Banner Portal
A política militar brasileira no governo Dilma Rousseff:
PDF

Palavras-chave

Forças armadas
Política militar
Segurança pública
Governo Dilma Rousseff

Como Citar

MATHIAS, Suzeley Kalil; ZAGUE, Jose Augusto; SANTOS, Leandro Fernandes Sampaio. A política militar brasileira no governo Dilma Rousseff: : o discurso e a ação . Opinião Pública, Campinas, SP, v. 25, n. 1, p. 136–168, 2019. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8656300. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Discute-se neste artigo a operacionalização das Forças Armadas com vistas a cumprir com suas missões constitucionais ao longo do governo Rousseff. As fontes de pesquisa são os discursos brasileiros na Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA) e a ação política adotada pelo governo federal em auxílio à segurança pública na cidade do Rio de Janeiro. Considera-se como hipótese que há diferenças entre discurso externo e ação interna, cada um buscando atingir um alvo diferente: o primeiro, as Forças Armadas, no intuito de garantir-lhes sua função primordial de defesa do país e mantê-las afastadas do centro de decisão política; o segundo, a classe média, com sua demanda crescente por maior segurança. Conclui-se que a política militar do governo Dilma redundou, ao contrário do planejado, em maior politização das Forças Armadas, com crescente militarização da segurança pública.

PDF

Referências

ALSINA JR., J. P. S. Política externa e política militar no Brasil: universos paralelos. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.

ALVES, M. H. M.; EVANSON, P. Vivendo no fogo cruzado: moradores de favela, traficantes de drogas e violência policial no Rio de Janeiro. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

ANACLETO, S. D. M. O Estado democrático e a violência simbólica. As forças armadas no Complexo do Alemão e da Penha, em 2010, no Rio de Janeiro. In: XIMENES, J. (org.). Judicialização da política e democracia. Brasília: IDP, 2014.

BARREIRA, M. Cidade olímpica: sobre o nexo entre reestruturação urbana e violência na cidade do Rio de Janeiro. In: BRITO, F.; ROCHA, P. (orgs.). Até o último homem. São Paulo: Boitempo, 2013.

BARREIRA, M.; BOTELHO, M. L. O Exército nas ruas: da Operação Rio à ocupação do Complexo do Alemão. Notas para uma reconstituição da exceção urbana. In: BRITO, F.; ROCHA, P. (orgs.). Até o último homem. São Paulo: Boitempo, 2013.

BARROS, A. S. C. The Brazilian military professional socialization, political performance and state building. Tese de Doutorado. University of Chicago, Chicago, 1978.

BIGATÃO, J. Manutenção da paz e resolução de conflitos: respostas das Nações Unidas aos conflitos armados intraestatais na década de 1990. Dissertação de Mestrado em Relações Internacionais. Programa San Tiago Dantas, Unesp/Unicamp/PUC-SP, São Paulo, 2009.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da República, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 27 abr. 2017.

BRASIL. Palavras do ministro de Estado da Defesa Nelson A. Jobim, na sessão plenária da IX Conferência dos Ministros da Defesa das Américas (Santa Cruz de la Sierra, 22 de novembro de 2010). Ministério da Defesa, 2010. Disponível em: https://www.defesa.gov.br/index.php/noticias/3573-24112010-defesadiscur-do-ministro-jobim-na-ix-conferencia-de-ministros-da-defesa-das-americas-bolivia. Acesso em: 17 out. 2015.

BRASIL. X Conferência de ministros de Defesa das Américas: intervenção do ministro da Defesa Celso Amorim (Punta Del Este, 8 de outubro de 2012). Ministério da Defesa, 2012a. Disponível em: http://www.defesa.gov.br/arquivos/2012/Pronunciamentos/Ministro_defesa/outubro/discurso_x_c onferencia_ministros_defesa_americas_8_outubro_2012.pdf. Acesso em: 16 out. 2015.

BRASIL. Brasil e Argentina vão reforçar cooperação bilateral e fortalecer Unasul. Ministério da Defesa, 2012b. Disponível em: https://www.defesa.gov.br/index.php/noticias/3962-17042012defesa-brasil-e-argentina-vao-reforcar-cooperacao-bilateral-e-fortalecer-unasul. Acesso em: 16 out. 2015.

BÜLLOW, M.; LASSANCE, A. Brasil después de Lula: ¿más de lo mismo?. Revista de Ciência Política, Santiago (Chile), vol. 32, nº 1, p. 49-64, 2012.

CHARAUDEAU, P.; MAINGUENEAU, D. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2004.

CMDA (Conferência de Ministros da Defesa das Américas). A framework for hemispheric defense establishments to work better together. Williamsburg, Virginia, July 24-26, 1996. Disponível em: http://www.summit-americas.org/Williamsburg-spanish.htm. Acesso em: 26 nov. 2015.

CMDA. Declaração de Santiago, resolução dos ministros da Defesa das Américas, Santiago do Chile, 19-22/11/2002. Disponível em: http://www.state.gov/p/wha/rls/71005.htm. Acesso em: 23 dez. 2002.

COELHO, D.; PROVENZA, M. (orgs.). Balanço de indicadores da política de pacificação (2007-2015). Rio de Janeiro: Instituto de Segurança Pública (ISP), 2016.

GREIMAS, A. J. Análise do discurso em ciências sociais. Rio de Janeiro: Editora Global, 1986.

HUNTER, W. State and soldier in Latin America: redefining the military’s role in Argentina, Brazil and Chile. Washington, DC (EUA): United States Institute of Peace (Usip), 1996. Disponível em: http://arquivos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/uploads/balancodeindicadoresdapoliciadepacificacao 2015.pdf. Acesso em: 27 abr. 2016.

LIMONGI FRANÇA, R. Hermenêutica jurídica. São Paulo: Saraiva, 1988.

MARTINS FILHO, J. R. Entrevista concedida a Mônica Manir. Caderno Aliás. O Estado de S. Paulo, 22 jun. 2008.

MARTINS FILHO, J. R. Tensões militares no governo Lula (2003-2009). Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, nº 4, p. 283-306, jul.-dez., 2010.

MATHIAS, S. K. Brasil: interesse nacional e novas ameaças. In: MATHIAS, S. K.; SOARES, S. A. (orgs.). Novas ameaças: dimensões e perspectivas. São Paulo: Sicurezza Editora, 2003a.

MATHIAS, S. K. Defesa e segurança hemisférica: um tema controverso. Notas à Declaração sobre Segurança nas Américas. Boletim Resdal, vol. 13 (edição especial), dez. 2003b.

MATHIAS, S. K. A militarização da burocracia: a participação militar na administração federal das Comunicações e da Educação, 1963-1990. São Paulo: Editora Unesp, 2004.

MATHIAS, S. K.; CAMPOS, B. S.; SANTOS, L. F. S. Política militar del gobierno de Rousseff: reflexiones sobre la actuación de las Fuerzas Armadas en las UPP y la Minustah. Iconos – Revista de Ciencias Sociales, n° 55, p. 115-138. Quito (Equador), maio, 2016.

MATHIAS, S. K.; GUZZI, A. C. Autonomia na lei: as Forças Armadas nas Constituições nacionais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 25, n° 73, p. 41-57, jul. 2010.

OBSERVATÓRIO SUL-AMERICANO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Informe Brasil Nº 41/2011. São Paulo, Gedes, 2011a.

OBSERVATÓRIO SUL-AMERICANO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Informe Brasil Nº 27/2011. São Paulo, Gedes, 2011b.

OBSERVATÓRIO SUL-AMERICANO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS . Informe Brasil Nº 12/2014. São Paulo, Gedes, 2014.

O’DONNELL, G. Análise do autoritarismo burocrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

O’DONNELL, G. Democracia delegativa?. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, vol. 31, p. 25-40, out. 1991.

OEA (Organização dos Estados Americanos). Declaração sobre Segurança nas Américas. Aprovada na reunião de 28 de outubro de 2003. México, DF, 2003. Disponível em: http://www.oas.org/documents/eng/declaracionsecurity_102803.asp. Acesso em: 05 nov. 2017.

O ESTADO DE S. PAULO. Brasil não vai colocar tropas em missões internas defendidas pelos EUA. São Paulo, 2004.

O GLOBO. Presença de militares na maré custa R$ 1.7 milhões ao dia. Rio de Janeiro, 2014.

O GLOBO. Terremoto, cólera e avanços limitados marcam década de Minustah no Haiti. Rio de Janeiro, 2014.

PÊCHEUX, M. Semântica e discurso. Campinas: Editora Unicamp, 1988.

PION-BERLIN, D. Cumprimento de missões militares na América Latina. Varia Historia, Belo Horizonte, vol. 28, n° 48, p. 627-643, UFMG, jul.-dez., 2012.

RAMOS, V., et al. Regulamentação do parágrafo sétimo do artigo 144 da Constituição Federal do Brasil de 1988 e a implantação do Sistema Único de Segurança Pública. Jus, 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/27831/regulamentacao-do-paragrafo-setimo-do-artigo-144-da-constituicao-federal-do-brasil-de-1988-e-a-implantacao-do-sistema-unico-de-seguranca-publica. Acesso em: 27 abr. 2017.

RESDAL (Red de Seguridad y Defensa de América Latina). XI Conferência de Ministros de la Defensa de las Américas. Declaración de Arequipa. Resdal, 2014. Disponível em: http://www.resdal.org/assets/xi-cmda-declaracionarequipa.pdf. Acesso em: 18 nov. 2015.

RODRIGUES, T. Narcotráfico, militarização e pacificações: novas securitizações no Brasil. In: PASSOS, R.; FUCCILLE, A. (orgs.). Visões do Sul: crise e transformações no sistema internacional. São Paulo: Cultura Acadêmica, vol. 2, p. 55-87, 2016.

RODRIGUES, T. Drug-trafficking and the militarization of public safety in Mexico and Brazil: comparative perspectives. Academia.edu, s.d. Disponível em: https://www.academia.edu/3786042/DrugTrafficking_and_Militarization_of_Public_Safety_in_Mexi co_and_Brazil_comparative_perspectives. Acesso em: 30 maio 2013.

RODRIGUES, T.; BRANCOLI, F. Brazil’s south-south humanitarian actions: paradigm shifts and domestic consequences. International Affairs at LSE, 2012. Disponível em: http://blogs.lse.ac.uk/ideas/2012/11/brazil%c2%b4s-south-south-humanitarian-actionsparadigm-shift-and-domestic-consequences/. Acesso em: 5 abr. 2015.

SAINT-PIERRE, H. L. Política de defesa e relações internacionais no Brasil: o destino das paralelas. In: Meeting of the Latin American Studies Association (LASA), San Juan, Puerto Rico, March 15-18, 2006. Disponível em: < https://www.academia.edu/3807847/politica_de_defesa_e_relações _internacionais_no_bra sil_o_destino_das_paralelas. Acesso em: 23 jan. 2018.

SAINT-PIERRE, H. L.Defesa ou segurança? Reflexões em torno de conceitos e ideologias. Contexto Internacional, vol. 32, n° 2, jul.-dez., p. 407-433, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cint/v33n2/a06v33n2.pdf. Acesso em: 3 jul. 2014.

SHARE, D.; MAINWARING, S. Transição pela transação: democratização no Brasil e na Espanha. Dados, Iuperj, Rio de Janeiro, vol. 29, n° 2, p. 283-317, 1986.

SILVA, J. A ordem pública, a ordem interna e a polícia. In: Controle da criminalidade e segurança pública na nova ordem constitucional. 2a ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. Disponível em: http://www.jorgedasilva.com.br/artigo/63/a-ordem-publica,-a-ordem-interna-e-a-policia/. Acesso em: 27 abr. 2017.

TORRES, S. M. As conferências de ministros da Defesa das Américas: interesses brasileiros versus interesses norte-americanos. Dissertação de Mestrado. Programa San Tiago Dantas, Unesp/Unicamp/PUC-SP, São Paulo, 2011.

UNASUL. Tratado Constitutivo da Unasul, 2008. Disponível em: https://www.unasursg.org/images/descargas/documentos%20constitutivos%20de%20unasur /tratado-unasur-solo.pdf. Acesso em: 15 jul. 2018.

UNASUL. Estatuto do Consejo Suramericano en Materia de Seguridad Ciudadana, Justicia y Coordinaciön de Acciones contra la Delincuencia Organizada Transnacional (DOT), 2012. Disponivel em: https://repo.unasursg.org/alfresco/service/unasursg/documents/content/ESTATUTO_DEL_CONSEJO_S%20URAMERICANO_EN_MATERIA_DE_SEGURIDAD_CIUDADANA__JUSTICIA_Y_COORDINACION_DE_ACCIO%20NES_CONTRA_LA_DELINCUENCIA_ORGANIZADA_TRANSNACIONAL.pdf?noderef=4821ffb2-8a7f-4670bfed-a5d0982325bd. Acesso em: 15 jul. 2018.

UNITED NATIONS. United Nations headquarters: rules of engagement for the military component of the United Nations Stabilization Mission in Haiti (Minustah). New York: Department of Peacekeeping Operations (Military Division), 2008.

U.S. DEPARTMENT OF STATE. Brazil’s defense minister pursuing regional counterdrug cooperation. Wikileaks, 2009. Disponível em: https://wikileaks.org/plusd/cables/09brasilia402_a.html. Acesso em: 11 fev. 2019.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.