto é que a aproximação teórica entre protesto e deliberação é problemática por duas razões principais: i) alarga excessivamente o conceito de deliberação, retirando-lhe grande parte de seu poder explicativo; e ii) elimina a clivagem entre a política disruptiva e a política convencional. Nesse sentido, o presente artigo procura dar continuidade a um dos temas que tem conquistado cada vez mais atenção no âmbito da escola deliberacionista, questionando qual a forma mais apropriada para pensarmos a relação entre as práticas deliberativas e as ações de protesto.
PDF

Referências

ABERS, R.; SERAFIM, L.; TATAGIBA, L. “Repertórios de interação Estado-sociedade em um Estado heterogêneo: a experiência na era Lula”. Dados, vol. 57, nº 2, p. 325-357, 2014.

ABERS, R.; VON BÜLOW, M. “Movimentos sociais na teoria e na prática: como estudar o ativismo através da fronteira entre Estado e sociedade?”. Sociologias, ano 13, nº 28, p. 52-84, 2011.

ALMEIDA, D. R. Representação além das eleições: repensando as fronteiras entre Estado e sociedade. Jundiaí: Paco Editorial, 2015.

ALMEIDA, D. R.; CUNHA, E. S. M. A análise da deliberação democrática: princípios, conceitos e variáveis relevantes. In: PIRES, R. R. C. (ed.). Efetividade das instituições participativas no Brasil: estratégias de avaliação. Brasília: Ipea, 2011.

AVRITZER, L. “Teoria democrática e deliberação pública”. Lua Nova, nº 49, p. 25-46, 2000.

AVRITZER, L. “Instituições participativas e desenho institucional: algumas considerações sobre a variação da participação no Brasil democrático”. Opinião Pública, vol. 14, nº 1, p. 43-64, 2008.

AVRITZER, L. A dinâmica da participação local no Brasil. São Paulo: Cortez, 2010.

AVRITZER, L.; SOUZA, C. H. L. (orgs.). Conferências nacionais: atores, dinâmicas participativas e efetividades. Brasília: Ipea, 2013.

BENDIX, R. Construção nacional e cidadania. São Paulo: Edusp, 1996.

BRINGEL, B. “Miopias, sentidos e tendências do levante brasileiro de 2013”. Insight Inteligência, vol. 62, p. 42-53, 2013.

COHEN, J. Deliberation and democratic legitimacy. In: HAMLIN, A.; PETTIT, P. (eds.). The good polity. Oxford: Blackwell Publishers, 1989.

COHEN, J.; FUNG, A. “Radical democracy”. Swiss Journal of Political Science, vol. 10, nº 4, p. 23-34, 2004.

CUNHA, E. S. M. Efetividade deliberativa de conselhos de assistência social. Jundiaí: Paco Editorial, 2013.

DAGNINO, E.; OLVERA, A.; PANFICHI, A. (orgs.). A disputa pela construção democrática na América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

DELLA PORTA, D.; DIANI, M. Social movements: an introduction. Oxford: Blackwell, 2006.

DRYZEK, J. Deliberative democracy and beyond. Oxford: Oxford University Press, 2000.

DRYZEK, J. “Democratization as deliberative capacity building”. Comparative Political Studies, vol. 12, nº 11, p. 1.379-1.402, 2009.

FARIA, C. F. “Democracia deliberativa: Habermas, Cohen e Bohman”. Lua Nova, nº 49, p. 47-68, 2000.

FARIA, C. F. “O que há de radical na teoria democrática contemporânea: análise do debate entre ativistas e deliberativos”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 25, nº 73, p. 102-176, 2010.

FARIA, C. F. “Do ideal ao real: as consequências das mudanças conceituais na teoria deliberativa”. Lua Nova, nº 87, p. 63-81, 2012.

FARIA, C. F. Democracia deliberativa e (des)igualdade. In: MIGUEL, L. F. (org.). Desigualdades e democracia: o debate da teoria política. São Paulo: Editora Unesp, 2016.

FARIA, C. F.; CUNHA, E. S. M. “Formação de agenda na política de assistência social: o papel das conferências como um sistema integrado de participação e deliberação”. Revista Democracia e Participação, vol. 1, nº 1, p. 73-96, 2014.

FARIA, C. F.; SILVA, V. P.; LINS, I. L. "Conferências de políticas públicas: um sistema integrado de participação e deliberação?". Revista Brasileira de Ciência Política, nº 7, p. 249-284, 2012.

FERNANDES, P. O pluralismo paradoxal e os movimentos sociais: democracia participativa e o Estatuto da Cidade. In: Defensoria Pública do Estado de São Paulo (ed.). 1ª Jornada em defesa da moradia digna. São Paulo: Defensoria Pública do Estado de São Paulo, 2008.

GAMSON, W. A.; MEYER, D. S. (eds.). Framing political opportunity. In: MCADAM, D.; MCCARTHY, J. D.; ZALD, M. N. Comparative perspectives on social movements. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

GOODWIN, J.; JASPER, J. M. (eds.). Rethinking social movements. Lanham: Rowman & Littlefield, 2003.

GUTMANN, A.; THOMPSON, D. Why deliberative democracy? Princeton: Princeton University Press, 2004.

HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, [1962] 1984.

HABERMAS, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Vol. II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, [1992] 1997.

HABERMAS, J. Teoria do agir comunicativo. São Paulo: Martins Fontes, [1981] 2012a.

HABERMAS, J. “The crisis of the European Union in the light of a constitutionalization of international law”. The European Journal of International Law, vol. 23, nº 2, p. 335-348, 2012b.

HABERMAS, J. The crises of the European Union: a response. Cambridge: Polity Press, 2012c.

HENDRICKS, C. M. “Integrated deliberation: reconciling civil society’s dual role in deliberative democracy”. Political Studies, vol. 54, p. 486-508, 2006.

JASPER, J. Protesto: uma introdução aos movimentos sociais. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

LEVINE, P.; NIERRAS. R. M. “Activists’ views of deliberation”. Journal of Public Deliberation, vol. 3, nº 2, p. 1-14, 2007.

MANSBRIDGE, J. Everyday talk in the deliberative system. In: MACEDO, S. (ed.). Deliberative politics: essays on democracy and disagreement. New York: Oxford University Press, 1999.

MANSBRIDGE, J., et al. A systemic approach to deliberative democracy. In: PARKINSON, J.; MANSBRIDGE, J. (eds.). Deliberative systems: deliberative democracy at large scale. Oxford: Oxford University Press, 2012.

MEDEARIS, J. “Social movements and deliberative democratic theory”. British Journal of Political Science, vol. 35, nº 1, p. 53-75, 2005.

MENDONÇA, R. F. “Reconhecimento e (qual?) deliberação”. Opinião Pública, vol. 17, nº 1, p. 206-227, 2011.

MENDONÇA, R. F. “Teoria crítica e democracia deliberativa: diálogos instáveis”. Opinião Pública, vol. 19, nº 1, p. 49-64, 2013.

MENDONÇA, R. F. “Antes de Habermas, para além de Habermas: uma abordagem pragmatista da democracia deliberativa”. Sociedade e Estado, vol. 31, nº 3, p. 741-768, 2016a.

MENDONÇA, R. F. “Mitigating systemic dangers: the role of connectivity inducers in a deliberative system”. Critical Policy Studies, p. 1-20, June, 2016b.

MENDONÇA, R. F.; ERCAN, S. A. “Deliberation and protest: strange bedfellows? Revealing the deliberative potential of 2013 protests in Turkey and Brazil”. Policy Studies, vol. 36, nº 3, p. 267-282, 2015.

MEYER, D. S. “Protest and political opportunities”. Annual Review of Sociology, vol. 30, p. 125-145, 2004.

MIGUEL, L. F. “As duas lógicas da ação comunicativa: democracia e deliberação no debate contemporâneo”. Teoria e Sociedade, nº 10, p. 104-143, 2002.

MIGUEL, L. F. “Consenso e conflito na teoria democrática: para além do ‘agonismo’”. Lua Nova, São Paulo, nº 92, p. 13-43, 2014a.

MIGUEL, L. F. “Deliberacionismo e os limites da crítica: uma resposta”. Opinião Pública,

Campinas, vol. 20, nº 1, p. 118-131, 2014b.

MIGUEL, L. F. “Mecanismos de exclusão política e os limites da democracia liberal: uma conversa com Poulantzas, Offe e Bourdieu”. Novos Estudos, nº 98, p. 145-161, 2014c.

MOUFFE, C. “Por um modelo agonístico de democracia”. Revista de Sociologia e Política, nº 25, p. 11-23, 2005.

PAPADOPOULOS, Y.; WARRIN, P. “Are innovative, participatory, and deliberative procedures in policy making democratic and effective?”. European Journal of Political Research, vol. 46, nº 4, p. 445-472, 2007.

PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e Terra, [1970] 1992.

PEREIRA, M. A. “Movimentos sociais e democracia: a tensão necessária”. Opinião Pública, vol. 18, nº 1, p. 68-87, 2012.

PIVEN, F. F.; CLOWARD, R. A. Poor people’s movements: why they succeed, how they fail. New York: Random House, 1977.

PIVEN, F. F. Normalizing collective protest. In: MORRIS, A. D.; MUELLER, C. M. (eds.). Frontiers in social movement theory. New Haven; London: Yale University Press, 1992.

RANCIÈRE, J. Disagreement: politics and philosophy. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2004.

SANDERS, L. “Against deliberation”. Political Theory, vol. 25, nº 3, p. 347-376, 1997.

SILVA, M. K.; OLIVEIRA, G. L. “A face oculta(da) dos movimentos sociais: trânsito institucional e intersecção Estado-movimento – uma análise do movimento de economia solidária no Rio Grande do Sul”. Sociologias, nº 13, p. 86-124, 2011.

SOUZA, M. L. “Which right to which city? In defense of political-strategic clarity”. Interface, vol. 2, p. 315-333, 2010.

TARROW, S. Power in movement: social movements and contentious politics. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

TATAGIBA, L. Os conselhos gestores e a democratização das políticas públicas no Brasil. In: DAGNINO, E. (ed.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

TATAGIBA, L. Relação entre movimentos sociais e instituições políticas na cidade de São Paulo: o caso do movimento de moradia. In: KOWARICK, L.; MARQUES, E. (eds.). São Paulo: novos percursos e atores. São Paulo: Editora 34, 2011.

TATAGIBA, L.; TRINDADE, T. A.; TEIXEIRA, A. C. C. Protestos à direita no Brasil (2007-2015). In: VELASCO e CRUZ, S.; KAYSEL, A.; CODAS, G. (orgs.). Direita, volver! O retorno da direita e o ciclo político brasileiro. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2015.

TAVARES, F. M. M. “A dimensão política da crise fiscal dos Estados contemporâneos: o potencial da democracia deliberativa para fins de coibição das concorrências tributárias danosas”. Dissertação de mestrado, Ciência Política, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2008.

TAVARES, F. M. M. “Em busca da deliberação: mecanismos de inserção das vozes subalternas no espaço público”. Revista Brasileira de Ciência Política, nº 9, p. 39-70, 2012.

TAVARES, F. M. M. Deliberação e capitalismo: uma crítica marxista ao pensamento de Habermas. Curitiba: Appris, 2016.

TRINDADE, T. A. “Ampliando o debate sobre a participação política e a construção democrática: o movimento de moradia e as ocupações de imóveis ociosos no centro da cidade de São Paulo”. Tese de doutorado, Ciência Política, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2014.

TRINDADE, T. A. A importância dos movimentos sociais e sua relação com o direito: o caso dos movimentos dos sem-terra e sem-teto no Brasil. In: TRINDADE, E. A.; MELLIM FILHO, O.; TRINDADE, T. A. (orgs.). Curso de direito: leituras essenciais. Campinas: Alínea, 2015.

YOUNG, I. M. Inclusion and democracy. Oxford: Oxford University Press, 2000.

YOUNG, I. M. “Desafios ativistas à democracia deliberativa”. Revista Brasileira de Ciência Política, n° 13, p. 187-212, 2014.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.