Banner Portal
“Não faz mal pensar que não se está só”: estilo, produção cultural e feminismo entre as minas do rock em São Paulo
Remoto

Palavras-chave

Movimentos Sociais. Feminismo. Juventude. Estilos. Interseccionalidades. Agência Social

Como Citar

FACCHINI, Regina. “Não faz mal pensar que não se está só”: estilo, produção cultural e feminismo entre as minas do rock em São Paulo. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 36, p. 117–153, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8644991. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

Este artigo procura contribuir para a compreensão das diversas formas assumidas pelo ativismo político no Brasil contemporâneo, enfocando especificamente a intersecção entre política e estilo no feminismo das minas do rock. Para tanto, recupera material fruto de pesquisa etnográfica realizada entre 2004 e 2007 na cena paulistana do rock de mina. A análise propõe considerar o caráter espetacular do estilo como forma de “dar-se a ver” e comunicarse, assim como tomar em conta as múltiplas relações de poder nas quais se inscreve o que é comunicado. Desse modo, sugere pensar os estilos como operadores de diferenças, levando em conta que não são produzidos por sujeitos pré-dados, que agem de forma inteiramente consciente em relação aos efeitos provocados por dada composição de aparência, atitude e música. Ao contrário, considera que os sujeitos se constituem no processo de citar e deslocar normas sociais e que isso pode se dar no processo de composição de um estilo.

Abstract

This article aims to offer a contribution to the understanding of the various forms assumed by political activism in contemporary Brazil, focusing specifically on the intersection between politics and style in the riot grrrls’ feminism. In order to do that, it rescues material originated from ethnographic research carried out between 2004 and 2007 in the São Paulo riot grrrls’ scene. The research coincides with a specific moment of this scene, marked by its expansion, indicated by the growth of the volume of activities and of its visibility, and by the organization of annual editions of the LadyFest Brasil – a cultural festival devised by women and for women that resumed and symbolized the scene‟s spirit, also integrating it to the calendar of international festivals of the same kind. The analysis proposes to consider the spectacular character of the style as a form of “making oneself visible” and of communicating with one another, as well as to consider the multiple power relations in which the communicated message is inscribed. Therefore, it suggests thinking the styles as operators of difference, taking into account the fact that they are not produced by pre-given subjects, who act in complete awareness of the effects caused by a given composition of appearance, attitude and music. On the contrary, this article considers that the subjects are constituted in the process of quoting and dislocating social norms, and that this may be given in the process of composition of a style.

Key Words: Social Movements, Feminism, Youth, Styles, Intersections, Social Agency

Remoto

Referências

ABRAMO, Helena. Cenas Juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. São Paulo, Editora Scritta, 1994.

ABRAMO, Helena W.; FACCHINI, Regina. Relatório Juventude e integração sul-americana: diálogos para construir uma democracia regional.

Informe dos grupos focais no Brasil. São Paulo, Pólis, 2008 [http://www.juventudesulamericanas.org.br/index.php/biblioteca/doc_ download/44-juventude-e-integracao-sulamericanadialogos-paraconstruir-uma-democracia-regional-brasil – acesso em 25/03/2011].

BARNES, John A. Redes sociais e processo político. In: FELDMAN-BIANCO, Bela. (org.) Antropologia das sociedades contemporâneas. São Paulo, Global, 1987, pp.159-194.

BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu (26), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp, 2006, pp.329-376.

______. Phoenix, Ann. Ain‟t I a woman? Revisiting intersectionality. Journal of International Women’s Studies (5:3), 2004, pp.75-86.

BUTLER, Judith. Fundamentos contingentes: o feminismo e a questão do pós-modernismo. Cadernos Pagu (11), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp, 1998, pp.11-42.

______. Cuerpos que importan: sobre los límites materiales y discursivos del “sexo”. Buenos Aires, Paidos, 2002.

______. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003.

CAMARGO, Michelle de Alcântara. Lugares, pessoas e palavras: o estilo das minas do rock na cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Unicamp, 2010.

DAS, VEENA. Fronteiras, violência e o trabalho do tempo: alguns temas wittgensteinianos. Revista Brasileira de Ciências Sociais (4:40), São Paulo, 1999, pp.31-42.

FACCHINI, Regina. Entre umas e outras: mulheres, (homo)sexualidades e diferenças na cidade de São Paulo. Tese de Doutorado em Ciências Sociais, Unicamp, 2008.

______. Entrecruzando diferenças: mulheres e (homo)sexualidades na cidade de São Paulo. In: DÍAZ-BENÍTEZ, Maria Elvira; FÍGARI, Carlos Eduardo. (orgs.) Prazeres Dissidentes. Rio de Janeiro, Garamond, 2009, pp.309-341.

FRANÇA, Isadora Lins. Sobre “guetos” e “rótulos”: tensões no mercado GLS na cidade de São Paulo. Cadernos Pagu (28), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp, 2007, pp.227-256.

GARRISON, Ednie Kaeh. U.S. Feminism – Grrrl Style! Youth (Sub)cultures and the Technologies of the Third Wave. Feminist Studies (26)1, Maryland, 2000, pp.141-170.

HEBDIGE, Dick. Subculture: the meaning of style. Londres, Methuen, 1979.

MELO, Érica. Cultura Juvenil Feminista Riot Grrrl em São Paulo.

Dissertação de Mestrado em Sociologia, Unicamp, 2008.

ROSENBERG, Jessica; GAROFALO, Gitana. Riot Grrrl: Revolutions from within.

Signs (23)3, Chicago, 1998, pp.809-841.

SOUZA, Bruna Mantese. Os straight edges e suas relações com a alteridade em São Paulo. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Universidade de São Paulo, 2006.

STRATHERN, Marilyn. For the Motion (1). The concept of society is theoretically obsolete. In: INGOLD, Tim. (org.) Key Debates in Anthropology. London, Routledge, 1996.

STRAW, Will. Scenes and sensibilities. Revista da Associação Nacional de PósGraduação em Comunicação [http://www.ecompos.com.br/e-compos – acesso 06/08/2006].

VEGA, Alexandre P. Sexualidades em contexto urbano: uma análise da desconstrução de signos de identidade sexual entre jovens em São Paulo. Relatório de qualificação para Mestrado em Antropologia Social, São Paulo, 2007.

WALD, Gayle. Just a Girl? Rock Music, Feminism, and the Cultural Construction of Female Youth. Signs (23)3, Chicago, 1998, pp.585-610.

Downloads

Não há dados estatísticos.