Banner Portal
Mulheres e suas casas: reflexões etnográficas a partir do Brasil e da África do Sul
Remoto

Palavras-chave

Gênero. Política. Moradia. Brasil. África do Sul

Como Citar

BORGES, Antonádia. Mulheres e suas casas: reflexões etnográficas a partir do Brasil e da África do Sul. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 40, p. 197–227, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8645076. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

A partir de duas experiências etnográficas, uma no Brasil e outra na África do Sul, abordo neste artigo a relação imaginativa que as mulheres engendram com suas moradias, concebidas a partir de um ideário modernista de urbanismo. Com os investimentos teóricos e metodológicos dessas mulheres, o que era habitação se torna a casa, na medida em que elas mesmas engendram a habilidade de receber, de se tornarem anfitriãs. As cruciais lições aprendidas com essas mulheres, suas casas, seus métodos e teorias nos ajudam a desafiar cisões ainda perenes na antropologia como aquelas entre público e privado e entre sujeito e objeto.

Abstract

The present article raises epistemological questions upon two different ethnographic experiences, in Brazil and in South Africa. Both research experiences are focused on women who develop along with their homes an imaginative relationship, challenging modernist perspectives on how to inhabit this world. Our main concern here is to animate further thoughts on how we as anthropologists could learn from our hosts’ methods and theories.

Keywords: Gender, Housing Policies, Home, Brazil, South Africa.

Remoto

Referências

AGUIAR, Neuma. Patriarcado, sociedade e patrimonialismo. Sociedade e Estado 15(2), Brasília-DF, 2000, pp.303-330.

AHLERT, Martina. A cidade relicário: tempo, feitiços e festejos em Codó/MA. Projeto de doutorado, Antropologia, Universidade de Brasília, 2011.

AZEVEDO, Aina Guimarães. Três lugares para viver e um para morrer – o sentido das casas na África do Sul. Projeto de doutorado, Antropologia, Universidade de Brasília, 2009.

BÄHRE, Erik. Money and Violence: Financial self-help groups in a South African township. Leiden, Brill, 2007.

BOLTANSKI, Luc e THÉVENOT, Laurent. De la justification. Les economies de la grandeur. Paris, Gallimard, 1991.

BORGES, Antonádia. A cada passo: um estudo de redes e faccionalismo em um assentamento de atingidos por barragem. Dissertação de Mestrado, Antropologia, UFRGS, 1999.

__________. Tempo de Brasília: etnografando lugares-eventos da política.

Relume Dumará, Rio de Janeiro, 2004a.

__________. Depois de Bourdieu: abordagens sociológicas contemporâneas acerca das classes populares. Antropolítica (17), Niterói/Brasil, UFF, 2004b, pp.191-212.

__________. O emprego na política e suas implicações teóricas para uma antropologia da política. Anuário Antropológico, Brasília, Universidade de Brasília, 2005, pp.91-125.

__________. Anthropology and Social Experts: Agency, Creativity and the refusal to established Categories. Occasional Paper New Series, 1/2009, New Delhi, Department of Sociology, Delhi School of Economics, Delhi University, 2009a.

__________. Explorando a noção de etnografia popular: comparações e transformações a partir dos casos das cidades-satélites brasileiras e das townships sul-africanas. Cuadernos de Antropología Social (29), Buenos Aires, Argentina, 2009b, pp.23-42.

__________. Women, Political Agency and the Creation of a Public Domain. Comunicação apresentada na Gender Justice and Body Politics Conference, Environmental and Geographical Science Building (EGS), University of Cape Town. 2009c. mimeo.

__________. Antropologia em Segredo: considerações tardias sobre um estudo etnográfico em um reassentamento de atingidos por barragem.

In: CHAGAS, Miriam e MÜLLER, Cinthia. (eds.) Dinâmicas de Cidadania: abordagens etnográficas sobre a diversidade. Porto Alegre, Edufrgs, 2010a, pp.165-195.

__________. Uma propriedade, diversas propriedades: etnografia, comparação e a distribuição de benefícios públicos no Brasil e na África do Sul. In: SIGAUD, Lygia et al. (orgs.). Brasil em Perspectiva.

Rio de Janeiro, 7 Letras, 2010b.

BOURDIEU, Pierre. Célibat et condition paysanne. Études Rurales (5/6), 1962, pp.32-135.

__________. La maison kabyle ou le monde renversé. In: POUILLON, Jean e MARANDA, Pierre. (eds.) Échanges et communications: mélanges offerts à Claude Lévi-Strauss.Paris, Mouton, 1972, pp.739-758.

__________. Le bal des célibataires. Crise de la société paysanne en Béarn. Paris, Le Seuil, 2002.

CARSTEN, Janet e HUGH-JONES, Stephen. About the House: Lévi-Strauss and Beyond. Cambridge, Cambridge University Press, 1995.

CEJAS, Mónica. Memoria, Verdad, Nación y Ciudadanía: algunas reflexiones sobre la comisión de la verdad y la reconciliación en Sudáfrica. Liminar. Estudios Sociales y Humanísticos 5(1), 2007, pp.24-34.

DAS, Veena. Life and Words. Violence and the Descent into the Ordinary.

Berkeley, University of California Press, 2006.

DAS, Veena e POOLE, Deborah. (eds.) Anthropology in the Margins of the State. Santa Fe, School of American Research Press, 2004.

DEBERT, Guita Grin e GREGORI, Maria Filomena. Violência e gênero: novas propostas, velhos dilemas. Revista Brasileira de Ciências Sociais 23(66), 2008, pp.165-185.

FABIAN, Johannes. Time and the Other. How anthropology makes its object. New York, Columbia University Press, 1983.

FERGUSON, James. The Anti-Politics Machine. “Development”, Depoliticization and Bureaucratic Power in Lesotho. Minneapolis, University of Minnesota Press, 1994.

__________. Global Shadows. Africa in the neoliberal world order.

Londres, Duke University Press, 2006.

__________. Formalities of Poverty: Thinking about Social Assistance in Neoliberal South Africa. African Studies Review 50(2), 2007, pp.71-86.

FERNANDES, Heliza Cristina Cavalcanti. O negócio é correr atrás: associações comunitárias e engajamentos políticos no Recanto das Emas. Dissertação de Graduação, Antropologia, Universidade de Brasília, 2009.

GARFINKEL, Harold. Studies in Ethnomethodology. Englewood Cliffs, New Jersey, Prentice-Hall, 1967.

GASA, Nomboniso. (ed.) Women in South African History.

Basus‘iimbokodo, Bawel‘imilambo. They remove boulders and cross rivers. Cape Town, HRSC, 2007.

HARAWAY, Donna. Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective. Feminist Studies 17(3), 1988, pp.575-599.

HARRISON, Philip, HUCHZERMEYER, Marie & MAYEKISO, Mzwanele. (eds.) Confronting fragmentation: housing and urban development in a democratising society. Cape Town, University of Cape Town Press, 2003.

HART, Gillian. Disabling Globalization: Places of Power in Post-Apartheid South Africa. Berkeley, University of California Press, 2002.

HASSIM, Shireen. Women’s Organizations and Democracy in South Africa: Contesting Authority. Durban, University of Kwazulu-Natal Press, 2006.

HERZFELD, Michael. The Body Impolitic. Artisans and Artifice in the Global Hierarchy of Value. Chicago, Chicago University Press, 2003.

HOLSTON, James. A cidade modernista. Uma crítica de Brasília e sua utopia. São Paulo, Companhia das Letras, 1993.

HUCHZERMEYER, Marie. Unlawful Occupation: informal settlements and urban policy in South Africa and Brazil. Trenton/NJ, Africa World Press/The Red Sea Press, 2004.

JENKIS, Timothy. The Life of Property: House, Family and Inheritance in Béarn, South-West France. New York, Berghahn, 2010.

KROG, Antjie, MPOLWENI, Nosisi e RATELE, Kopano. There was this goat.

Investigating the Truth Commission Testimony of Notrose Nobomvu Konile. Durban, University of Kwazulu-Natal Press, 2009.

LATOUR, Bruno. Politiques de la nature. Comment faire entrer les sciences en démocratie? Paris, La Découverte, 1999.

LATOUR, Bruno. Une sociologie sans objet? Remarques sur l’interobjectivité. In: DEBARY, Octave e TURGEON, Laurier. (dir.) Objets & Mémoires. Paris, Éditions de la Maison des Sciences de l’Homme/ Québec, Presses de l’Université Laval, 2007.

LAW, John e HASSARD, John. (orgs.) Actor Network Theory and After.

Oxford, Blackwell, 1999.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Histoire et ethnologie. Annales. Économies, Sociétés, Civilisations 38(6), 1983, pp.1217-1231.

MABIN, Alan. Comprehensive Segregation: The Origins of the Group Areas Act and its Planning Apparatuses. Journal of Southern African Studies 18 (2), 1992, pp.405-429.

NADER, Laura. Ethnography as theory. HAU: Journal of Ethnographic Theory 1 (1), 201, pp.211–219.

NDEBELE, Njabulo. The Cry of Winnie Mandela. Oxfordshire/OX, Ayebia Clarke, 2003.

__________. Democracy Compromised: Chiefs and the Politics of Land in South Africa. Cape Town, HSRC Press, 2006.

__________ e HALL, Ruth. The Land Question in South Africa: The Challenge of Transformation and Redistribution. Cape Town, HRSC, 2007.

OLDFIELD, Sophie e STOKKE, Kristian. Building Unity in Diversity: Social Movement Activism in the Western Cape Anti-Eviction Campaign. In: HABIB, A. et alii. (eds.) Globalisation, Marginalisation and New Social Movements. Durban, University of Kwazulu-Natal Press, 2006, pp.25-49.

OOMEN, Barbara. Chiefs in South Africa: Law, Power & Culture in the Post-Apartheid Era. Hampshire, Palgrave Macmillan, 2005.

PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método, 2012. mimeo.

POSEL, Deborah. Marriage at the Drop of a Hat: Housing and Partnership in South Africa's Urban African Townships, 1920s-1960s. History Workshop Journal 61 (1), 2006, pp.57-76.

PEIRCE, Charles S. The doctrine of chances. In HOUSER, N. e KLOESEL, C.

(eds.), The essential Peirce volume 1. Bloomington, Indiana University Press,1992, pp.142-154. [1878].

Downloads

Não há dados estatísticos.