Resumo
Este artigo pretende analisar a participação feminina atual na luta curda pela independência e contra o fundamentalismo do Estado Islâmico, a fim de demonstrar como ela gerou uma mudança radical nas relações sociais entre os sexos. Essa questão principal foi abordada através da promoção de uma nova imagem da mulher e do seu papel social que não era mais só aquilo de mãe e esposa. Depois de uma breve visão geral sobre a complexa história de povo curdo e, consequentemente, do papel que as mulheres têm desempenhado dentro dela, tentei retomar a evolução teórica da desconstrução do gênero, com o objetivo de destacar a permeabilidade do conceito em relação ao contexto histórico e social. Além disso, tenho analisado a relação entre gênero e a constituição da ideia de nação, a partir do conceito de
genderification do nacionalismo. Por fim, considerando a especificidade das mulheres curdas como mulheres subjugadas, subalternas e sem nacionalidade reconhecida, é abordada uma
definição das interconexões teóricas entre gênero, raça, etnia e classe, a fim de contextualizar essa realidade peculiar.
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