Banner Portal
Polarização e contexto
PDF

Palavras-chave

Polarização afetiva
Polarização ideológica
Contexto
Brasil

Como Citar

FUKS, Mario; MARQUES, Pedro Henrique. Polarização e contexto: medindo e explicando a polarização política no Brasil. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 28, n. 3, p. 560–593, 2023. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8671918. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Este artigo analisa se estão em curso, no Brasil, a polarização afetiva e (ou) a polarização ideológica, quais são as suas características e se elas estão dispersas ou concentradas em determinados grupos na sociedade brasileira. A pesquisa utiliza dados do Eseb (2002 – 2018) e do Lapop (2010 – 2019). Os resultados indicam que: 1) há um aumento da polarização, mas ela é predominantemente afetiva e mais intensa em relação aos candidatos; 2) embora já se observe alguns indícios em 2014, a polarização afetiva é bem mais visível em 2018; 3) no que diz respeito à ideologia, há uma polarização assimétrica, com o crescimento e a radicalização da direita. Diante dessas evidências, conclui-se que as características específicas da polarização brasileira estão relacionadas a aspectos do contexto político do país, tanto os de longa duração (como a reduzida base social dos partidos) quanto os mais recentes (como a reorganização da direita e a moderação do PT). Em comum com outros países, observa-se a concentração da polarização em indivíduos politicamente engajados.

PDF

Referências

ABRAMOWITZ, A. I.; SAUNDERS, K. L. “Is polarization a myth?”. The Journal of Politics, Chicago, vol. 70, nº 2, p. 542-555, abr. 2008.

ABRAMOWITZ, A. I. The disappearing center: engaged citizens, polarization, and American democracy. London: Yale University Press, 2010.

ALONSO, A. “A política das ruas: protestos em São Paulo de Dilma a Temer”. Novos Estudos, São Paulo, vol. 37, nº 1, p. 49-58, jun. 2017.

ARRETCHE, M. T. S.; ARAÚJO, V. “O Brasil tornou-se mais conservador?: Apoio à redistribuição e à taxação no Brasil”. Novos Estudos, São Paulo, nº Especial Dinâmicas da Crise, p. 15-22, jun. 2017.

AVRITZER, L. “Participation in democratic Brazil: from popular hegemony and innovation to middleclass protest”. Opinião Pública, Campinas, vol. 23, nº 1, p. 43-59, abr. 2017.

BAKER, A.; AMES, B.; RENNÓ, L. “Social context and campaign volatility in new democracies: networks and neighborhoods in Brazil's 2002 elections”. American Journal of Political Science, [S. l.], vol. 50, nº 2, p. 382-399, 2006.

BELLO, A. Petismo vs. antipetismo: evidências da polarização Política. In: Anais do 5° Workshop sobre Comportamento Político e Opinião Pública, Goiás, p. 1-26, 2019.

BORGES, A.; VIDIGAL, R. “Do lulismo ao antipetismo? Polarização, partidarismo e voto nas eleições presidenciais brasileiras”. Opinião Pública, Campinas, vol. 24, nº 1, p. 53-89, 2018.

CAMPBELL, J. Polarized: making sense of a divided America. New Jersey: Princeton University Press, 2018.

CARREIRÃO, Y. S. “Identificação ideológica, partidos e voto na eleição presidencial de 2006”. Opinião Pública, Campinas, vol. 13, nº 2, p. 307-339, 2007.

CARREIRÃO, Y. S. “O sistema partidário brasileiro: um debate com a literatura recente”. Revista Brasileira de Ciência Política, [on-line], nº 14, p. 255-295, 2014.

CARREIRÃO, Y. S.; KINZO, M. D. “Partidos Políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989/2002)”. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 47, nº 1, p. 131-168, 2004.

COLLIER, D.; LEVITSKY, S. “Democracy with adjectives: conceptual innovation in comparative research”. World politics, Cambridge, vol. 49, nº 3, p. 430-451, 1997.

DALTON, R. J., Left-right orientations, context, and voting choices. In: DALTON, R. J.; ANDERSON, C. J. (Eds.). Citizens, context, and choice: how context shapes citizens’ electoral choices. New York: Oxford University Press, p. 103-125, 2011.

ELLIS, C.; STIMSOM, J. A. Ideology in America. Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

EZROW, L.; TAVITZ, M.; HOMOLA, J. “Voter polarization strength of partisanship and support for extremist parties”. Comparative Political Studies, Thousand Oaks, vol. 47, nº 11, p. 1558-1583, 2014.

FIORINA, M. P.; ABRAMS, S. J. “Political polarization in the American public”. Annual Review of Political Science, San Mateo, vol. 11, p. 563-588, jun. 2008.

FIORINA, M. P.; ABRAMS, S. J.; POPE, J. C. Culture war? The myth of a polarized America. New York: Pearson Education, 2006.

FUKS, M.; MARQUES, P. H. “Contexto e voto: o impacto da reorganização da direita sobre a consistência ideológica do voto nas eleições de 2018”. Opinião Pública, Campinas, vol. 26, nº 3, p. 401-430, 2020.

FUKS, M.; RIBEIRO, E.; BORBA, J. “From antipetismo to generalized antipartisanship: the impact of rejection of political parties on the 2018 vote for Bolsonaro”. Braz. Political Sci. Rev., São Paulo, vol. 15, nº 1, p. 01-28, 2021.

GIDRON, N.; ADAMS, J.; HORNE, W. “How ideology, economics and institutions shape affective polarization in democratic polities”. In: Anais Annual Conference of the American Political Science Association 114th, Boston, p. 1-46, 2018.

HOBOLT, S. B.; LEEPER, T. J.; TILLEY, J. “Divided by the vote: affective polarization in the wake of the Brexit referendum”. British Journal of Political Science, vol.54, nº 4, p. 1476-1493, 07 jul.2021.

IYENGAR, S. et al. “The origins and consequences of affective polarization in the United States”. Annual Review of Political Science, vol. 22, nº 1, p. 129–146, maio 2019.

IYENGAR, S.; SOOD, G.; LELKES, Y. “Affect, not ideology: a social identity perspective on polarization”. Public Opinion Quarterly, Oxford, vol. 76, nº 3, p. 405–431, set. 2012.

KINZO, M. D. “Os partidos no eleitorado: percepções públicas e laços partidários no Brasil”. Rev. Bras. Ci. Soc., São Paulo, vol. 20, nº 57, p. 65-81, fev. 2005.

LACHAT, R. “The impact of party polarization on ideological voting”. Electoral Studies, Londres, vol. 27, nº 4, p. 687–698, dez. 2008.

LEVENDUSKY, M. S. “Clearer cues, more consistent voters: a benefit of elite polarization”. Political Behavior, Berlim, vol. 32, nº 1, p. 111-131, mar. 2010.

LUPU, N. Party brands in crisis: partisanship, brand dilution, and the breakdown of political parties in Latin America. Cambridge: Cambridge University Press, 2016.

MAINWARING, S. Rethinking party systems in the third wave of democratization: the case of Brazil. Stanford: Stanford University Press, 1999.

MARQUES, P. H. “Dimensão e determinantes do pensamento ideológico entre os brasileiros”. Agenda Política, [S. l.], vol. 8, nº 1, p. 78-105, 2020. Disponível em: https://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/309. Acesso em: 06 nov. 2022.

MASON, L. Uncivil agreement: how politics became our identity. Chicago: University of Chicago Press, 2018.

MCCOY, J.; RAHMAN, T.; SOMER, M. “Polarization and the global crisis of democracy: common patterns, dynamics, and pernicious consequences for democratic polities”. American Behavioral Scientist, Thousand Oaks, vol. 62, nº 1, p. 16–42, mar. 2018.

MELO, C. R.; CÂMARA, R.; SANTOS, M. What can ideology tell us? An analysis of deputies and parties in the Brazilian, Chilean and Uruguayan legislatives. In: SÁEZ, M. A.; MONTERO, M. G.; RIVAS PÉREZ, C. R. (Eds.). Politics and political elites in Latin America. Boulder: Springer International Publishing, p. 221–246, 2020.

MELO, C. R.; CÂMARA, R. “Estrutura da competição pela Presidência e consolidação do sistema partidário no Brasil”. Dados, Rio de Janeiro, v. 55, n. 1, p. 71-117, 2012.

MELO, C. R. Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra: elementos para uma análise do sistema partidário brasileiro. In: MELO, C. R.; SÁEZ M. A. (Eds.), A Democracia Brasileira: Balanço e Perspectivas para o Século 21. Belo Horizonte: Editora UFMG, p. 267-302, 2007.

MENEGUELLO, R.; AMARAL, O. E. “Ainda novidade: uma revisão das transformações do Partido dos Trabalhadores no Brasil”. BSP Occasional Papers, Oxford, nº 2, p. 1-25, 2008.

MESSENBERG, D. “A direita que saiu do armário: a cosmovisão dos formadores de opinião dos manifestantes de direita brasileiros”. Revista Sociedade e Estado, Brasília, vol. 32, nº 3, p. 621-648, set.-dez. 2017.

ORTELLADO, P.; RIBEIRO, M. M.; ZEINE, L. “Existe polarização política no Brasil? Análise das evidências em duas séries de pesquisas de opinião”. Opinião Pública, Campinas, vol. 28, nº 1, p. 62-91, 2022.

PAIVA, D; KRAUSE, S; LAMEIRÃO, A. P. “O eleitor antipetista: partidarismo e avaliação retrospectiva”. Opinião Pública, Campinas, vol. 22, nº 3, p. 638-674, 2016.

PENTEADO, C., LERNER, C. “A direita na rede: mobilização online no impeachment de Dilma Rousseff”. Em Debate, Belo Horizonte, vol. 10, nº. 1, p. 12-24, abr. 2018.

POOLE, K. T.; ROSENTHAL, H. “D-Nominate after 10 years: a comparative update to congress: a political-economic history of roll-call voting”. Legislative Studies Quarterly, St. Louis, vol. 26, nº 1, p. 5–29, 2001.

QUADROS, M. P. R.; MADEIRA, R. M. “Fim da direita envergonhada? Atuação da bancada evangélica e da bancada da bala e os caminhos da representação do conservadorismo no Brasil”. Opinião Pública, Campinas, vol. 24, nº 3, p. 486-522, 2018.

REILJAN, A. “Fear and loathing across party lines (also) in Europe: affective polarization in European party systems”. Eur. J. Polit. Res., [S. l.] vol. 59, nº 2, p. 376–396, 2019.

RIBEIRO, E.; CARREIRÃO, Y.; BORBA, J. “Sentimentos partidários e atitudes políticas entre os brasileiros”. Opinião Pública, Campinas, vol. 17, nº 2, p. 333-368, 2011.

RIBEIRO, P. F. “An amphibian party? organizational change and adaptation in the Brazilian workers' party, 1980–2012”. Journal of Latin American Studies, Cambridge, vol. 46, nº 1, p. 87-119, 2014.

SAMUELS, D. J.; ZUCCO, C. Partisans, antipartisans, and nonpartisans: voting behavior in Brazil. New York: Cambridge University Press, 2018.

SAMUELS, D. “Sources of mass partisanship in Brazil”. Latin American Politics and Society, Cambridge, vol. 48, nº 2, p. 1-27, 2006.

SARTORI, G. “Concept misformation in comparative politics”. The American political science review, Cambridge, vol. 64 nº 4, p. 1033-1053, 1970.

SINGER, A. “Raízes sociais e ideológicas do lulismo”. Novos estud. – CEBRAP, São Paulo, nº 85, p. 83-102, 2009.

SINGER, M. “Elite polarization and the electoral impact of left-right placements: evidence from Latin America, 1995–2009”. Latin American Research Review, Pittsburgh, vol. 51, nº 2, p. 174-194, 2016.

SVOLIK, M. W. “When polarization trumps civic virtue: partisan conflict and the subversion of democracy by incumbents”. Available at SSRN: < https://ssrn.com/abstract=3243470 >, 2018.

SVOLIK, M. W. “Polarization versus democracy”. Journal of Democracy, Baltimore, vol. 30, nº 3, p. 20-32, jul. 2019.

VEIGA, L. F. “Os partidos brasileiros na perspectiva dos eleitores: mudanças e continuidades na identificação partidária e na avaliação das principais legendas após 2002”. Opinião Pública, Campinas, vol. 13, nº 2, p. 340-365, nov. 2007.

WAGNER, M. “Affective polarization in multiparty systems”. Electoral Studies, [S. l], vol. 69, 2021.

ZECHMEISTER, E.; CORRAL, M. “Individual and contextual constraints on ideological labels in Latin America”. Comparative Political Studies, Thousand Oaks, vol. 46, nº 6, p. 675–701, jun. 2013.

ZUCCO JÚNIOR, C. Esquerda, direita e governo. A ideologia dos partidos políticos brasileiros. In: POWER, T.; ZUCCO JÚNIOR, C. (Orgs.). O congresso por ele mesmo: autopercepções da classe política brasileira. Belo Horizonte: Editora UFMG, p. 37-60, 2011.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Opinião Pública

Downloads

Não há dados estatísticos.