Resumen
O artigo analisa a figura da “novinha” enquanto categoria articuladora de idade e comportamento, na interface com outros marcadores sociais da diferença, tais como gênero, território, raça e sexualidade. A partir de etnografia realizada em duas favelas do Rio de Janeiro, discuto as tensões que pesam sobre as “novinhas”: o uso das roupas curtas, a “afronta”, o “medo de engravidar”, as acusações sobre usurpação de relações afetivas e a provocação de homens mais velhos. Ao final, apresento de que maneira a relação entre performance e enquadramento evidencia um campo de tensões mais amplo relativo à sexualidade feminina que atualiza um imaginário racializado e colonial acerca de meninas negras e moradoras de favela.
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