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Brazilian dancers: corpos exibíveis em um circo norte-americano
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Palavras-chave

Brasil. Corpo. Insterseccionalidade. Dança. Circo.

Como Citar

RANGEL, Everton. Brazilian dancers: corpos exibíveis em um circo norte-americano. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 52, p. 220–255, 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8652643. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Neste trabalho, analiso o processo de materialização de corpos que se dá no interior de um regime estético circense, cujo pilar é a celebração de diferenças. Em outras palavras, chamo atenção às normas de exibição, veiculadas por um dos maiores e mais tradicionais circos dos Estados Unidos, enquanto constitutivas de corpos nacionalizados para fins de comercialização. Exploro, por meio de uma abordagem interseccional, os discursos sobre o Brasil veiculados em catálogos publicitários vendidos durante quinze anos; delimito práticas de recrutamento levadas a cabo durante uma audição para bailarinos e bailarinas que aconteceu no Rio de Janeiro em 2013; e, por fim, descrevo agenciamentos individuais no sentido da fabricação de corpos belos e virtuosos, isto é, sujeitos que se identificam com as normas de exibição em questão. Argumento que se, por um lado, o exibível é o corpo enérgico brasileiro, por outro, o treino em modalidades técnicas de dança e a semelhança a ícones da indústria pop norte-americana são condições de produtividade determinantes. Vejo emergir assim um nexo entre a noção de energia brasileira como potência para excitabilidade de plateias e a constituição de uma força de trabalho eficaz porque criada em consonância a padrões estéticos e técnicos globalizados.
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