Banner Portal
Interfaces e deslocamentos: feminismos, direitos, sexualidades e antropologia

Palavras-chave

Antropologia. Feminismo. Diversidade Sexual. Gênero. Direitos Humanos. Diversidade Cultural

Como Citar

MACHADO, Lia Zanotta. Interfaces e deslocamentos: feminismos, direitos, sexualidades e antropologia. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 42, p. 13–46, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8645114. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

Este artigo tem como objetivo identificar e analisar as diferentes questões e interfaces entre os estudos antropológicos sobre gênero e sexualidade e os movimentos sociais pelos direitos das mulheres e pelos direitos à diversidade sexual no Brasil. Entendo que esses estudos, especialmente nas últimas duas décadas, têm ampliado suas questões, no sentido da corporalidade, do self, da subjetividade, da agência, dos sentimentos e afetos. Sempre reforçando relações de gênero como diferentes posiçõesde poder e hierarquia, o conceito de gênero é entendido como tornando-se ou podendo tornar-se em outra forma, não mais identidades, mas identificações, propondo uma ruptura das dicotomias como a heterossexualidade e a homossexualidade, masculinidade e feminilidade. Esses estudos revelam os desafios políticos entre, de um lado, a luta pelos direitos humanos das mulheres e pela diversidade sexual e, de outro lado, a luta pela diversidade cultural, bem como os efeitos políticos da escolha de diferentes metodologias antropológicas.

Abstract

This article aims to identify and analyze different issues and interfaces between anthropological studies on gender and sexuality, and social movements for women’s rights and for rights for sexual diversity in Brazil. I argue that these studies, especially on the last two decades, have enlarged their issues, towards corporeality, self and subjectivity, agency, feelings and affects. Always reinforcing gender relations as different positions in power and hierarchy, the concept of gender is understood in the mode of becoming or becoming otherwise, no more identities, but identifications, proposing a rupture of dichotomies as heterosexuality and homosexuality, masculinity and femininity. These studies reveal the political challenges between the fight for human rights of women and sexual diversity and the fight for cultural diversity, as well as political effects from different choices of anthropological methodologies.

Key Words: Anthropology, Feminism, Sexual Diversity, Sexuality, Gender, Human Rights, Cultural Diversity.

Referências

ABU-LUGHOD, Lila e MAHMOOD, Saba. Gender, Islam and the West. Do Muslim Women want rights? February, 10, 2009. Disponível em: http://ies.berkeley.edu/ssrc/labulughodsmahmood.html. Acesso em: janeiro 2010, New York.

ALMEIDA, Heloisa Buarque de. Melodrama comercial: reflexões sobre a feminilização da telenovela. Cadernos Pagu (19), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2002, pp.171-194.

AN-NA’IM, Abdullahi (ed.). Human Rights in Cross- Cultural Perspective: A quest for consensus. Philadelphia, Univ. of Pennsylvania Press, 1991 ASAD, Talal. Anthropology and the Colonial encounter. Atlantic Highlands, Humanity Press, 1973.

ASAD, Talal. Modern Power and the Reconfiguration of Religious Traditions. Standford Electronic Humanities Review, vol. 5 (1), 1996.

Disponível em: http://www.stanford.edu/group/SHR/5- 1/text/asad.html.

BOURDIEU, Pierre. Esquisse d'une Théorie de la Pratique Précedé de Trois. Etudes d'Ethnologie Kabyle. Genebra, Droz, 1972.

BOURDIEU, Pierre. “La Domination Maculine”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, Paris, nº 84, 1990, pp.2-31.

BUTLER, Judith. Gender Trouble. Londres, Routledge,1990.

BUTLER, Judith. Undoing Gender. New York e Abington, Routledge, 2004.

CARDOSO de OLIVEIRA, Luís R. Direitos, Insulto e Cidadania. Existe violência sem agressão moral? Série Antropologia nº 371, Brasília, 2005.

CARRARA, Sérgio e SIMOES, Júlio Assis. Sexualidade, cultura e política: a trajetória da identidade homossexual masculina na antropologia brasileira. CadernosPagu (28), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 83332007000100005&lng=pt&nrm=iso>.

CAULFIELD, Suzan. Em Defesa da Honra. Campinas, Ed. UNICAMP, 2005.

CODE, Lorraine. Taking Subjectivity into Account. In: ALCOFF e POTTER (edit.). Feminist Epistemologies. Ed. Routledge, New York and London, 1993, pp.15-48.

DELEUZE, Gilles. Cinéma Cours 42 du 24.05.1983. Disponível em: http://www2.univ- paris8.fr/deleuze/article.php3?id_article=244.

FACCHINI, Regina. Sopa de letrinhas? Movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 90. Rio de Janeiro, Garamond, 2005.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. São Paulo, Ed. Graal, 2003.

FRY, Peter e MACRAE, Edward. O que é homossexualidade. São Paulo, Brasiliense, 1983.

GUIMARÃES, Kátia e MERCHÁN-HAMANN, Edgar. Comercializando fantasias: a representação social da prostituição, dilemas da profissão e a construção da cidadania. Revista Estudos Feministas, vol.13,nº 3, Florianópolis, UFSC, 2005, pp.507-525.

GROSSI, Miriam, MINELLA, Luzinete e MENDES, Juliana. Gênero e Violência. Pesquisas acadêmicas brasileiras (1975-2005). Ilha de Santa Catarina, Ed. Mulheres, 2006.

HARDING, Sandra. Whose science? Whose knowledge? Ithaca, NY, Cornell University Press, 1991.

HARDING, Sandra. Rethinking feminist standpoint epistemology: What is "strong objectivity"? In: ALCOFF, L. & POTTTF, E. (eds.). Feminist epistemologies. NewYork, Routledge, 1993, pp.49-82.

HARDING, Sandra. Introduction: Standpoint theory as a site of political, philosophic, and scientific debate. In: HARDING, Sandra (ed.). The feminist standpoint theory reader: Intellectual a d political controversies. New York, Routledge, 2004, pp.I-IS.

HEILBORN, Maria Luiza. Ser ou estar homossexual: dilemas de construção de identidade social. In: PARKER, Richard e BARBOSA, Regina Maria (orgs.). Sexualidades brasileiras. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 1996, pp.136-145.

MACCORMACK, Carol e STRATHERN, Marylin (ed.). Nature, Culture and Gender. Cambridge, Cambridge University Press,1980.

MACHADO, Lia Zanotta. Campo Intelectual e Feminismo, Série Antropologia nº 170, Brasília, UnB, 1994.

MACHADO, Lia Zanotta. Estudos de gênero: Para além do Jogo entre Intelectuais e Feministas. In: SCHPUN, Mônica (org.). Gênero sem Fronteiras. Florianópolis, Editora das Mulheres, 1997, pp.35-78.

MACHADO, Lia Zanotta. Gênero, um novo paradigma? Cadernos Pagu (11), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, Unicamp, 1998, pp.107-125.

MACHADO, Lia Zanotta. Onde não há igualdade. In: MORAES, Aparecida; SORJ, Bila (org.). Gênero, violência e direitos na sociedade brasileira.

Rio de Janeiro, Editora 7 Letras, 2009a, vol. 1, pp.158-183.

MACHADO, Lia Zanotta. Políticas Sociais, Diversidade Cultural e Igualdade de Gênero. In: SILVA, C.; LIMA, A.C.; BAINES, S (org.).

Problemáticas Sociais para Sociedades Plurais - Políticas indigenistas, sociais e de desenvolvimento em perspectiva comparada. São Paulo, Annablume, vol. 1, 2009b, pp.109-128,.

MACHADO, Lia Zanotta. Feminismo em Movimento. São Paulo, Editora Francis, 2010.

MAHMOOD, Saba. Politics of Piety: the islamic revival and the feminist subject. Princeton e Oxford, Princeton University Press, 2005.

MACRAE, Edward. A construção da igualdade. Identidade sexual e política no Brasil da “abertura”. Campinas, Ed. da Unicamp, 1990.

MOORE, Henrietta. The Subject of Anthropology: gender, symbolism and psychoanalysis. Cambridge e Malden, Polity Press, 2007.

PIMENTEL, Silvia, PANDJIARJIAN, Valéria e BELLOQUE, Juliana. Legítima Defesa da Honra. Ilegítima impunidade de assassinos. São Paulo, CLADEM, 2004.

PISCITELLI, Adriana. Trânsitos: Brasileiras nos mercados transnacionais do sexo. Rio de Janeiro, CLAM/EdUerj, 2013.

RIBEIRO, Gustavo. World Anthropologies Cosmopolitics for a new global scenario in Anthropology. Série Antropologia nº 377,Brasília, 2005.

RIBEIRO, Gustavo. Cultural Diversity as a Global Discourse. Série Antropologia nº 412, Brasília, 2007.

SEGATO, Rita Laura. Antropología y derechos humanos: alteridad y ética en el movimiento de los derechos universales. Série Antropologia, nº 356, Brasília, 2004.

SIMIÃO, Daniel Schroeter. As Donas da Palavra. Gênero, Justiça e a Invenção da Violência Doméstica em Timor Leste. Tese de Doutorado em Antropologia, Brasília, UnB, 2005.

SPIVAK, Gayatri. Afterword. In: MAHASWETA, Devi. Imaginary Maps. New York and London, Routledge, 1995, pp.197-205.

STRATHERN, Marilyn. The Gender of the Gift. Berkeley, University of California Press, 1988.

VALE DE ALMEIDA, Miguel. Antropologia e Sexualidade. Consensos e Conflitos Teóricos em Perspectiva Histórica. In: FONSECA, SOARES e VAZ (org.). A Sexologia, Perspectiva Multidisciplinar. Coimbra, Quarteto, vol. II, 2003, pp.53-72. Disponível em: <https://www.yumpu.com/pt/document/view/12040570/antropologiae-sexualidade-miguel-vale-de-almeidapdf>.

VIANNA, A. e LACERDA, P. Direitos e Políticas Sexuais no Brasil. O panorama atual. Rio, CEPESC, 2004.

WILSON, Richard. Human Rights, Culture and Context. Anthropological perspectives. London, Chicago Press,1997.

Downloads

Não há dados estatísticos.