Banner Portal
Um estado emotivo: representação da gravidez na mídia
Remoto

Palavras-chave

Gravidez. Mídia. Emoção

Como Citar

REZENDE, Claudia Barcellos. Um estado emotivo: representação da gravidez na mídia. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 36, p. 315–344, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8644998. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Este artigo analisa o modo como a gestação é tratada na Revista da Gestante - em particular a visão de um processo que pode ser em grande parte controlado pela gestante. Nessa publicação as reportagens fornecem, através de um discurso prescritivo, “dicas” para uma gravidez “tranquila e feliz”. O foco das matérias é a percepção de uma natureza emotiva à gravidez, durante a qual os sentimentos de medo e ansiedade seriam recorrentes. Através da análise dos sentimentos tematizados, destaco uma visão da gestante como agente autônomo e relativamente isolada do seu círculo social, a não ser pela estreita relação com os especialistas médicos. Consequentemente, o problema do controle de si e das emoções, tema caro às sociedades ocidentais modernas, torna-se uma questão para a gestante.

Abstract

This article examines the representations of pregnancy in the magazine Revista da Gestante, particularly the notion that this is a process that may be to a large extent controlled by pregnant women. In this magazine, articles present a prescriptive discourse, with “tips” to a “happy and calm” pregnancy. They focus on the idea that pregnancy has an emotional nature, especially due to the frequent sentiments of fear and anxiety. By analyzing these emotions, I argue that pregnant women are seen as autonomous agents who are relatively isolated from their social circle, except for their relations with medical specialists. Self control during pregnancy, thus, becomes an issue, reinforcing a wider concern with emotional control common in modern western societies.

Key Words: Pregnancy, Mass Media, Emotions.

Remoto

Referências

ABU-LUGHOD, Lila e LUTZ, Catherine. Introduction. In: LUTZ, Catherine e ABU-LUGHOD, Lila. (orgs.) Language and the politics of emotion.

Cambridge, Cambridge University Press, 1990, pp.1-23.

ALMEIDA, Maria Isabel Mendes de. Maternidade: um destino inevitável?.

Rio de Janeiro, Campus, 1987.

ARAÚJO, Clara e SCALON, Celi. Percepções e atitudes de mulheres e homens sobre a conciliação entre família e trabalho pago no Brasil.

In: ARAÚJO, Clara e SCALON, Celi. (orgs.) Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2005, pp.17-77.

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.

BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2003.

BRANDÃO, Elaine Reis. Revelação da gravidez na adolescência em famílias de camadas médias: tensões e dilemas. In: HEILBORN, Maria Luiza et alii. (orgs.) Sexualidade, família e ethos religioso. Rio de Janeiro, Garamond, 2005, pp.111-134.

BRUCKNER, Pascal. A euforia perpétua: ensaio sobre o dever de felicidade. Rio de Janeiro, Difel, 2002.

CHAZAN, Lilian Krakowski. “Meio quilo de gente!” – produção do prazer de ver e construção da pessoa fetal mediada pela ultra-sonografia: um estudo etnográfico em clínicas de imagem na cidade do Rio de Janeiro. Tese de doutorado em Saúde Coletiva, UERJ, 2005.

CONDÉ, Geraldo Garcez. A felicidade mediada: notas para um estudo do imaginário da felicidade na mídia. Trabalho apresentado na VII Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM), Porto Alegre, 2007.

DIAS, Acácia Batista. Parentalidade juvenil e relações familiares em Salvador, BA. Tese de Doutorado em Ciências Sociais, UERJ, 2005.

ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo, Perspectiva, 1979.

EDMONDS, Alexander. No universo da beleza: notas de campo sobre cirurgia plástica no Rio de Janeiro. In: GOLDENBERG, Mirian. (org.) Nu & vestido. Rio de Janeiro, Record, 2002, pp.189-261.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1990.

FEATHERSTONE, Mike. The body in consumer culture. In: FEATHERSTONE, Mike et alii. (orgs.) The body: social process and cultural theory.

Londres, Sage, 1991, pp.170-196.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis, Vozes, 1977.

__________. A História da sexualidade 1. Rio de Janeiro, Graal, 1997.

FRANKLIN, Sarah. Making sense of missed conceptions: anthropological perspectives on unexplained infertility. In: LAMPHPERE, Louise, RAGONÉ, Helena e ZAVELLA, Patricia. (orgs.) Situated lives: gender and culture in everyday life. Londres, Routledge, 1997, pp.99-109.

GIDDENS, Anthony. Modernity and self-identity. Oxford, Polity Press, 1991.

__________. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo, Editora da UNESP, 1993.

JUER, Ester. O mau humor da TPM: uma interpretação do feminino. Tese de Doutorado em Ciências Sociais, UERJ, 2007.

LOBIANCO, Anna Carolina. A psicologização do feto. In: FIGUEIRA, Sérvulo. (org.) Cultura da psicanálise. São Paulo, Brasiliense, 1985, pp.94-115.

LUNA, Naara. Provetas e clones: uma antropologia das novas tecnologias reprodutivas. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2007.

LUTZ, Catherine. Unnatural emotions. Chicago, University of Chicago Press, 1988.

__________. Engendered emotion: gender, power, and the rhetoric of emotional control in American discourse. In: LUTZ, Catherine e ABULUGHOD, Lila. (orgs.) Language and the politics of emotion.

Cambridge, Cambridge University Press, 1990, pp.69-91.

MARTIN, Emily. The fetus as intruder: mother’s bodies and medical metaphors. In: DAVIS-FLOYD, Robbie e DUMIT, Joseph. (orgs.) Cyborg babies: from techno-sex to techno-tots. Londres, Routledge, 1998, pp.125-142.

__________. A mulher no corpo: uma análise cultural da reprodução. Rio de Janeiro, Garamond, 2006.

MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia vol.II. São Paulo, EPU, 1974.

MELO, Mariana Leite de. Dois pesos e duas medidas: “ser gorda” e os vigilantes do peso. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais, UERJ, 2004.

MITCHELL, Lisa M. e GEORGES, Eugenia. Baby’s first picture: the cyborg fetus of ultrasound imaging. In: DAVIS-FLOYD, Robbie e DUMIT, Joseph. (orgs.) Cyborg babies: from techno-sex to techno-tots.

Londres, Routledge, 1998, pp.105-124.

ORTEGA, Francisco. Das utopias sociais às utopias corporais: identidades somáticas e marcas corporais. In: ALMEIDA, Maria Isabel Mendes e EUGÊNIO, Fernanda. (orgs.) Culturas jovens: novos mapas do afeto.

Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2006, pp.42-58.

ORTNER, Sherry. Está a mulher para o homem assim como a natureza para a cultura? In: ROSALDO, Michelle e LAMPHERE, Louise. (orgs.) A Mulher, a Cultura e a Sociedade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979, pp.95-120.

PAIM, Heloisa Helena Salvatti. Marcas no corpo: gravidez e maternidade em grupos populares. In: DUARTE, Luiz Fernando Dias e LEAL, Ondina Fachel. (orgs.) Doença, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 1998, pp.31-47.

RAGONÉ, Helena. Chasing the blood tie: surrogate mothers, adoptive mothers and fathers. In: LAMPHERE, Louise, RAGONÉ, Helena e ZAVELLA, Patricia. (orgs.) Situated lives: gender and culture in everyday life. Londres, Routledge, 1997, pp.110-127.

RAPP, Rayna. Refusing prenatal diagnosis: the uneven meanings of bioscience in a multicultural world. In: DAVIS-FLOYD, Robbie e DUMIT, Joseph. (orgs.) Cyborg babies: from techno-sex to techno-tots.

Londres, Routledge, 1998, pp.143-167.

REZENDE, Claudia Barcellos. Ansiedade e medo na experiência da gravidez.

Trabalho apresentado na VIII Reunion de Antropologia Del Mercosur (RAM), Buenos Aires, 2009.

ROHDEN, Fabíola. Histórias e tensões em torno da medicalização da reprodução. Gênero, vol. 6, nº1, Niterói-RJ, Editora da UFF, 2006, pp.213-224.

RÜDIGER, Francisco. Literatura de auto-ajuda e individualismo: contribuição ao estudo da subjetividade na cultura de massa contemporânea. Porto Alegre, Editora da UFRGS, 1996.

SALEM, Tânia. Manuais modernos de auto-ajuda: uma análise antropológica sobre a noção de pessoa e suas perturbações. Série Estudos em Saúde Coletiva, nº 7, Rio de Janeiro, IMS/UERJ, 1992, pp.1-37.

__________. O Casal grávido: disposições e dilemas da parceria igualitária. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2007.

SCAVONE, Lucila. Maternidade: transformações na família e nas relações de gênero. Interface, vol.5, nº 8, 2001, Botucatu, UNESP, pp.47-60.

SCHNEIDER, David. American kinship: a cultural account. 2ªed. Chicago, The University of Chicago Press, 1968.

SONTAG, Susan. A doença como metáfora. Rio de Janeiro, Graal, 1984.

STRATHERN, Marilyn. Necessidade de Pais, Necessidade de Mães.

Estudos Feministas, 3 (2), Florianópolis-SC, 1995, pp.303-329.

TORNQUIST, Carmem Susana. Parto e poder: o movimento pela humanização do parto no Brasil. Tese de Doutorado em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Cantarina, 2004.

VARGAS, Elaine e RUSSO, Jane. Desejo de filhos e ideal de maternidade – um estudo da maternidade e da gravidez na mídia. Trabalho apresentado na VI Reunião de Antropologia do Mercosul, Montevidéu, Uruguai, 2005.

Downloads

Não há dados estatísticos.