Banner Portal
Política partidária e meio ambiente: a adesão dos partidos políticos brasileiros à agenda verde
PDF

Palavras-chave

Meio ambiente e política. Partidos políticos e ambiente. Política partidária e meio ambiente. Programas partidários. Perfis partidários de governança ambiental

Como Citar

BARROS, Antonio Teixeira. Política partidária e meio ambiente: a adesão dos partidos políticos brasileiros à agenda verde. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 21, n. 3, p. 693–733, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8642213. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Este artigo analisa como os partidos políticos brasileiros incorporam temas ambientais em seus programas partidários. A metodologia consistiu no monitoramento dos websites dos partidos, com um mapeamento das estratégias utilizadas no que se refere à adesão das legendas à agenda socioambiental. O levantamento foi realizado no período de agosto a setembro de 2014, durante a campanha eleitoral. Dos 32 partidos registrados na Justiça Eleitoral, 20 incorporam temáticas ecológicas em seus websites (62,5%), por meio de quatro principais estratégias: inclusão do tema no programa partidário, criação de núcleo socioambiental nos websites, oferta de cursos online de educação ambiental e divulgação de noticiário ecológico. Identificam-se quatro perfis partidários de governança ecológica: preservacionistas, desenvolvimentistas, críticos ao capitalismo e ecologistas sistêmicos. Em todos os perfis, o Estado exerce um papel central como ator das políticas ambientais propostas pelos partidos. A ampla adesão partidária aos temas ecológicos mostra que a agenda verde se tornou uma questão política estabelecida e um tema transpartidário, além da divisão esquerda x direita.

Abstract
This article examines how political parties incorporate environmental issues in their party programs. The methodology consisted in monitoring the websites of political parties, with a mapping of the strategies used in relation to the environmental agenda. The survey was conducted in the period August-September 2014, during the election campaign. Of the 32 parties registered with the Electoral Court, 20 incorporate environmental themes into their websites (62.5%), through four main strategies: inclusion of the issue in the party program, creating the websites nucleus to environmental issue, offering online courses in environmental education and dissemination of environmental news. Four profiles of environmental governance are identified: preservationists, developmental, critical of capitalism and systemic ecologists. In all profiles, the state plays a central role as an actor of environmental policies proposed by parties. The wide partisan adherence to ecological issues shows that the green agenda has become established and a political issue transparty theme, beyond the left x right divide.

Keywords: Environment and politics. Political parties and the environment. Party politics and the environment. Party programs. Supporters of environmental governance profiles


PDF

Referências

ALBUQUERQUE, A.; MARTINS, A. F. "Apontamentos para um modelo de análise dos partidos na Web". In: Anais do XIX Encontro da Compós. Rio de Janeiro, 2010.

ALMEIDA, J.; PREMEBIDA, A. "Histórico, relevância e explorações ontológicas da questão ambiental". Sociologias, vol. 16, n° 35, p. 14-33, 2014.

ALONSO, A.; COSTA, V. "Ciências Sociais e meio ambiente no Brasil: um balanço bibliográfico". BIB – Revista Brasileira de Informações Bibliográficas em Ciências Sociais, n° 53, p. 35-78, 1° sem. 2002.

AMARAL, O. E. "O que sabemos sobre a organização dos partidos políticos: uma avaliação de 100 anos de literatura". Debates, Porto Alegre, vol. 7, n° 2, p. 11-32, maio-ago. 2013.

BAQUERO, M. A vulnerabilidade dos partidos políticos e a crise da democracia na América Latina. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000.

BARROS, A. T. "Dimensão filosófica e política do pensamento ambiental contemporâneo". Veritas, Porto Alegre, vol. 57, n° 1, p. 92-111, jan.-abr. 2012.

________. "A visibilidade ambiental em perspectiva sociológica: estudo comparado Brasil-Portugal". Sociologias, vol. 15, p. 318-345, 2013.

BARROS, A. T.; BERNARDES, C. B.; RODRIGUES, M. R. "Palanques virtuais: o uso de websites pelos partidos políticos brasileiros". In: Anais do 38° Encontro Anual da Anpocs. Caxambu, 2014.

BARROS, A. T.; SOUSA, J. P. Jornalismo e ambiente. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2010.

BAUMAN, Z. Em busca da política. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

BECK, U.; GIDDENS, A. ; LASH, S. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: Editora da Unesp, 1994.

BLANCHARD, G. "O uso da internet a serviço do partido". Líbero. São Paulo, vol. 9, n° 18, p. 9-17, dez. 2006.

BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BOKTIN, D. B. Qual ecologia para o século XXI?. In: BARRÈRE, M. (org.). Terra, patrimônio comum: a ciência a serviço do meio ambiente e do desenvolvimento. São Paulo: Nobel, p. 15-26, 1992.

BORRAZ, O. “O surgimento das questões de risco”. Sociologias, vol. 16, n° 35, p. 106-137, 2014.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.

BRAGA, S. S.; FRANÇA, A. S. T.; NICOLÁS, M. A . "Os partidos políticos brasileiros e a internet: uma avaliação dos websites dos partidos políticos do Brasil". Revista de Sociologia e Política, vol. 17, n° 34, p. 183-208, 2009.

BUTTEL, F. H. Ecological modernization as social theory. Geoforum: Oxford, p. 57-65, 2000.

CARREIRÃO, Y. S. "O sistema partidário brasileiro: um balanço de tendências recentes". In: Anais do 36° Encontro Anual da Anpocs, Águas de Lindoia, 2012.

CARREIRÃO, Y. S.; KINZO, M. G. "Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989-2002)". Dados, vol. 47, n° 1, p. 131-168, 2004.

CARVALHO, I. C. M. "A ecodemocracia". PG, vol. 69, p. 10-14, maio-jun. 1991.

________. "As transformações na esfera pública e a ação ecológica: educação e política em tempos de crise da modernidade". Revista Brasileira de Educação, vol. 11, n° 32, p. 308-315, maio-ago. 2006.

CASTELLS, M. O poder da identidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

________. A galáxia da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

CATTON, W. R.; DUNLAP, R. E. "A new ecological paradigm for post-exuberant sociology". American Behavioral Scientist, vol. 24, n° 1, p. 15-47, set.-out. 1980.

DALTON, R.; WATTENBERG, M. Parties without partisans: political change in advanced industrial democracies. Oxford: Oxford University Press, 2000.

DUVERGER, T. Le parti socialiste et l’écologie – 1968-2011. Paris: Jean Jaurés Fondation, 2011.

FIGUEIREDO, E. Angústia ecológica e o futuro. Lisboa: Gradiva, 1993.

FLEURY, L. C.; ALMEIDA, J.; PREMEBIDA, A. "O ambiente como questão sociológica: conflitos ambientais em perspectiva". Sociologias, vol. 16, n° 35, p. 34-82, 2014.

GIDDENS, A. A política da mudança climática. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

GOMES, W. Transformação da política na era da comunicação. São Paulo: Paulus, 2004.

GUIMARÃES, R. P. Ecopolitics in the third world: an institutional analysis of environmental management in Brazil. University of Connecticut, 1986.

HABERMAS, J. "O Estado-nação europeu frente aos desafios da globalização". Novos Estudos – Cebrap, São Paulo, n° 43, p. 87-101, 1995.

HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992.

HOBSBAWN, E. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

INGLEHART, R. "Post-materialism in an environment of insecurity". American Political Science Review, n° 75, p. 880-900, December 1981.

JACKSON, N. "Political parties, the internet and the 2005 general election: third time lucky?". Internet Research, vol. 17, n° 3, p. 249-271, 2007.

KEY, V. O. Politics, parties and pressure groups. New York: Crowell, 1964.

LAFER, C. Discurso do chanceler brasileiro, Celso Lafer, na sessão de Debate Geral da Unced. In: BRASIL, MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. A Inserção internacional do Brasil: a gestão do ministro Celso Lafer no Itamaraty. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 1993.

LASH, S. Crítica de la información. Buenos Aires-Madrid: Amorrortu Editores, 2005.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994.

________. Políticas da natureza: como fazer ciência na democracia. Bauru: Edusc, 2004.

LEFF, E. "Complexidade, racionalidade ambiental e diálogo de saberes". Educação & Realidade, vol. 34, n° 3, p. 17-24, set.-dez. 2009.

LESTON-BANDEIRA, C. "Studying the relationship between Parliament and citizens". The Journal of Legislative Studies, vol. 18, n° 3-4, p. 265-274, September-December 2012.

LIPOVETSKY, G. A era do vazio. Lisboa: Edições 70, 2013.

LUSTOSA, M. C. J. Industrialização, meio ambiente, inovação e competitividade. In: MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C. J.; VINHA, V. (orgs.). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, p. 155-172, 2003.

MAIA, R. Mídia e vida pública: modos de abordagem. In: MAIA, R.; CASTRO, M. C. P. S. (orgs.). Mídia, esfera pública e identidades coletivas. Belo Horizonte: Editora da UFMG, p. 11-46, 2006.

MAINWARING, S. P. Sistemas partidários em novas democracias: o caso do Brasil. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: FGV, 2001.

MANIN, B. "As metamorfoses do governo representativo". Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 10, n° 29, p. 5-34, out. 1995.

________. "A democracia do público reconsiderada". Novos Estudos – Cebrap, São Paulo, n° 97, p. 115-127, 2013.

MARQUES, F. P. J. A. "Sobre a comunicação político-partidária na internet: um estudo dos informativos digitais do PT e do PSDB". Galáxia, n° 10, p. 129-146, dez. 2005.

MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C. J.; VINHA, V. Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003.

MENEGUELLO, R. Partidos conservadores no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

MOISES, J. A. "A desconfiança nas instituições democráticas". Opinião Pública, vol. 11, n° 1, p. 33-63, 2005.

MORIN, E. Introducción al pensamento complejo. Barcelona: Gedisa, 1994.

NICOLAS, M. A.; BRAGATTO, R. C.; SAMPAIO, R. C. "Internet and politics studies in Brazil: mapping the characteristics and disparities of the research field". Brazilian Political Science Review, vol. 7, n° 2, p. 114-140, 2013.

NORRIS, P. "Preaching to the converted? Pluralism, participation and party websites". Party Politics, vol. 9, n° 1, p. 21-45, 2003.

Oliveira, S. "Ligado a evangélicos, Partido Ecológico Nacional cresce no Norte e no Nordeste". Rede Brasil Atual, 20 jul. 2012. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2012/07/ligado-a-evangelicos-partido-ecologico-nacional-cresce-no-norte-e-no-nordeste>. Acesso em: 3 set. 2015.

OLIVEIRA, W. J. F. "Gênese e redefinições do militantismo ambientalista no Brasil". Dados, vol. 51, n° 3, p. 751-777, 2008.

OPPO, A. Partidos políticos. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. 5ª ed. Brasília: Editora da UnB, 2000, p. 898-905.

PÁDUA, J. A. Natureza e projeto nacional: as origens da ecologia política no Brasil. Rio de Janeiro: Iuperj, 1986.

PÁDUA, J. "Nascimento da política verde no Brasil: fatores exógenos e endógenos". In: PÁDUA, J. A., et al. (orgs.). Ecologia e política mundial. Rio de Janeiro: Vozes, 1990, p. 135-61.

PANEBIANCO, A. Modelos de partido. Madrid: Alianza Editorial, 1990.

PASQUINO, G. Partitocracia. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. 5ª ed. Brasília: Editora da UnB, 2000, p. 905-909.

PEIRANO, M. O dito e o feito. São Paulo: Relume-Dumará, 2011.

PEREIRA, F. B. "A estabilidade e a efetividade da preferência partidária no Brasil". Revista Brasileira de Ciência Política, n° 13, p. 213-244, 2014.

REIS, F. W. "Identidade política, desigualdade e partidos brasileiros". Novos Estudos – Cebrap, n° 87, p. 61-75, 2010.

RIBEIRO, G. L. Ambientalismo e desenvolvimento sustentado: nova ideologia/utopia do desenvolvimento. In: RIBEIRO, G. L. Cultura e política no mundo contemporâneo: paisagens e passagens. Brasília: Editora da UnB, 2000, p. 130-170.

RÖMMELE, A. "Political parties, party communication and new information and communication technologies". Party Politics, London, vol. 9, n° 1, p. 7-20, 2003.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Nobel, 1993.

SAINTENY, G. "Le parti socialiste face à l'écologisme. De l'exclusion d'un enjeu aux tentatives de subordination d'un intrus". Revue Française de Science Politique, vol. 44, n° 3, p. 424-461, 1994.

SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 13ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.

SANTOS, F. O poder Legislativo no presidencialismo de coalizão. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Editora UFMG/Iuperj, 2001.

TRECHSEL, A., et al. Evaluation of the use of new technologies in order to facilitate democracy in Europe: e-democratizating the parliaments and parties in Europe. Genebra: European University Institute, 2004.

URBINATI, N. "Crise e metamorfoses da democracia". Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 28, n° 82, p. 5-16, 2013a.

________. "Da democracia dos partidos ao plebiscito da audience". Lua Nova, São Paulo, n° 89, p. 85-105, 2013b.

VEIGA, L. F. "Os partidos brasileiros na perspectiva dos eleitores". Opinião Pública, Campinas, vol. 13, n° 2, p. 340-365, 2007.

VIOLA, E. J. "O movimento ecológico no Brasil (1974-1986): do ambientalismo à ecopolítica". Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 1, n° 3, 1987.

VIOLA, E. J.; LEIS, H. R. A evolução das políticas ambientais no Brasil, 1971-1991: do bissetorialismo preservacionista para o multissetorialismo orientado para o desenvolvimento sustentável. In: HOGAN, D. J.; VIEIRA, P. F. (orgs.). Dilemas socioambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas: Editora da Unicamp, p. 73-102, 1992.

WEBER, M. Economia e sociedade. Brasília: Editora da UnB, 1999.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.