Banner Portal
Do lulismo ao antipetismo? Polarização, partidarismo e voto nas eleições presidenciais brasileiras
PDF

Palavras-chave

Polarização. Identificação partidária. Comportamento eleitoral. Comportamento político. Antipetismo.

Como Citar

BORGES, André; VIDIGAL, Robert. Do lulismo ao antipetismo? Polarização, partidarismo e voto nas eleições presidenciais brasileiras. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 24, n. 1, p. 53–89, 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8652276. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

O debate recente sobre identificação partidária e comportamento eleitoral no Brasil vem apontando para a crescente importância do posicionamento dos eleitores com respeito aos principais partidos presidenciais – PT e PSDB – na escolha dos candidatos à presidência. Neste artigo, procura-se contribuir para a literatura colocando em questionamento diagnósticos recentes com respeito à polarização do sistema partidário presidencial. De acordo com a hipótese da polarização, a competição eleitoral entre PT e PSDB levou a uma crescente divisão do eleitorado em dois blocos claramente diferenciados e polarizados. Argumentamos que esta hipótese se apoia em bases teóricas e empíricas frágeis. Não obstante a crescente importância dos sentimentos partidários na determinação do comportamento dos eleitores no pleito presidencial, os resultados das análises descritivas e modelos estatísticos multivariados com base nos surveys do Estudo Eleitoral Brasileiro (Eseb) realizados nos anos de 2002, 2006, 2010 e 2014 demonstram que não há evidências de que tal movimento estaria associado a um aumento da polarização partidária de massa. Pelo contrário, observamos que as diferenças ideológicas e de opinião entre petistas e tucanos são de pequena monta e, além disso, encontramos evidências de uma crescente convergência ideológica entre os vários segmentos do eleitorado ao longo do tempo.

PDF

Referências

ACHEN, C. H. “Social psychology, demographic variables, and linear regression: breaking the iron

triangle in voting research”. Political Behavior, vol. 14, p. 195-211, 1992.

ALVAREZ, M. R. “The puzzle of party identification – dimensionality of an important concept”.American Politics Quarterly, vol. 18, p. 476-474, 1990.

BAKER, A., et al. “The dynamics of partisan identification when party brands change: the case of the Workers Party in Brazil”. The Journal of Politics, vol. 78, n° 1, 2016.

BATISTA, F. “Voto econômico retrospectivo e sofisticação política na eleição presidencial de 2002”. Revista de Sociologia e Política, vol.22, n° 50, 2014.

BARTELS, L.M. “Partisanship and voting behavior, 1952-1996”. American Journal of Political Science, vol. 44, p. 35-50, 2000.

BORGES, A. “Nacionalização partidária e estratégias eleitorais no presidencialismo de coalizão”. Dados,vol. 58, n° 3, p. 239-274, 2015.

BORGES, A.; LLOYD, R. “Presidential coattails and electoral coordination in multilevel elections: comparative lessons from Brazil”. Electoral Studies,vol. 46, 2016.

BRAGA, M.S.S.; PIMENTELJR., J. “Os partidos políticos brasileiros realmente não importam?”. Opinião Pública, vol. 17, n° 2, p. 271-303, 2011.

BREWER, M.B. Intergroup relations. In: BAUMEISTER, R. F.; FINKEL, E. J.(eds.).Advanced social psychology.Oxford, UK: Oxford University Press, p. 535-551, 2010.

CABELLO, A.; RENNÓ, L. “As bases do lulismo: a volta do personalismo, realinhamento ideológico ou não alinhamento?”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 25, n° 74, 2010.

CAMPBELL, A., et al. TheAmerican voter. New York: John Wiley, 1960.

CARMINES, E.;STIMSON, J. Issue evolution: race and the transformation of American politics. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1989.

CARREIRÃO, Y. “Identificação ideológica, partidos e voto na eleição presidencial em 2006”. Opinião Pública, vol. 13, n° 2, p. 307-339, 2007.

CARREIRÃO, Y. “O sistema partidário brasileiro: um debate com a literatura recente”. Revista Brasileira de Ciência Política, vol. 14, p. 255-275, 2014.

CARREIRÃO, Y.; BARBETTA, P.A. “A eleição presidencial de 2002: a decisão do voto na região da grande São Paulo”. Revista Brasileira de Ciências Sociais,vol. 19, n° 56, p. 75-93, 2004.

CARREIRÃO, Y.;KINZO, M.D.A. “Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989/2002)”. Dados, vol. 47, n° 1, p. 131-168, 2004.

CORTEZ, R. “Eleições majoritárias e entrada estratégica no sistema partidário-eleitoral brasileiro”.Dissertação de Mestrado, Departamentode Ciência Política, Universidade de São Paulo, 2009.

COUTO, C. G.“Novas eleições críticas?”.Em Debate, vol. 6, p. 17-24, 2014.

DOWNS, A.D. An economic theory of democracy.New York: Harper, 1957.

ESEB: Estudo Eleitoral Brasileiro, 2002-2014 (Banco de dados). In: Consórcio de Informações Sociais.

FIORINA, M.P. Retrospective voting in American national elections. New Haven: Yale University Press, 1981.

FIORINA, M.P.;ABRAMS, S.J. “Political polarization in the American public”. Annual Review of Political Science, vol. 11, p. 563-588, 2008.

GREEN, D. P.;PALMQUIST, B.;SCHICKLER, E. Partisan hearts and minds: political parties and the social identities of voters.New Haven: Yale University Press, 2002.

HILL, S. J.;TAUSANOVITCH, C. “A disconnect in representation? Comparison of trends in congressional and public polarization”. The Journal of Politics, vol. 77, n° 4, p. 1.058-1.075, 2015.

HOLZHACKER, D.O.;BALBACHEVSKY, E. “Classe, ideologia e política: uma interpretação dos resultados das eleições de 2002 e 2006”. Opinião Pública, vol. 13, n° 2, p. 283-306, 2007.

HUDDY, L. “From social to political identity: a critical examination of social identity theory”. Political Psychology, vol. 22, n° 1, p. 127-156, 2001.

HUDDY, L.; MASON, L.;AARØE, L. “Expressive partisanship: campaign involvement, political emotion, and partisan identity”.American Political Science Review, vol. 109, p. 1-17, 2015.

HUNTER, W.; POWER, T.J. “Rewarding Lula: Executive Power, social policy, and the Brazilian elections of 2006”. Latin American Politics and Society, vol. 49, n° 1, p. 1-30, 2007.

KEY, V.O. “A theory of critical elections”. The Journal of Politics, vol. 17, n° 1, p. 3-18, 1955.

KINZO, M.D.A. “Os partidos no eleitorado: percepções públicas e laços partidários no Brasil”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 20, n° 57, 2005.

LAYMAN, G. The great divide: religious and cultural conflict in American party politics. New York: Columbia University Press, 2001.

LIMONGI, F.;CORTEZ, R. “As eleições de 2010 eo quadro partidário”. Novos Estudos Cebrap, vol. 88, p. 21-37, 2010.

LIMONGI, F.; GUARNIERI, F. “A base e os partidos: as eleições presidenciais no Brasil pós-redemocratização”. Novos Estudos Cebrap, vol. 99, p. 5-24, 2014.

LUPU, N. “Party brands and partisanship: theory with evidence from a survey experiment in Argentina”. American Journal of Political Science, vol. 57, n° 1, p. 49-64, 2013.

LUPU, N. “Brand dilution and the breakdown of political parties in Latin America”. World Politics, vol. 66, n° 4, p. 561-602, 2014.

MEDEIROS, M.;NOËL, A. “The forgotten side of partisanship: negative party identification in four Anglo-American democracies”. Comparative Political Studies, vol. 47, n° 7, p. 1.022-1.046, 2014.

MELO, C. R.; CÂMARA, R. “Estrutura da competição pela presidência e consolidação do sistema partidário no Brasil”. Dados, vol. 55, n° 1, p. 71-117, 2012.

MILKIS, S. M.; RHODES, J.H. “George W. Bush, the Republican Party, and the ‘new’ American party system”. Perspectives on Politics,vol. 5, n° 3, p. 461-488, 2007.

NICHOLSON, S.P. “Polarizing cues”. American Journal of Political Science, vol. 56, n° 1, p. 52-66, 2012.

NICOLAU, J. “Vermelhos e Azuis: um estudo sobre os determinantes do voto nas eleições presidenciais brasileiras (2002-2010)”.Anaisdo IX Encontro da ABCP. Brasília, DF, 2014.

OLIVEIRA, C.;TURGEON, M. “Ideologia e comportamento político no eleitorado brasileiro”. Opinião Pública, vol. 21, n° 3, dez. 2015.

PAIVA, D.; KRAUSE, S.; LAMEIRÃO, A. P. “O eleitor antipetista: partidarismo e avaliação restrospectiva”. Opinião Pública, vol. 22, n° 3, p. 638-674, 2016.

PEIXOTO, V.; RENNÓ, L. “Mobilidade social ascendente e voto: as eleições presidenciais de 2010 no Brasil”. Opinião Pública, vol. 17, n° 2, p. 304-332, 2011.

REIS, F.W. “Eleição de 2014:”’país dividido’ e questão social”. Em Debate, vol. 6, p. 8-1, 2014.

RENNÓ, L.R. “Escândalos e voto: as eleições presidenciais brasileiras de 2006”. Opinião Pública, vol. 13, n° 2, p. 260-282, 2007.

RIBEIRO, E.;CARREIRÃO, Y.;BORBA, J. “Sentimentos partidários e atitudes políticas entre os brasileiros”. Opinião Pública, vol. 17, n° 2, p.333-368, 2011.

RIBEIRO, E.“Sentimentos partidários e antipetismo: condicionantes e covariantes”. Opinião Pública, vol. 22, n° 3, 2016.

ROSE, R.;MISHLER, W. “Negative and positive party identification in post-communist countries”. Electoral Studies, vol. 17, n° 2, p. 217-234, 1998.

SAMUELS, D. “A evolução do petismo (2002-2008)”. Opinião Pública, vol. 14, n° 2, p. 302-318, 2008.

SAMUELS, D.;ZUCCO, C. “The power of partisanship in Brazil: evidence from survey experiments”. American Journal of Political Science, vol. 58, n° 1, p. 212-225, 2014.

SAMUELS, D. Partisans, anti-partisans and voter behavior in Brazil. In: AMES, B.(ed.).Handbook of Brazilian Politics. New York/London: Routledge, 2018 (no prelo).

SCHATTSCHNEIDER, E. The semisovereign people. New York: Holt, Reinhart and Winston, 1960.

SINGER, A. “Raízes sociais e ideológicas do lulismo”. Novos Estudos Cebrap, vol. 85, p. 83-102, 2009.

SINGER, A. Os sentidos do lulismo.São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

SOARES, G.A. D.; TERRON, S.L. “Dois Lulas: a geografia eleitoral da reeleição (explorando conceitos, métodos e técnicas de análise geoespacial)”. Opinião Pública, vol. 14, n° 2, p. 269-301, 2008.

SPECK, B. W.; BALBACHEVSKY, E. “Identificação partidária e voto. As diferenças entre petistas e pessedebistas”. Opinião Pública, Campinas, vol. 22, nº 3, dez. 2016.

SPECK, B.; BRAGA, M. S.; COSTA, V. “Estudo exploratório sobre filiação e identificação partidária no Brasil”. Revista de Sociologia e Política, vol. 23, nº 56, p. 125-148, 2015.

SUNDQUIST, J.L. Dynamics of the party system: alignment and realignment of political parties in the United States.Washington, DC: Brookings Institution Press, 2011.

TAJFEL, H. “Social identity and intergroup behaviour”. Social Science Information, vol. 13, p. 65-93, 1974.

TAJFEL, H. Human groups and social categories: studies in social psychology. CUP Archive, 1981.

VALE, H.F. “Territorial polarization in Brazil's 2014 presidential elections”. Regional & Federal Studies, vol. 25, n° 3, p. 297-311, 2015.

ZUCCO, C. “The president’s ‘new’ Constituency: Lula and the pragmatic vote in Brazil's 2006 presidential elections”. Journal of Latin American Studies, vol. 40, p. 29-49, 2008.

ZUCCO, C. Esquerda, direita e governo: a ideologia dos partidos políticos brasileiros. In: POWER, T. J.; ZUCCO,C. (eds.).O Congresso por ele mesmo: autopercepções da classe política brasileira. Belo Horizonte: EditoraUFMG, 2012.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.