Resumo
Este trabalho investiga como foi construído o sujeito do feminismo no jornalismo brasileiro. Os debates sobre sujeito são hoje uma das dimensões fundamentais da teoria política feminista. Neste paper, a análise empírica se concentra em 579 textos publicados no jornal Folha de São Paulo, entre os anos de 1921 e 2016. No primeiro momento (1921 a 1959), observamos que os enquadramentos sobre o sujeito se alternavam na construção da feminista desviante e da feminista aceitável. No segundo momento (1960 a 1989), o quadro da feminista desviante permanece junto de uma ideia mais forte da organização política, a feminista organizada. No terceiro momento (1990 a 2016), novamente, a manutenção do sujeito feminismo como desviante e uma nova ênfase na dimensão individual do ativismo.
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