Banner Portal
Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores
Remoto

Palavras-chave

Empregadas Domésticas. Famílias de Camadas Médias. Reprodução Estratificada. Didática da Distância Social

Como Citar

BRITES, Jurema. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 29, p. 91–109, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8644819. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Na realização das tarefas de cuidado e manutenção das famílias de camadas médias no Brasil – desempenhada, na esmagadora maioria das vezes, por mulheres pobres, fora da parentela dos empregadores – assim como nas formas de remuneração e de relacionamento que se desenvolvem entre patrões e empregadas domésticas, reproduz-se um sistema altamente estratificado de gênero, classe e cor. A manutenção desse sistema hierárquico que o serviço doméstico desvela tem sido reforçada, em particular, por uma ambigüidade afetiva entre os empregadores – sobretudo as mulheres e as crianças – e as trabalhadoras domésticas. Ao analisar exemplos tirados de uma pesquisa etnográfica em Vitória (Espírito Santo), comentaremos como essa ambigüidade se revela como instrumento fundamental de uma didática da distância social.

Abstract

In the execution of domestic tasks linked to the care and maintenance of middle-class families in Brazil – an activity performed, in most cases, by lower-income women who are not otherwise related to the employers – as well as in the forms of remuneration and relationships that develop between employers and maids, we witness the reproduction of a highly stratified system of gender, class, and color. The maintenance of the hierarchical system revealed by domestic service has been reinforced, in particular, by emotional ambiguities in the relationship between employers – especially women and children – and the domestic workers. By analyzing examples drawn from our ethnographic study in Vitória (Espírito Santo), we will comment on how this ambiguity emerges as a fundamental instrument in the didactics of social distance

Key Words: Domestic Maids, Middle-class Families, Stratified Reproduction, Didactics of Social Distance

Remoto

Referências

ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2ªed. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.

AZERÊDO, Sandra Maria da Mata. Relações entre empregadas e patroas: reflexões sobre o feminismo em países multirraciais. In: COSTA, A. e BRUSCHINI, C. (orgs.) Rebeldia e Submissão. Estudo sobre a condição feminina. São Paulo, Vértice, 1989, pp.195-220.

BARCELLOS, Dayse. Família e Ascensão de Negros em Porto Alegre.

Programa de Pós-Graduação em Antropologia – Doutorado – Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1996.

BOURDIEU, Pierre. Stratégies de Reproduction et Modes de Domination.

Actes de la Recherche en Science Sociales, nº 105, 1994, pp.3-12.

BRITES, Jurema. Afeto, Desigualdade e Rebeldia: bastidores do serviço doméstico. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, UFRGS, Porto Alegre, 2001.

COLEN, Shellee. Like a mother to them: stratified reproduction and West Indian Childcare workers and employers in New York. In: GINSBURG, F. e RAPP, R. Conceiving the new world order: the global politics at reproduction. Berkley, University California Press, 1995, pp.78-102.

DA MATTA, Roberto. A Casa e a Rua. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1987.

DI LEONARDI, Micaela. The female world of cards and holidays: women, families, and the work of kinship. In: THORNE, N. e YALOM, M.

(coord.) Rethinking the family: some feminist questions. Boston, Northeastern University Press, 1992, pp.246-261.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Vol. 2. Rio de Janeiro, Zahar, 1990.

FREIRE COSTA, Jurandir. Ordem Médica e Norma Familiar. 3ªed. Rio de Janeiro, Graal, 1983.

Freyre, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Rio de Janeiro, Ed. José Olimpio, 1989.

GOLDSTEIN, Donna. The Aesthtics of Domination: Class, Culture, and the Lives of Domestic Workers. In: Laughter out of place: Race, Class and Sexuality in a Rio Shanytown. Berkeley, University of California Press, 2003.

GROSSI, Miriam e MIGUEL, Sônia M. A trajetória do conceito de gênero nos estudos sobre a mulher no Brasil – reflexões iniciais. Reunião Brasileira de Antropologia, mimeo., 1990.

HEILBORN, Maria Luiza. Visão de Mundo e Ethos de Camadas Médias Suburbanas. Comunicação apresentada na VII Reunião da ANPOCS, 1983.

KOFES, Maria Suely. Mulher, Mulheres – Identidade, diferença e desigualdade na relação entre patroas e empregadas. Campinas-SP, Ed. Unicamp, 2001.

MARTIN-FUGIER, Anne. La Place des Bonnes. La domesticité feminine en 1900. Paris, Édition Grasset & Fasquelle, 1979.

MERNISSI, Fatima. Sonhos de Transgressão: minha vida de menina num harém. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

PERROT, Michelle. Os Excluídos da História: Operários, Mulheres, Prisioneiros. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988.

ROLLINS, Judith. Entre Femmes: les domestique et leur patronnes. Actes de la Recherche, nº 84, 1990, pp.63-77.

ROSALDO, Michelle. O uso e o abuso da Antropologia: reflexões sobre o feminismo e o entendimento intercultural. Horizontes Antropológicos, vol. 1, nº 1, 1995, pp.11-36.

SALEM, Tânia. O casal grávido: disposições e dilemas de parceria igualitária. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2007.

___________. Família em Camadas Médias: uma perspectiva antropológica. BIB, n° 21, Rio de Janeiro, ANPOCS, 1986.

___________. O velho e o novo: um estudo de papéis e conflitos familiares. Petrópolis, Vozes, 1980.

SCOTT, James. Domination and the arts of resistence: hidden transcripts.

New Haven, Yale University Press, 1990.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, vol. 20, nº 2, Porto Alegre, Faculdade de Educação/ UFRGS, jul./dez. 1995, pp.71-100.

VELHO, Gilberto. Subjetividade e sociedade: uma experiência de geração.

Rio de Janeiro, Zahar, 1989.

Downloads

Não há dados estatísticos.